Preços internos do milho registram queda

Esse ano, o índice de lavouras de 2ª safra plantadas fora da janela ideal foi maior. Apesar disso, a expectativa para a  safra continua muito positiva.

Após a queda mensal registrada em março, em abril os preços em Chicago apresentaram correção. A média de abril na CBOT fechou em USD 6,54/bu, 2,7% acima do mês anterior, ainda de olho na frustração da safra argentina e no balanço de oferta e demanda da safra 2022/23 apertado. Já o mês de maio foi de queda nos preços internacionais, com recuo de 6,9% sobre abril, para USD 6,09/bu, diante do plantio americano acelerado e da perspectiva de boa safra para os EUA.

No Brasil, os preços atravessaram abril com quedas diárias consecutivas. Em Sorriso, o recuo em abril foi de 16% ante março, na média de R$ 52,33/saca. Maio foi de forte queda dos preços em todas as praças do país, com Sorriso despencando 26,5% sobre a média de abril, a R$ 38,45/saca.  A maior disponibilidade, com a entrada da primeira safra, o bom desenvolvimento das lavouras de segunda safra, com as estimativas oficiais apontando colheita recorde do cereal em 2022/23 e uma demanda lenta, com a expectativa de quedas adicionais dos preços, colocaram pressão nas cotações.

Esse ano, o índice de lavouras de 2ª safra plantadas fora da janela ideal foi maior. Apesar disso, a expectativa para a  safra continua muito positiva. Porém, devemos seguir  monitorando o clima (chuva e temperatura) nos Estados de MG, MS, SP e PR, onde esse fator ainda pode influenciar o número final de produção. O que temos observado hoje é um mercado interno com
preços abaixo da paridade de exportação, algo que é incomum para o cereal. Neste momento, o milho está dando margem para os exportadores, diferente da soja.

Com isso, o programa de exportação de milho começa a ganhar mais espaço.

Preços em Chicago

A primeira projeção do USDA para a safra 2023/24 trouxe aumento dos estoques americano e global do cereal. Para a safra mundial de milho 2023/24, o USDA trouxe aumento da produção mundial em 6%, para 1,22 Bi t, elevação do consumo em 3%, para 1,19 Bi t e aumento também do estoque final do cereal, para 313 MM t (+5%). O aumento da produção nos principais exportadores globais (BRA, EUA e ARG), sugere maior disponibilidade para exportação do cereal.

O Brasil terá que exportar muito milho durante o segundo semestre. Até abril, de acordo com a Secex, foram embarcadas 4 MM t do cereal (ano comercial fev-jan) e a expectativa é de uma exportação que pode chegar a 53 MM t. Os preços internos no segundo semestre podem apresentar um desconto sobre a paridade de exportação, dado o cenário de grande produção e a necessidade do milho brasileiro ficar competitivo no mercado internacional.

Os primeiros casos de gripe aviária em aves silvestres foram confirmados no Brasil. A doença passou a ser um ponto de atenção também para o mercado de milho. Hoje, existem casos da doença entre aves de todos os continentes. Para o controle, em caso de confirmação de casos em granjas comerciais, o abate sanitário é o principal manejo. Abates sanitários em larga escala reduziriam o consumo de milho dos rebanhos comerciais e isso traria impacto negativo adicional para os preços internos do cereal.

Podemos ver queda na área de milho verão do próximo ano. Ainda não há consenso sobre a tendência de redução de área de milho verão na safra 2023/24, no entanto, o cenário de preços baixos e rentabilidade menor para o cereal, pode trazer reflexos negativos para a área de milho 1ªsafra, favorecendo a elevação da área de soja.

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA

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