“Leite e derivados deverão continuar pressionando a inflação para cima nos próximos meses, superando até mesmo o grupo alimentos no IPCA”.
Em fevereiro, os preços dos lácteos subiram no país mais uma vez, e agora a cesta desses produtos no varejo tem alta acumulada de 25,5% em 12 meses, segundo boletim divulgado hoje (16/3) pela Embrapa. O aumento foi bem superior à inflação brasileira medida pelo IPCA, de 5,6% nesse mesmo período.
A cesta de derivados aumentou 2,4% em fevereiro em relação ao mês anterior, puxada pelo leite longa vida, que subiu 4,6%. Depois, pela ordem, ficaram iogurte e queijo, com altas de 2% e 1,3%. Já os preços dos leites em pó e condensado recuaram 0,7% e 1,8%, respectivamente, informa a Embrapa, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Leite e derivados deverão continuar pressionando a inflação para cima nos próximos meses, superando até mesmo o grupo alimentos no IPCA”, afirma Paulo do Carmo Martins, economista da Embrapa. Isso ocorrerá, comenta ele, porque a escassez de oferta de leite no campo vai continuar, já que, em maio, vai começar o período de entressafra no país.
Mas, segundo Martins, a entrada recorde de leite importado, que vem ocorrendo, deverá contribuir para desacelerar a alta. No mês passado, as importações alcançaram 152 milhões de litros. O volume foi quase igual ao de janeiro, mas 260% superior ao de fevereiro de 2022.
Nas fazendas
A redução da oferta de leite cru no campo ainda impulsiona os preços na cadeia, mesmo em um cenário em que o consumidor final está com baixo poder aquisitivo. Em janeiro, o dado mais recente divulgado pela Embrapa, o produtor recebeu 5,6% a mais pelo litro de leite cru do que no mês anterior. O litro foi comercializado por R$ 2,52 no país, em média, valor 24% maior do que o de um ano antes.
Segundo o Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea), os preços do leite cru captado em fevereiro devem fechar em alta na maior parte das bacias leiteiras do país. Em parte delas, as cotações estão estáveis. “A tendência para o preço do leite captado em março [no campo] ainda está dividida. Pode haver estabilidade em algumas bacias leiteiras, mas também queda, uma vez que os preços dos derivados seguem pressionados”, diz Natália Grigol, pesquisadora do Cepea.
Esse quadro deve-se ao aumento da oferta, puxado pelo crescimento das importações, e à fraqueza do consumo na ponta da cadeia.
Fonte: Valor Econômico
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