A maior cooperativa de lácteos da Nova Zelândia e maior exportadora mundial, elevou sua previsão de preço do leite.
Os últimos movimentos no mercado internacional apontaram elevação global nos preços do leite. Em consequência disso, a Fonterra, maior cooperativa de lácteos da Nova Zelândia e maior exportadora mundial, elevou sua previsão de preço do leite para esta temporada em 40 centavos (28,69 centavos de dólar americano), para NZ$ 8,40 (US$ 6,03) por quilo de sólidos do leite, o que equivale a NZ$ 0,69 (US$ 0,49) por quilo de leite.
Se o preço previsto for alcançado, corresponderá ao valor mais alto já pago pela Fonterra aos seus acionistas produtores, que ocorreu na estação de 2013-2014. O presidente-executivo da Fonterra, Miles Hurrell, disse que o aumento na previsão do preço do leite é resultado da contínua demanda por lácteos da Nova Zelândia em relação à oferta.
“Vimos a demanda da China diminuir nos últimos meses, enquanto outras regiões intervieram para manter a demanda firme. Por outro lado, a oferta global de leite deve ficar abaixo dos níveis médios, impulsionado por uma desaceleração na produção dos EUA devido ao aumento do custo da alimentação animal. Essas dinâmicas de oferta e demanda estão sustentando os níveis de preços atuais”, explicou.
Porém, Hurrell disse que ainda está no início da temporada, muita coisa pode mudar e pode haver aumento da volatilidade quando os preços estão altos. “É por isso que estamos mantendo um intervalo de previsão de mais ou menos 50 centavos (35,8 centavos de dólar americano), refletindo as contínuas incertezas neste momento da temporada.”
“Há uma série de fatores que estamos observando de perto e que podem impactar a demanda. Isso inclui o impacto contínuo da Covid-19 nos mercados globais, as crescentes pressões inflacionárias, a volatilidade das taxas de câmbio, as condições climáticas da Nova Zelândia e o impacto potencial de quaisquer questões geopolíticas.”
Como este cenário impacta o mercado brasileiro de leite?
Na avaliação da equipe de analistas do MilkPoint Mercado, este cenário de mercado internacional com preços aquecidos e em elevação devem enfraquecer ainda mais as importações brasileiras de lácteos. Alguns pontos adicionais a este cenário de mercado internacional apontam nesta direção:
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Taxa de câmbio bastante volátil e em forte elevação nos últimos dias: normalmente as importações brasileiras são feitas sem proteção (hedge) de taxa de câmbio. Assim, o câmbio de “chegada” do produto é normalmente diferente do câmbio no momento da contratação dos volumes (e, nos últimos meses, muito maior!). A incerteza quanto a taxa de câmbio e quase certeza de um câmbio maior reduzem o “apetite” pelo produto importado.
Baixa disponibilidade no Mercosul: apesar do crescimento da produção de leite no Uruguai e na Argentina este ano, estes países já estão “vendidos” pelos próximos meses e somente tem disponibilidade para o início de 2022 (a propósito, estes volumes para 2022 começam a cair também!). Isso porque nossos “Hermanos” estão vendendo volumes maiores para outros mercados – notadamente a Argélia, que tem entrado no mercado rotineiramente para suprir sua demanda e estoques.
De fato, neste ambiente de taxa de câmbio elevada e preços internacionais em elevação, podemos até mesmo assistir a uma nova janela de exportações de lácteos brasileiros para outros países, como aconteceu entres os meses de abril e junho deste ano. Ótimo para um momento em que a demanda local fraqueja!
As informações são do RuralNewsGroup e do MilkPoint Mercado.