A valorização é explicada pela maior concorrência das indústrias pela compra de matéria-prima; ‘Preço do leite registra alta de 55% no ano e vai continuar subindo’!
Pesquisas em andamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam que o preço do leite captado em setembro e pago ao produtor em outubro deve se manter em patamar elevado.
Desde o início do ano, o preço do litro no campo registra alta de 55% em termos reais. A valorização é explicada pela maior concorrência das indústrias de laticínios pela compra de matéria-prima, já que a produção de leite seguiu limitada e abaixo das expectativas.
Segundo a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, a valorização do preço acompanha o aumento do custo para o produtor. “Do lado a receita é uma notícia positiva, mas a notícia do custo tem amargado valorizações consecutivas nos itens que compõem o seu custo operacional efetivo, principalmente no concentrado”, afirma.
Neste último mês, houve uma valorização expressiva dos grãos e a perspectiva é que os preços do acumulado se mantenham em alta. “O mercado de leite é muito dependente da trajetória do mercado de grãos porque é o principal insumo da atividade e não vemos um cenário mais positivo para compra de insumos. O produto vai contar com a transição climática, temos um retorno das chuvas, que deve trazer normalidade das cotações”, completa.
Leite: novo recorde é esperado acima de R$ 2,1319/L
Os preços do leite captado em outubro e pago ao produtor em novembro devem ser influenciados pelo enfraquecimento das vendas de lácteos neste mês. De acordo com pesquisas do Cepea, as negociações de derivados com os canais de distribuição foram mais truncadas e houve maior pressão para a redução dos preços em outubro.
É importante salientar que a valorização intensa de alguns gêneros alimentícios nos últimos meses tem pesado sobre a decisão de consumo do brasileiro, o que também resulta em maior competição entre redes varejistas para atrair clientes com preços baixos.
Na primeira quinzena de outubro, os preços do UHT e da muçarela recuaram, em média, 6,34% e de 5,2% em relação a setembro/20, respectivamente. A mesma tendência de queda foi observada para o preço do leite spot, que chegou a R$ 2,36/litro na primeira quinzena de outubro em Minas Gerais – redução de 12% em relação à média de setembro.
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É preciso lembrar que, além da pressão da demanda, os preços no campo devem ser negativamente influenciados pela maior disponibilidade de leite e de lácteos em outubro, por conta da questão sazonal, no primeiro caso, e do aumento de importações, no segundo.
Dados da Secex mostram aumento de quase 63% no volume de lácteos importado no terceiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. As compras externas de lácteos ocorrem mesmo com a relação cambial desvantajosa para tentar conter a restrição de oferta doméstica.
Compre Rural com informações do Canal Rural e Cepea