Preço do bezerro vai continuar caindo em 2022?

A diferença de preços entre o bezerro em relação ao boi gordo – chamada de ágio – segue em forte queda em 2022 e nos menores patamares desde 2018; veja opinião dos analistas

Acompanhando os preços do mercado do boi gordo, que tiveram forte queda nesta semana, o mercado de gado para reposição voltou a registrar maior volatilidade de preço. Este cenário é reflexo de uma maior cautela dos recriadores e invernistas procuram barganhar preços mais baixos pela reposição, de olho nos gastos que serão feitos com ração; Bezerro recuou quase R$ 200/cab, nesse mês!

A chegada da seca, o período de desmama, queda das cotações e entrada do primeiro giro do confinamento são os fatores que podem movimentar, e muito, o mercado da reposição neste momento, principalmente na categoria dos animais mais jovens. Vale lembrar que o animal de reposição é o item de maior custo dentro do confinamento, seguido pela alimentação.

Fonte: Dados do Cepea (adaptado por Farmnews)

Segundo a Farmnews apesar da queda acumulada no ano, acima de 10%, o valor da categoria de reposição segue muito acima dos valores observados até 2020. O valor médio de abril de 2022, de R$ 2.740,9 por cabeça foi 12,7% menor que o valor nominal observado em abril de 2021 (R$ 3.140,5 por cabeça). Contudo, o valor de abril de 2022 foi muito acima dos valores nominais praticados em 2018, 2019 e 2020, com médias de R$ 1.191,7, R$ 1.251,8 e R$ 1.842,0 por cabeça, respectivamente.

Em 2021 nós, da CompreRural, escrevíamos que o “boom” da reposição estava próxima do fim e que bezerros acima de R$ 4 mil reais valendo ouro poderiam estar com os dias contatos, o dia chegou.

Imagem Ilustrativa / Foto: Nelore Mocho Boticão

O que está causando a baixa do bezerro?

O especialista em Gestão Agropecuária, Rogério Goulart, e autor do Carta Pecuária divulgou em suas redes sociais uma visão bastante interessante sobre essa nova fase do ciclo pecuário que se aproxima.

Entre suas afirmações, está que o ciclo pecuários estão aí desde a invenção do carro, expansão das ferrovias, uso do petróleo, 1ª e 2ª Guerra Mundial, hiperinflação, ouro, penicilina, laser, fertilizantes, globalização, advento da Internet, fake meat. E se mantêm estáveis… e previsíveis desde então. “Existe uma força enorme em achar que dessa vez é diferente, ou será diferente. Será? Não precisa ir muito longe, basta pegar a pecuária americana, com seu salto de produção e produtividade, sua abertura enorme para exportações em 100 ANOS e ver que lá, o ciclo permanece.”

O especialista em gestão de pecuárua, Rogério Goulart, e autor da Carta Pecuária.
Fonte: Rogério Goulart / Carta Pecuária

Esse gráfico acima, por exemplo, é o cerne do ciclo e tem 20 anos. Pense em tudo o que já aconteceu no Brasil nesses últimos vinte anos e o ciclo permaneceu ocorrendo sem interferências.

Na carne, quem manda no preço é a oferta. Faltou? Preço sobe. Sobrou? O preço cai. A demanda tem o seu papel, mas somente como 1) coadjuvante nas altas e 2) para gerar MAIS OFERTA no futuro. Aprenda. As pessoas sentem o mercado, muito mais do que analisam. E buscam nas notícias evidências para justificar a sede em saciar suas convicções. Fazem isso sem perceber. Se um fala algo que ressoa consigo, deve estar certo. Divergências são suspeitas.

Analisar mercado e se posicionar na fazenda para surfar as ondas de preço requerem do e da pecuarista um conhecimento vasto para não se deixar levar por ondas de otimismo e pessimismo nos preços, e um ceticismo sadio para não acreditar em narrativas que não se sustentam em pé.

Então, lembre-se de que a sensação de que “Dessa vez é diferente” vem embalado sempre com uma história coerente e uma narrativa sedutora. Se você se deparar e perceber que foi seduzido, busque informações. E o antídoto para isso é o ciclo pecuário. “É muito difícil para você acreditar que a queda atual no bezerro não foi gerada pela China, e sim como consequência da retenção de matrizes nesses últimos três anos?” – finaliza o especialista, Rogério Goulart.

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Foto: Estância Bahia Leilões

E o boi gordo para os próximos meses?

Segundo a CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel, o boi gordo tem perdido a sua sustentação ao longo das últimas semanas e nós temos sentido uma pressão menor no mercado de carne, sobre as cotações da carne no varejo. Então, estamos em um momento diferente do mercado agora. Ele é uma combinação de fase de baixa do ciclo pecuário tendo início e também entra um momento muito particular do mercado pecuário que é a safra de capim e a safra de boi gordo.

E complementa – “Basicamente, o que tem agora, é um aumento da oferta de animais de pasto terminados e, a partir do momento em que os pastos começam a secar, o pecuarista é obrigado ou a suplementar o animal ou entregá-lo para o abate. Ou seja, esse início de seca que vai começar agora em maio começa a forçar os pecuaristas a comercializarem os seus animais que acumularam esse peso ao longo do período chuvoso. Então, isso aumenta a oferta de animais e faz com que a gente veja os preços pararem de subir, ou até mesmo cair.

Com informações da Agrifatto, Farmnews e Carta Pecuária.

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