Procura por alternativas mais competitivas para a ração animal e cultivares mais produtivas no campo devem elevar colheita em 27% no ciclo 21/22.
O aumento na demanda e a adoção de cultivares mais produtivas no campo devem levar o Brasil a colher mais de um milhão de toneladas de aveia. O relatório de safra de grãos mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado ainda em outubro, estimou uma colheita de 1,088 milhão de toneladas referente à safra 2021/2022, um aumento de 27,7% em relação à anterior (852,6 mil toneladas).
A área plantada é 5,4% maior, segundo a Conab, de 425,7 mil para 448,8 mil hectares de uma safra para outra. O cereal é a segunda cultura de inverno mais mais plantada no Brasil, entre as analisadas no acompanhamento mensal, atrás apenas do trigo. A Companha deve atualizar suas estimativas na próxima quinta-feira (11/11).
A produção de aveia é amplamente dominada pelo Sul do Brasil. Paraná e Rio Grande do Sul juntos devem produzir 1,034 milhão de toneladas do grão. Outras 54,1 mil toneladas têm origem em campos de Mato Grosso do Sul, conforme as estimativas da Companhia.
“Para o Rio Grande do Sul aumentar a área plantada em 30 mil hectares de 2020 pra cá, foi porque o mercado ficou aquecido”, afirma o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, destacando que o principal destino da aveia branca é a alimentação de cavalos.
Os preços médios pagos ao produtor pela indústria ao produtor estão entre R$ 1,1 mil e R$ 1,2 mil a tonelada, menciona Thomaz Setti, diretor da SL Alimentos. Segundo ele, o que mais tem puxado o mercado e estimulado o plantio é o uso da aveia na ração de criações de animais para corte. Principalmente por causa das altas de milho e trigo, com o qual os valores de aveia são, geralmente, pareados. “A aveia ficou mais barata que o trigo e ajudou o pecuarista a reduzir custos”, explica.
Em atividade desde 1988, a SL Alimentos fornece ingredientes e produtos finais baseados em cereais de inverno. Tem três unidades, em São Paulo e no Paraná. Beneficia 120 mil toneladas de aveia por ano, crescendo num ritmo anual de 6% a 10% do faturamento, segundo Setti. “Houve uma explosão no consumo de massas e biscoitos”, pontua o empresário, destacando também a maior demanda da indústria de alimentos. “A produção de aveia vem aumentando ao longo dos anos”, observa.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Luiz Federizzi, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destaca que houve um aumento do número de empresas que passaram a processar o grão. Inclusive, companhias dede menor porte, que produzem, segundo ele, um aveia de excelência.
Especialista em melhoramento genético, ele diz que, além da demanda maior, as cultivares passaram por uma evolução. “Houve aumento da demanda e as cultivares foram evoluindo: o casamento perfeito. Hoje, o Brasil praticamente não importa aveia e já está começando a exportar — é um pouco diferente do trigo”, analisa.
Segundo Federizzi, há quatro cultivares principais: corona, brava, taura e sativa. “Licenciamos cultivares para os EUA, Índia e outros países”, pontua o melhorista genético. “A característica mais interessante das novas variedades é a qualidade”, acrescenta.
O mercado de sementes de aveia movimenta R$ 28 milhões por ano, com uma média de 11 mil toneladas por safra, de acordo com a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apasul). O diretor da entidade, Jean Cirino, observa que 65% das sementes são próprias para cultivar forrageira, destinada aos cavalos.
A produtividade das plantas, de modo geral, fica em torno de 3 toneladas por hectare. “Estamos colhendo a safra agora”, conta Cirino — cultura de inverno, a aveia é apropriada para terceiras safras, até. “Na safra passada, a demanda cresceu para o consumo humano e de cavalos. Agora, existe uma especulação para que os preços aumentem”, ele diz.
Fonte: Globo Rural