O chamado Cage-Free, é o sistema de produção de de galinhas livres de gaiola, e ele traz uma grande oportunidade para o país na exportação de ovos!
O bem-estar animal tem conquistado espaço na produção animal. Na avicultura, o sistema intensivo de produção de ovos com aves alojadas em gaiolas tem sido alvo de críticas, abrindo debate e caminho para a expansão de sistemas de produção de aves livres de gaiola.
Em 11 de novembro, o GPA (companhia de distribuição brasileira que envolve grandes redes de supermercados) anunciou que irá comercializar ovos somente com fornecedores que utilizarem o sistema livre de gaiola (cage-free) no Brasil, cumprindo essa transição até 2028.
Além do nicho crescente de mercado, os consumidores têm se mostrado a favor de produtos que consideram o bem-estar dos animais e grandes redes de fast food também aderiram a essa nova tendência, prometendo usar somente ovos produzidos a partir desse sistema a partir de 2025.
Mas como anda o cenário de produção de ovos no Brasil? A adequação ao sistema de galinhas livres poderia significar uma nova oportunidade para o aumento das exportações de ovos brasileiros?
Produção, demanda interna e exportação de ovos no Brasil
Baseado na demanda de ovos do mercado interno, através do consumo médio per capita e estimativa da população no Brasil, observamos uma similaridade muito grande entre a produção e a demanda interna, não sendo esperado um volume expressivo para exportação.
Um outro ponto importante a ser levantado é o crescente consumo per capita que tem sido acompanhado pelo aumento de produção.
Tabela 1. Comparação entre a demanda de ovos para o mercado interno e a produção no Brasil de 2016 a 2020.
Apesar de ser o quinto produtor mundial, o Brasil apresenta um baixo volume voltado para a exportação, cuja variação foi de 6 a 11 toneladas nos últimos anos. Atualmente, a exportação é para a América do Sul, África e Oriente Médio.
Tabela 2. Exportação e faturamento de ovos e derivados no período de 2016 a 2020.
Uma adequação para esse “novo” sistema de produção poderia abrir oportunidades às exportações brasileiras. No entanto, observamos uma queda desde 2018 no volume das exportações e faturamento de ovos e seus derivados.
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Considerando o período de janeiro a outubro de 2018 e 2019, em relação ao ano de 2020, houve uma queda de 62% e 52% nas exportações de ovos e derivados, respectivamente.
As exportações brasileiras não ultrapassaram 0,5% da produção, levando em conta os últimos 5 anos.
Consideração final
Apesar da forte tendência mundial de valorização do bem-estar animal, a adequação ao sistema cage-free para a produção de ovos no Brasil não deve ser vista como uma oportunidade para um aumento expressivo para as exportações para os próximos anos, visto que a produção de ovos é retida, quase que em sua totalidade, no mercado interno.
Fonte: Scot Consultoria