Sem escoamento fácil, boi gordo ameaça desabar; Saiba a quantas anda o consumo interno de carne bovina e por que a China pode dar fôlego ao mercado.
O preço do boi gordo registrou bastante volatilidade ao longo desta semana, fechando a sexta-feira com viés de baixa nas principais praças pecuárias do Brasil. “Os ajustes negativos da arroba ocorreram em função da dificuldade no escoamento da carne bovina ao segmento atacado”, relata a Informa Economics FNP, acrescentando que os estoques da proteína nas câmaras frias estão bastante cheios .
Segundo a consultoria, diante da nova realidade imposta pelo novo coronavírus, as indústrias tentam adequar as escalas de abate de acordo com a demanda pela carne, operando com a “venda casada”, isto é, compram a boiada apenas em conjunto com a venda dos cortes.
Essa estratégia de negócio “de mão para a boca” reflete o atual período de isolamento da população e de incertezas gerados pelo avanço do vírus mortal COVID-19 no País.
O fechamento de escolas, restaurantes e bares provoca não só uma diminuição no escoamento de carne, mas também uma alteração na dinâmica do mercado, observa a FNP. “Embora ainda seja cedo para uma avaliação de curto prazo, já se nota uma redução nas vendas dos cortes nobres, tipicamente mais consumidos fora de casa”, destaca a consultoria.
Como ficou o fechamento, segundo Agrobrazil
Segundo o app da Agrobrazil, a média para a praça de São Paulo, foi de R$ 196,31/@. Já na média Cepea, tivemos um valor de R$ 200,65/@ para o boi gordo à vista, uma alta de 5,40%. Em São Paulo, conforma imagem abaixo, tivemos uma distribuição de preços de R$ 191/@ até negócios de R$ 205/@, lembrando que o mercado China ainda paga um maior ágio pelo animal jovem, o que deve aumentar ainda mais essa diferença para boi padrão em relação ao Boi China.
Movimento de resistência
Do lado da oferta, os pecuaristas também resistem em vender a boiada a preços mais baixos e continuam segurando os animais nas pastagens, ainda em boas condições devido ao bom volume de chuvas dos meses anteriores.
“A ideia é represar os lotes por um tempo maior, para liquidá-los mais pesados, aumentando o rendimento da carcaça”, destaca a FNP.
Com o mercado interno enfraquecido, os produtores apostam numa retomada mais consistentes das exportações ao mercado da China, disparado o principal comprador mundial da carne bovina brasileira.
“A expectativa é de que os importadores chineses retornem ativamente nas compras da carne nacional e, com o dólar em níveis elevados, as exportações possam atuar como válvula de escape frente a fraca demanda no mercado interno”, relata a FNP.
Abates em queda
O ritmo de abate de animais nas unidades com inspeção federal (SIF) do Braisl recuou 17,4% no primeiro trimestre de 2020 frente a igual período do ano passado, totalizando 4,97 milhões de cabeças abatidas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Em Mato Grosso, segundo dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (Indea – MT ), os abates de bovinos no Estado sofreram redução de 7,9% em março, na comparação com o mês anterior, totalizando 380,95 mil cabeças. “O Mato Grosso já demonstra os primeiros sintomas da paralisação de plantas frigoríficas”, comenta o boletim pecuário desta sexta-feira da Agrifatto.
“Com várias plantas frigoríficas com operações paradas no MT, motivadas pelas incertezas em relação aos impactos ocasionados pelo novo coronavírus, o mês de abril deve reservar números ainda mais preocupantes”, avalia a consultoria.
Foco nas exportações
No primeiro trimestre de 2020, o Brasil exportou 353,52 mil toneladas de carne bovina in natura, 5,1% superior a igual período de 2019. O volume embarcado é o maior registrado desde 2007, quando o Brasil se consolidou como um dos principais exportadores de carne bovina do mundo, segundo informa a consultoria FNP.
A receita, por sua vez, é recorde para o período trimestral, totalizando US$1,63 bilhão, um salto de 29,2% frente ao mesmo intervalo de2019. “Este valor é mais um indicativo da tendência de crescimento da representatividade do mercado externo no segmento pecuário brasileiro”, observa a FNP.
Preços regionais
Na praça de São Paulo, em meio às dificuldades de vender carne no mercado doméstico, frigoríficos anunciaram a paralisação de algumas plantas, diminuindo o ritmo de compras. Com isso, o valor do boi gordo caiu R$ 2/@ nesta sexta-feira, para R$ 202/@, a prazo, segundo levantamento da FNP.
Os preços da boiada gorda também recuaram nas praças de Mato Grosso. “A indisponibilidade de matéria prima no Estado e a dificuldade de repassar a alta nos preços da arroba para o valor da carne no atacado fizeram com que os frigoríficos se ausentassem das compras, visando preservar margens operacionais”, avalia a consultoria.
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Em Goiás, diz a FNP, a diminuição no volume de chuvas levou os pecuaristas a elevar a oferta do gado para abate, o que favoreceu a baixa nos preços. De forma semelhante, em Rondônia, mesmo oferecendo valores mais baixos, as indústrias encontram disponibilidade de animais e conseguiram fechar a escala da próxima semana.
Em Minas Gerais, os frigoríficos conseguiram, em sua maior parte, terminar as escalas já da segunda semana de abril e passaram a testar preços mais baixos, efetivando compras de pequenos lotes a patamares menores, de acordo com a FNP.
Compre Rural com informações do Portal DBO, FNP e Agrobrazil