O preço médio do leite recebido pelo produtor recuou 11,7% em novembro, na comparação com outubro, para R$ 1,2331/litro. O levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) mostra a terceira queda consecutiva do indicador. Os analistas observam que mesmo assim o valor ainda acumula alta de 20,9% neste ano, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de outubro/16).
O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) caiu 10,9% de outubro para novembro, passando para R$ 1,3413/litro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em outubro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA.
Com o avanço da safra e tendência de influência da La Niña nos estados do Sul, representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea apontam nova queda nos preços do leite em dezembro.
A maioria dos agentes entrevistados (94%) indica que os valores devem cair novamente. Outros agentes (6%), principalmente os do Sul, acreditam em estabilidade. Nenhum dos colaboradores espera alta de preços em dezembro.
Segundo o Cepea, no mercado de derivados os valores também seguiram em queda, mas de forma menos intensa que a verificada em meses anteriores. “Esse cenário elevou a expectativa de agentes de estabilidade para os próximos meses”, dizem os analistas.
Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo em novembro foram de R$ 2,15/litro e de R$ 15,81/kg, respectivamente, resultando em quedas de 3,15% e de 7,06% em relação às médias de outubro.
Os levantamentos do Cepea também mostram que após quatro meses em alta, a produção de leite registrou queda no Sul do Brasil, resultando em estabilidade na captação média nacional.
De setembro para outubro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve ligeira alta de 0,08%. Nesse período, houve diminuição de 6,6% na produção do Rio Grande do Sul, de 5,8% em Santa Catarina e de 3,1% no Paraná. Já na Bahia, em outubro, a captação aumentou 6,3%, em Goiás, 4,4%, em São Paulo, 4,2% e, em Minas Gerais, 3,5%.
Segundo colaboradores do Cepea, a menor produção nos estados do Sul do País está atrelada às chuvas na região, que encurtaram a janela para reforma das pastagens de verão em muitas praças produtoras. Além disso, a disponibilidade de forragens está reduzida e a receita do produtor, apertada, limitando a reforma da pastagem.
Mesmo com a menor captação no Sul, os preços recebidos pelo produtor (sem frete e impostos) caíram com força no Rio Grande do Sul (-10,36%), em Santa Catarina (-14,51%) e no Paraná (-10,05%). Nos demais estados, o movimento no preço também foi de queda, reforçado, nestes casos, pelo aumento na captação.
Autoria: Venilson Ferreira