A carne bovina acumula alta de 1,76% em 2019 até outubro, menos que os 2,27% do mesmo período de 2018. Mas então, a inflação vai voltar a subir?
Atualmente, a inflação no Brasil, em meio à economia fraca, está comportada em relação a anos anteriores: o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getulio Vargas, por exemplo, acumula alta de 2,9% em 2019 e 3,51% nos últimos 12 meses.
No Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo, medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (Fipe/USP), a carne bovina acumula alta de 1,76% em 2019 até outubro, menos que os 2,27% do mesmo período de 2018, marcado por pressões da greve dos caminhoneiros e variação cambial. Em 2015, no mesmo período, a inflação da carne era de 10,74%.
Se não tem carne hoje, não vai ter amanhã, então a resposta a essa alta demanda será lenta!
Guilherme Moreira, coordenador do IPC da Fipe, diz que os preços da carne andavam contidos, e por isso não vê riscos de que a inflação “estoure” no ano que vem. “Sozinha a carne não vai estourar a inflação, por mais que continue subindo ao longo do tempo. Todos os anos tem um choque desse tipo; batata, feijão”, pondera.
André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor e analista de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), prevê que a carne permaneça em patamares mais altos até pelo menos o primeiro trimestre do ano que vem, e vá perdendo fôlego ao longo do ano. “Acredito que não vai terminar 2020 como a grande vilã da inflação”.
O economista da FGV explica que as carnes (incluindo bovina, peixes, aves e suínos) representam um gasto de cerca de 3% da renda familiar do brasileiro.
“Fazendo uma comparação, pesa tanto quanto uma conta de luz. Pode pesar mais”.
Ele explica que os preços contidos, citados pela ministra da Agricultura, se devem a razões conjunturais, como, por exemplo, a recessão econômica.
“Carne é um produto de primeira necessidade, mas é caro. Então as famílias diminuem o consumo em momentos em que está mais comprometido”. Além da demanda fraca, ele aponta fatores como chuvas e pastagens mais regulares, que ajudam a evitar alta de preços.
“O fato é que, por enquanto, a carne vai continuar mais cara. O que o consumidor pode fazer, para fugir um pouco, é comprar menos, não para que o preço volte o que era, mas para evitar novos aumentos que não são necessários”.
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Moreira, da Fipe, diz que vê no câmbio uma pressão mais importante para a inflação do que a carne. “Ano passado teve greve dos caminhoneiros, o dólar subiu e a contaminação para a inflação foi praticamente nenhuma, muito localizada. Não vejo tantas preocupações com a inflação”.
A consultoria LCA, que prevê inflação de 0,39% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, diz que no mês que vem a expectativa é de que o efeito da China sobre os preços da carne se estendam também para outras proteínas como as carnes suínas, ovos e peixes industrializados, que “serão os mais afetados direta e indiretamente pelos efeitos da febre suína que aplaca o país asiático” e podem ter algum aumento nos preços.
Compre Rural com informações da BBC