Preços dos CBIOs caem para R$88 após mudanças em prazos e incertezas

Como as usinas só conseguem emitir CBIOs ao vender etanol para as distribuidoras, a queda na demanda de etanol entre consumidores reduz as compras.

Os preços médios dos créditos de descarbonização (CBIOs) encerraram setembro a 88,01 reais, três meses depois de atingirem um recorde de mais de 200 reais, informou boletim quinzenal da consultoria Itaú BBA divulgado nesta quinta-feira.

A redução nos preços se deve à prorrogação do prazo para o cumprimento das metas de aquisição pelas distribuidoras de combustíveis deste ano para setembro do ano que vem, além de incertezas relacionadas a possíveis mudanças nas regras do programa, segundo a analista do Itaú BBA, Annelise Izumi.

Na segunda quinzena de junho, o preço do CBIO chegou a atingir 202,65 reais, provocando um mês depois a reação do governo, que alterou o prazo de aquisição pelas distribuidoras que tradicionalmente era até 31 de dezembro. A elevação dos preços dos CBIOs é repassada para os combustíveis nas bombas.

Etanol
Foto Divulgação.

Outro fator que está ajudando a controlar os preços, segundo Izumi, é a incerteza em relação a algumas propostas de mudanças que estão sendo estudadas pelo governo para o programa RenovaBio, como a transferência da obrigatoriedade da compra dos certificados das distribuidoras para as produtoras e importadoras de combustíveis fósseis.

“Parece que o mercado está esperando algum direcionamento. Então, há negociações, mas bem mais fracas do que a gente tinha antes dessa mudança de prazo de cumprimento de metas”, disse Izumi à Reuters.

Até o dia 4 de outubro, a proporção de CBIOs aposentados pelas distribuidoras era de 13,6% da meta deste ano, de 36,7 milhões. Somando-se a quantidade que já foi adquirida por elas, o percentual chega a 74,1%.

Do lado da oferta de CBIOs, as produtoras de biocombustíveis ainda precisam emitir o equivalente a 9,8% da meta deste ano. Nessa mesma época do ano passado, 100% das emissões necessárias já tinham acontecido.

Foto: Manu Dias/SECOM via Flickr – CC

Os principais emissores de CBios são as usinas produtoras de etanol. Segundo Izumi, houve uma desaceleração na produção de etanol a partir da desoneração tributária dos combustíveis, em julho, que tornou a gasolina mais competitiva frente ao etanol, reduzindo, assim, a demanda do biocombustível.

Como as usinas só conseguem emitir CBIOs ao vender etanol para as distribuidoras, a queda na demanda de etanol entre consumidores reduz as compras por parte das distribuidoras e, consequentemente, as usinas geram menos CBIOs.

“Mas, neste momento, as paridades já voltam a ficar favoráveis para o etanol, mas a demanda ainda está sendo recuperada ao longo das semanas”, disse a analista.

Fonte: Reuters

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM