De acordo com a Safras & Mercado, a carcaça do boi será vendida em maior quantidade no Brasil e, com isso, preço da carne bovina deve cair até 20%; Qual sua opinião?
“O custo final da carne bovina brasileira deve cair em até 20% para o consumidor final em 2023, em função de uma maior oferta do produto no mercado interno“. As informações são do relatório final divulgado pela Safras & Mercado, maior consultoria do setor no país, sendo que as informações foram publicadas nesta segunda-feira (18) em reportagem da CNN Brasil.
De acordo com os dados apresentados, atualmente, a carcaça do boi é vendida no Brasil por aproximadamente R$ 320. Para o próximo ano, a expectativa é que esse mesmo produto tenha o custo para os frigoríficos de R$ 250. E você pecuarista ou envolvido com a cadeia produtiva da carne bovina, também consegue imaginar o mesmo cenário?
Para o consumidor final, o barateamento também será perceptível. Na prática, segundo o estudo, cortes como Filet Mignon e Picanha devem ter o custo reduzido entre R$ 15 e R$ 20 por quilo. Atualmente, os preços encontrados para as peças são de mais de R$ 120,00/peça para os cortes citados, considerando os valores comercializados em Goiás.
A maior oferta de animais destinados ao mercado interno é fruto de uma alta “considerável” nos rebanhos brasileiros para o próximo ano. Foi o que explicou à CNN, o diretor da consultoria, Fernando Iglesias.
Ao mesmo tempo, ele ressaltou que o setor também continuará com uma tendência de fortes exportações.
“O aumento da oferta dentro do Brasil e as comercializações para o exterior vão andar de mão dadas. Tudo isso é possível em cima da boa ampliação do volume de reposição desses rebanhos – com a incorporação de bezerros”, disse Iglesias.
A expectativa é que o setor pecuário brasileiro registre um resultado expressivo para 2023: um montante superior a 226,3 milhões de cabeças de gado – quatro milhões a mais que esse ano. Entretanto, a própria Abiec questiona tais números, tendo em vista que o seu relatório, o Beef Report 2022, trouxe novas informações sobre o tema.
A maior concentração dos rebanhos fica no Centro-Oeste, região que concentra mais de 78 milhões de animais. Além disso, as mudanças no ciclo pecuário, o investimento em tecnologias e aumento das técnicas de intensificação estão causando mudanças no cenário pecuário nessas regiões.
Tamanho do rebanho, segundo Abiec
Em 2021 o rebanho brasileiro ficou estimado em 196,47 milhões de cabeças, com um abate de 39,14 milhões de cabeças. O volume de carne produzida foi de 9,71 milhões de toneladas carcaça equivalente (TEC).
Desse total, 25,51% ou 2,48 milhões TEC foram exportadas, enquanto 7,24 milhões TEC, o equivalente a 74,49% ficaram no mercado interno. A seguir, veja os dados referentes a evolução dos rebanhos por estados e outros dados sobre o desempenho da pecuária brasileira.
Mudanças nos cálculos
Até a edição de 2020, a quantidade de cabeças no rebanho brasileiro foi divulgada de acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O comportamento do mercado entre 2019 e 2021 comprovou a inviabilidade da presença de um rebanho acima de 215 milhões de cabeças em território brasileiro, situação que já era frequentemente discutida entre os técnicos especializados em pecuária.
A partir dos dados oficiais do Brasil e de diversos outros estudos conduzidos pela iniciativa privada, cada vez mais se aceita que o rebanho brasileiro esteja mais próximo dos 175 a 180 milhões de cabeças, oscilando até 190 milhões em alguns meses do ano.
Sendo assim, a partir da edição de 2021, o rebanho brasileiro passa a ser apresentado de acordo com a seguinte metodologia sugerida pela Athenagro Consultoria. Rebanho base censo para o ano de 2017, variando em cabeças por município a partir da Pesquisa Pecuária Municipal (IBGE) e, ainda, considerando 50% do total abatido no mercado fiscalizado (sistemas federal, estadual e municipal), obtido pela Pesquisa Pecuária Trimestral, também do IBGE.
Exportação de carne bovina bate recorde no 1º semestre de 2022
A carne bovina in natura exportada pelo Brasil no primeiro semestre de 2022 e a receita arrecadada foram recordes no primeiro semestre de 2022.
De janeiro a junho, os embarques de carne bovina in natura totalizaram 932,34 mil toneladas, 26,71% acima do volume escoado no mesmo período do ano passado e 19,93% superior ao até então recorde para um primeiro semestre, registrado em 2020.
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Quanto à receita, em moeda nacional, somou R$ 28,4 bilhões na primeira metade deste ano, forte aumento de 50,5% frente ao mesmo período do ano anterior e também um recorde.
Segundo pesquisadores do Cepea, com as vendas de carne no mercado brasileiro ainda registrando fraco desempenho e com o dólar valorizado frente ao Real, frigoríficos brasileiros que têm acesso ao mercado externo seguem focados neste canal de escoamento. Vale lembrar que esse cenário sustenta os valores internos do boi gordo, que seguiram em patamares elevados de janeiro a junho.