O fato é que mesmo depois do ajuste negativo em NY a descrição continua acima da referência de R$ 1.000 a saca.
O mercado físico brasileiro de café mantém preços firmes nesta primeira metade de fevereiro. A bebida boa no Sul de Minas está sendo negociada em torno de R$ 1.010 a saca, o que equivale a US$ 203,31 a saca de 60 kg.
Para o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o fato é que mesmo depois do ajuste negativo em NY a descrição continua acima da referência de R$ 1.000 a saca e distante positivamente da média deflacionada dos últimos 5 anos para o período (fevereiro em torno de R$ 931 a saca). Porém, ele diz que, “embora adote um comportamento similar aos primeiros dois meses do ano passado, não mostra a mesma força de alta do ano passado”. Ele lembra que a bebida boa foi negociada em fevereiro de 2023 ao preço médio de R$ 1.084 a saca, e trocando de mãos pontualmente acima de R$ 1.120 a saca. Ainda assim, coloca que neste momento os valores seguem em região bastante favorável ao vendedor.
Barabach ressalta que é importante também notar que há o risco de uma mudança mais drástica na curva de preço, como, inclusive, aconteceu no ano passado. “O volume elevado de café ainda na mão do produtor e a safra 2024 que se aproxima no para-brisa podem pesar negativamente na curva de preços mais à frente. Há a possibilidade, inclusive, que esse movimento comece mais cedo esse ano”, adverte. Ele salienta que esse é um risco que poderia ser gerido melhor pelos produtores, aproveitando o preço no disponível e elevando as posições com safra futura para reduzir um pouco mais a exposição na entrada da safra brasileira de 2024.
Os preços de fixação antecipada giram atualmente entre R$ 1.015 a R$ 1.025 para setembro/2024, ficando entre R$ 100 a R$ 110 acima da média deflacionada dos último 5 anos (2019-2023) para o mês de setembro (R$ 915 a saca), período que concentra a entrega das posições a termo (vendas futuras). “Essa gestão comercial, além de diminuir a vulnerabilidade na entrada da safra também deixaria o produtor mais tranquilo pra administrar o restante do fluxo comercial e aproveitar eventuais altas futuras nos preços”, recomenda o consultor de SAFRAS.
As bebidas finas também continuam trabalhando acima da referência média, embaladas pelo rally do final do ano passado. “Mas já sem a mesma força de alta, esboçando uma ligeira acomodação do movimento de alta nesse início de fevereiro. O avanço de suaves da Colômbia e dos Centrais pode tirar um pouco do interesse pelo fino brasileiro”, comenta Barabach. Ideia de fixação antecipada de safra nova gira entre R$ 1.075 a R$ 1.085 a saca para entrega e liquidação em setembro/24, ficando R$ 135 a R$ 145 acima da média para o mês de setembro.
Em relação ao conilon tipo 7 no Espírito Santo, este café segue muito valorizado e se distância tanto da referência média de 5 anos como já trabalha acima do pico de mercado alcançado no início de 2022. “A puxada em Londres e o maior interesse do mercado externo servem de suporte aos preços do conilon capixaba. A nova frustração de safra no Vietnã junto à elevação no frete e a maior dificuldade na rota Ásia-Europa eleva o interesse pelo conilon brasileiro, o que garante a sustentação dos preços”, avalia Barabach. Ele indica que a indústria doméstica acabou se afastando, voltando a elevar a participação do arábica no blend.
No entanto, o consultor avalia que a chegada da safra da Indonésia em abril, associada à expectativa de uma produção maior de conilon no Brasil a partir de abril/maio deve melhorar a oferta de robusta/conilon no mundo. “Assumindo um cenário de recuperação da produção no Vietnã na temporada 2024/25 (out/set), teremos mais robusta a partir do último trimestre do ano, reforçando um desenho de oferta ascendente e maior normalização do abastecimento. Claro, isso deve jogar contra os preços, que seguem muito inflados no mercado internacional. Essa expectativa de queda nos preços já faz parte da curva de preços entre os vencimentos na bolsa de Londres”, analisa.
Concluindo, Barabach observa que a alta nos preços no final do ano passado aconteceu na contramão da queda nas cotações dos insumos. E isso acabou mexendo de forma mais favorável com a relação de troca do café. “Nesse sentido, o produtor de café brasileiro está precisando de menos sacas de café para comprar os insumos, o que reforça o momento positivo para o produtor”, diz.
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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