Radar Investimentos diz que após corrida aos supermercados, necessidade de repor estoques de carne bovina obrigará frigoríficos a realizar novas compras.
A Radar Investimentos acredita que os preços do boi gordo podem começar a subir novamente na medida que houver uma necessidade maior de reposição de carne bovina, já que parte dos estoques de carne bovina foram comprados pela população, que teme um avanço do surto do coronavírus.
“O que vimos foi uma corrida aos supermercados, açougues, com prateleiras sendo ‘limpas’, isso inclui a carne. Essa mercadoria vai ter que ser reposta e aí nesse momento, a indústria, precisando comprar, vai vir negociando”, explica.
Ele comenta que há grandes possibilidades de alta nos preços a partir desse momento e em patamares de antes do pico da crise, ou seja, em valores próximos da semana passada. Bovo considera ainda que mesmo com fechamento de alguns frigoríficos, restaurantes e shoppings, o consumo interno deve continuar firme, já que houve uma migração na demanda.
“Você tem impacto no consumo fora de casa. Uma parte deixa de ser consumida fora, mas migra para a alimentação em casa”, diz.
Hoje no Agrobrazil
Segundo o app da Agrobrazil, existe uma menor número de negociações concretizadas pelo país, pecuaristas estão com maior cautela em negociar os animais prontos para abate, a oferta de pasto ajuda na retenção da matéria prima e da oportunidades de pressionar as indústrias que, por outro lado, tem tentando colocar pressão de baixa no mercado.
Entretanto, pecuaristas de Londrina/PR, fizeram vendas de R$ 195/@ com pagamento em 15 dias e abate para o dia 23 de março. Já em Iacanga/SP, ficou em R$ 195 com pagamento à vista e abate em 24 de março. A pressão de retenção por parte dos pecuaristas tem obrigado os frigoríficos a oferecerem um pouco mais para poder completar as escalas de abate.
Piso da arroba do boi
O especialista indica que possivelmente o piso da arroba do boi gordo em São Paulo é R$ 190. Ele explica que esse valor mínimo foi testado duas vezes. Uma com a crise do coronavírus, onde diante de preços baixos, pecuaristas se recusaram a realizar negócios e outra em janeiro, quando a indústria também tentou derrubar o mercado.
Na quebra de braço entre frigoríficos e pecuaristas, o analista de mercado ressalta que o criador possui algumas vantagens, entre elas o fato de as pastagens estarem em boas condições, por conta das chuvas. Assim, o criador poderia manter os animais e não realizar novas vendas.
“A indústria tenta diminuir o preço de forma abrupta e o pecuarista fala que não vai vender ou vende o mínimo. O pecuarista pode ficar sem vender mas a indústria não pode ficar sem comprar”, reflete.
Mercado externo
No cenário externo, a Radar Investimentos pondera que ao mesmo tempo em que há uma situação bastante grave na Europa, com cancelamentos de pedidos por conta do coronavírus, a China voltou a comprar carne bovina.
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Sobre o mercado europeu, a expectativa é de reflexos na demanda, com retração dos compradores. “Houve um problema um pouco mais grave e a situação é complicada lá. De forma preventiva, os importadores tentam segurar as compras ou saem dos negócios”, explica.
Já em relação à China, a tendência é que a demanda comece a voltar ao normal. A projeção é que as indústrias brasileiras comecem a comprar novamente para atender esse mercado. “A carne que sai hoje demora 35 dias [para chegar na China] e eles já estão saindo do surto do coronavírus. É muito provável que a demanda retome projetando esse cenário para daqui 30 dias. A China deve voltar a comprar de forma consistente”, diz.
Compre Rural com informações do Canal Rural, Radar Investimento e Agrobrazil.