A forte desvalorização do real frente ao dólar deixa as commodities brasileiras, incluindo a carne, ainda mais competitivas no mercado internacional. Confira!
A participação da carne bovina no prato dos brasileiros caiu, em grande parte pela queda no poder de compra da população e também pelos aumentos dos preços dos cortes. O cenário do mercado da exportação é promissor, apontou Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos, que disse que o “dólar em alta e demanda chinesa irão impulsionar os embarques neste segundo semestre“. Confira!
A crise sanitária e econômica vividas nos últimos anos desestimularam o consumo e, em 2021, assistiu-se o pior nível de consumo dos últimos 25 anos. Apesar da demanda comedida, desde o final de 2021, a carne bovina tem registrado consecutivos incrementos de preços.
Preços da carne bovina no Brasil
Neste ano, no acumulado até junho, nota-se que os preços médios dos cortes de carne no mercado atacadista caíram 7,3%, enquanto no varejo, no mesmo período, os preços subiram 2,0%. Veja na figura 1.
Figura 1. Preços médios mensais da carne bovina desossada, em São Paulo, no atacado (eixo da esquerda) e varejo (eixo da direita).
Com preços de venda mais firmes, o varejo aliviou sua margem de comercialização.
Margem do varejo
O mercado varejista de carne bovina teve suas margens apertadas com a crise econômica vivida no período pandêmico, trabalhando abaixo da média histórica.
Aproveitando dos períodos de queda de preço nas indústrias, açougues e supermercados tiveram suas margens recuperadas em 2022 trabalhando com preços de venda mais firmes (figura 2).
Figura 2. Margem de comercialização do mercado varejista de carne bovina em São Paulo e média dos últimos cinco anos.
Expectativas
Analisando os preços dos cortes no varejo, nota-se que aumentos mais significativos se dão no segundo semestre, com os movimentos mais fortes em meados de outubro (figura 3).
Outro fator a ser ponderado é de que o ano vigente está marcado pelo período eleitoral, cenário que contribuí para geração de empregos temporários e aquece a economia. Como consequência, nesses períodos a demanda pela carne bovina tende a melhorar.
Figura 3. Preços médios dos cortes de carne bovina no mercado varejista de São Paulo, em R$/kg.
Com crescimento, ainda que tímido, projetado para o PIB brasileiro em 2022 e os dados apontando um incremento na geração de empregos formais no acumulado até maio/22, somado aos fatores citados, podemos esperar por preços firmes para a carne bovina.
Além disso, o bom desempenho das exportações e as projeções de abate de bovinos ainda reduzidos para este ano devem corroborar com esse cenário de preços. Com isso, para o segundo semestre não são esperados ajustes negativos para a carne bovina, ao contrário, os preços devem subir.
Exportações tem futuro promissor
Segundo Coelho, que é sócio da Radar Investimentos, a discussão da intensidade da alta de juros nos EUA e na Europa tem sido o principal fator de alta do câmbio. Paralelamente, no Brasil foi aprovado a “PEC dos auxílios”, o que pressiona o cenário fiscal.
A forte desvalorização do real frente ao dólar deixa as commodities brasileiras, incluindo a carne, ainda mais competitivas no mercado internacional. Historicamente, considerando os últimos cinco anos, o volume embarcado no Brasil em julho ficou acima da quantidade registrada em junho, compara Coelho.
Na avaliação do sócio da Radar, a combinação dos fatores mencionados acima – dólar em alta e aquecimento da demanda chinesa – deixará essa janela de exportação de carne bovina brasileira ainda mais forte e mais concentrada em relação ao quadro apresentado em 2021.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Coelho, porém, recorda do bloqueio das vendas de carne bovina brasileira à China, imposto no ano passado depois do surgimento de dois casos atípico da doença da “vaca louca” no Brasil, o que deixou a base de comparação (dos volumes de carne bovina embarcados) mais fraca entre outubro/21 e novembro/21.
“O mercado é dinâmico, as condições de oferta de animais mudam rápido (principalmente na entressafra). Portanto, esse dinamismo vai exigir mais atenção do pecuarista para aproveitar as oportunidades que as ferramentas de proteção de preço oferecem”, recomenda.
Compre Rural com informações da Scot Consultoria e Radar Investimentos