Preço do bezerro atingiu o “fundo do poço”? Especialistas opinam

Em um momento que o pecuarista segue avaliando a opção de fechar os animais no cocho, será que os preços dos bezerros atingiu o fundo do poço?

Segundo os dados divulgados pelo Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa, os preços dos bezerros estão em movimento de queda há vários meses, no gráfico abaixo é possível ver que em março o “fundo do poço foi alcançado. Será mesmo? Para responder a esta pergunta nós recorremos a especialista Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto, ela apresenta algumas informações interessantes sobre o cenário do ciclo pecuário em 2023. “Estamos em fase de baixa de ciclo pecuário, isso significa que, após retermos fêmeas – entre 2020 e 2021 – aumentamos, consequentemente, a produção e os preços perderam sua sustentação”. Confira a análise!

indicador de preco de bezerro cepea
Fonte: CEPEA

“Essa é uma pergunta bastante frequente que eu recebo nas redes sociais. Principalmente se os preços dos bezerros estabilizaram ou irão cair mais”. Segundo a especialista a resposta pode ser dada por dois pontos de vistas, um deles é olhando os históricos de cotação do bezerro, utilizando como base o ciclo pecuário. Lygia ressalta que, por esse ponto de vista, é pura especulação, pois já tivemos uma grande desvalorização dos bezerros nos últimos meses.

“Mas o fato é que a janela de oportunidade para a compra de animais pouco erados está aberta e escancarada. E podemos afirmar isso porque o ciclo pecuário não falha. Para quem tiver boas condições de pastagem e caixa para investir, o momento é de lotar a fazenda para chegar à próxima fase de alta com um estoque de arrobas maior e, consequentemente, uma maior exposição às variações de mercado.

“Se pensarmos na sazonalidade, nós temos os melhores preços de bezerro nos primeiros quadrimestres dos anos, isso significa que existe sim, quando as pastagens secarem com os fins das chuvas poderemos ver os preços dos bezerros cairem mais um pouco” – afirmou Lygia.

Lygia Pimentel -- livro
Lygia Pimentel

Lygia destaca que a pecuária de corte brasileira está abatendo mais fêmeas em 2023, isso nos mostra um desinteresse na cria. “É muito dificil prever o preço mínimo, o fundo do poço, dos preços dos bezerros, diria que impossível. Por isso que sempre falo que a janela de oportunidade de compra está aberta, e ela deve ser aproveitada, principalmente quem tem pasto”.

Ainda segundo a especialista a gestão de pastagens dentro da fazenda é criucial nestes momentos, uma fazenda bem manejada, com boa produção de forragem, para manter os animais durante os períodos secos levará o pecuarista até o novo ciclo de alta deixando confortável com um bom número de arrobas para comercializar quando os preços melhorarem. “Essa é a estratégia anticíclica que nós tanto falamos. Em resumo, sim, a janela de oportunidade está aberta” – finalizou Lygia.

Alguns pecuaristas comentaram na publicação – “O preço de fato está muito atrativo, mas em véspera do período seco, com os custos e perspectivas atuais, a turma acaba se retraindo né. Ninguém se arrisca pegar faca amolada caindo… pode ter uma reação maior no final do período seco ( só acho).” disse um deles.

Estamos passando por um excelente momento para investir na cria.

Rogério Goulart

A afirmação acima foi publicada pelo pecuarista e fundador da Revista Carta Pecuária, Rogério Goulart, nas redes sociais. Na publicação, muitos pecuaristas opinaram, confira algumas de destaque:

“Concordo totalmente, com a queda no preço da arroba e aumento da oferta de gado, abriu-se oportunidade ao criador de comprar matrizes com menor investimento (as vezes podendo até trazer uma melhor genética para o rebanho) e ainda poder se preparar para ter mais ofertas de bezerros na próxima fase de alta.” – disse um deles. “Bezerras fêmeas estão muito baratas. Quem tiver caixa para manter sua futura prenhez, gestação, parição e desmama, ganhará muito com a virada do ciclo”.

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