Uma das razões essenciais para o aumento do confinamento de gado no Brasil é a diminuição dos preços do milho e farelo de soja, elementos-chave na produção de ração animal.
Segundo dados preliminares divulgados nesta terça-feira (4/6) pela empresa de nutrição animal DSM-Firmenich, os pecuaristas brasileiros planejam aumentar em 2,5% o número de cabeças de gado destinadas ao confinamento em 2024, totalizando 7,379 milhões de bovinos, em comparação ao ano anterior.
De acordo com Walter Patrizi, gerente técnico de confinamento para a América Latina da DSM-Firmenich, esse aumento reflete as tendências de confinamento no país, já que os envios de gado para terminação intensiva já começaram no mês passado. Ele ressaltou durante uma videoconferência com jornalistas que, embora seja necessário esperar até o final do ano para confirmar esse número, é altamente provável que seja alcançado um recorde nesse aspecto.
Uma das razões essenciais para o aumento do confinamento é a diminuição dos preços do milho e farelo de soja, elementos-chave na produção de ração animal. Além disso, a condição das pastagens é outro fator determinante, pois perdem vigor em climas mais frios e secos.
De acordo com Patrizi, houve uma significativa redução nos custos desde o ano anterior. Apesar de ainda enfrentarmos preços baixos no mercado de carne, a deterioração das pastagens nos últimos anos, especialmente durante períodos de seca, tem levado à necessidade de confinamento.
Os cinco estados com maior número de bovinos confinados este ano devem ser: Mato Grosso, com 1.571.870 animais (representando 21% do total); São Paulo, com 1.227.965 animais (17%); Goiás, com 1.199.700 animais (16%); Minas Gerais, com 840.870 animais (11%); e Mato Grosso do Sul, com 811.265 animais (11%).
Segundo Patrizi, Mato Grosso está liderando o crescimento no setor de confinamento, porém, ele não especificou os números desse aumento.
João Luiz Ribeiro Pacheco, especialista em dados da empresa, ressaltou que, embora o número de fêmeas enviadas para o confinamento ainda seja menor que o de machos, essa discrepância está diminuindo desde 2022, indicando uma mudança no ciclo pecuário.
Atualmente, os pecuaristas estão optando por abater mais fêmeas, o que mantém a oferta de carne em níveis elevados. No entanto, essa prática resultará em uma redução na oferta de bezerros nos próximos anos.
Com base nos dados da ferramenta de inteligência FarmTell, Pacheco também observou que o percentual de fêmeas confinadas era de 6% até 2021, aumentou para 14% em 2022 e alcançou 16% em 2023.
Produtividade
Segundo dados do Tour de Confinamento realizado em 2023 pela DSM-Firmenich em parceria com o Cepea, os bovinos apresentaram um ganho médio de 7,95 arrobas em 103 dias durante o período de terminação intensiva. Os animais entraram no processo com uma média de peso vivo inicial de 13,6 arrobas e saíram com 21,55 arrobas.
Do ponto de vista financeiro, o retorno sobre o investimento (ROI) ao adotar o confinamento foi de 6,69%, superando a média do mercado para os produtores no período, conforme destacado pela empresa.
O pesquisador do Cepea, Thiago Carvalho, observou que o ano anterior foi caracterizado por uma queda acentuada nos preços da arroba bovina e enfatizou que, em anos em que os preços não são atrativos, a produtividade é fundamental para garantir o lucro.
Para Carvalho, a expectativa para 2024 é que o foco na produtividade continue. Ele mencionou que, embora o aumento do confinamento seja influenciado pelo menor custo do milho e do boi magro, os pecuaristas já estão adotando medidas para garantir preços futuros do boi gordo.
Segundo o especialista, antes, a decisão de confinar era baseada principalmente na expectativa de receita futura, mas agora há também a consideração da escassez de pastagens durante a seca e o avanço tecnológico na pecuária. “O processo se tornou mais profissional, permitindo a intensificação ao longo de todo o ano”, concluiu.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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