Boa relação com as autoridades do país asiático para retomar a agenda pré-pandemia e conquistar novas habilitações daqui para a frente é pressionada pelo MAPA.
A demora de 103 dias para a reabertura do mercado chinês para a carne bovina brasileira não foi culpa de falhas técnicas ou de comunicação, segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela confia na boa relação com as autoridades do país asiático para retomar a agenda pré-pandemia e conquistar novas habilitações daqui para a frente.
“Foram dois casos [atípicos do mal da “vaca louca”] ao mesmo tempo. Eles quiseram checar o sistema e rechaçar. E tiveram as conveniências e estratégias que é de cada país”, afirmou ela ao Valor. O retorno à normalidade do comércio gera alívio aos pecuaristas e novas oportunidades ao Brasil, disse ela.
“O sistema brasileiro de inspeção foi validado pelo principal parceiro. Mostramos para os outros países que o Brasil está fazendo o dever de casa”, disse.
Passada a turbulência do embargo, a ministra quer retomar temas que ficaram parados nas tratativas com a China desde o início da pandemia. Ela vê espaço para novas habilitações de plantas brasileiras e espera resultados em 2022. Ao menos 12 abatedouros aguardam o aval de Pequim. Houve recuo nas tarifas de importação de pescado brasileiro.
“A relação continua como sempre esteve. A gente trata a China como parceiro importantíssimo pelos volumes que eles precisam e o Brasil tem”, disse. A preocupação da ministra se concentra agora no abastecimento de insumos para a próxima safra. Apesar de alarmismos, Tereza Cristina confia nos “volumes substanciais” de fertilizantes importados antecipadamente pelos produtores mais capitalizados no país e não vê potencial para essa crise gerar efeitos nas próximas colheitas.
“Existe uma preocupação, mas não é um assunto que fará com que não tenhamos bons resultados”, avaliou. O alerta está no custo de produção, movimento global, segundo ela, agravado pelo câmbio no Brasil. “O produtor vai ter que fazer muita conta”.
“Bolha verde”
A ministra acredita em uma “bolha verde” no planeta gerada pela antecipação no cumprimento de exigências ambientais, o que impactou na oferta de várias cadeias de suprimento, desde insumos agrícolas até pneus, baterias e chips. “Algumas coisas estão acontecendo no mundo pós-pandemia e pós-mudanças climáticas talvez foram feitas de maneira mais rápida e causou essa escassez. Isso gera custo e aumento de preço por um tempo de ajuste”.
A ministra admitiu que “não há muita coisa a fazer” na relação com Belarus, que produz 20% do potássio usado nas lavouras do Brasil e sofre com sanções econômicas para exportar. Tereza Cristina recorreu ao representante regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) na América Latina e Caribe, Julio Berdegué, para intervir a favor dos importadores de fertilizantes.
Ela espera bom senso dos Estados Unidos e União Europeia para que flexibilizem as sanções. “A FAO tem que nos ajudar. Em um momento de retomada, em que mundo precisa de alimentos, ter restrição em cima de fertilizantes para produzir comida é um contrassenso”, destacou.
A “tranquilidade” no assunto, disse, vem das novidades sobre a oferta de glifosato, herbicida mais utilizado no país. “Era a nossa maior e parece estar sanada”.
A ministra pediu à Embrapa para priorizar estudos sobre a possibilidade de usar menos fertilizantes e alcançar a mesma eficiência, com manejo para ativar o potássio e o fósforo que estão retidos no solo ao longo dos anos.
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Diante das reclamações de produtores sobre quebras de contratos e cancelamentos de pedidos de insumos pelas empresas para reprecificação, a ministra “foi pra cima” da indústria e ouviu que é preciso ter provas. “Eles querem que mostrem os contratos que não foram honrados, pois a política não é essa”.
Os últimos dias do ano ainda podem reservar boas notícias para o seguro rural. A Junta de Execução Orçamentária (JEO) aprovou mais R$ 100 milhões para a subvenção. Hoje, o Congresso pode aprovar reforço de mais R$ 80 milhões.
Com informações do Valor.