O conjunto de técnicas adequadas diz respeito a práticas como manejo rotacionado de pastejo, que aparece como a mais utilizada pelos pecuaristas.
O aumento da produtividade na pecuária de corte está relacionado com as condições das pastagens. A adoção de práticas de manejo pelos pecuaristas, tanto do pasto quanto do pastejo, reflete na produção de carne bovina a baixo custo e com preservação ambiental. No entanto, um estudo mostrou que o uso dessas técnicas em uma amostra de produtores ainda é baixo.
A Embrapa apresenta a publicação “Uso das práticas de manejo de forrageiras e de pastejo na bovinocultura de corte”. O estudo buscou identificar a situação da adoção de 20 práticas de manejo de pastagem e de pastejo empregadas em fazendas de corte no Brasil. Os dados analisados são provenientes de respostas voluntárias de usuários da plataforma digital app Pasto Certo, da Embrapa, entre dezembro de 2019 a maio de 2023.
O conjunto de técnicas adequadas diz respeito a práticas como manejo rotacionado de pastejo, que aparece como a mais utilizada pelos pecuaristas, com 64% de adoção entre os respondentes do estudo; controle de invasoras (48%), análise de solo (47%), correção de solo com calcário (44%), pastejo contínuo (44%), adubação de pastagens (40%) e diferimento de pastagem (34%).
Já os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta estão entre as práticas que apresentaram menor uso. Apenas 2% dos participantes da pesquisa utilizam esse modelo de tecnologia, que além de contribuir para diversificação da renda, tem benefícios ambientais, sociais e econômicos.
De acordo com uma das autoras, a pesquisadora Claudia De Mori, os resultados sugerem que o uso desses manejos está aquém para obtenção de produção satisfatória de pasto em quantidade e qualidade para uma pecuária eficiente. Além disso, a adoção por região ou por perfil de sistema é bastante variada.
A atividade pecuária está em praticamente todo o território nacional e é muito heterogênea. “Existe potencial para melhorias no desempenho da pecuária de corte nacional e o manejo de alimentação é um dos principais pilares para atingir os níveis de produção desejados em cada situação”, explica a pesquisadora Patrícia Menezes Santos.A adoção desses manejos permite aos pecuaristas aumentar a produtividade da atividade, manter a longevidade das pastagens e otimizar o uso de recursos, aumentando a rentabilidade e reduzindo a pressão para abertura de novas áreas. “As práticas de adubação e correção dos solos, com base em análises, possibilitam às plantas expressarem produções mais próximas do seu potencial produtivo, resultando em produtividades mais elevadas em termos de ganho de peso na produção animal. Na pecuária, essas práticas, aliadas a um manejo de pastagem adequado, permitem maior longevidade das pastagens e aumento na produção de carne por hectare. Ainda, tais práticas, aplicadas conjuntamente com técnicas de conservação do solo e da água, são essenciais para evitar a perda de fertilidade e estrutura de solo, erosão, assoreamento de rios e escassez de água em quantidade e qualidade para plantas e animais”, reforça Santos.
No estudo também foi observada a distinção do uso dessas técnicas por região/bioma em relação a análise do solo, correção com calcário, adubação de pastagem, pastejo rotacionado, diferimento de pastagem, dentre outras. Ainda, foi constatada uma associação entre o comportamento de adoção de práticas e perfil de sistemas de produção. Por exemplo, propriedades que englobam as fases mais ao final do processo de produção (recria e/ou engorda) são mais propícias à adoção de tecnologia, em oposição às propriedades de cria. Ainda, há relação entre o tamanho da propriedade e a aplicação de algumas práticas, dentre elas a de acompanhamento/ controle de taxa de lotação das pastagens.
Detalhes das práticas de manejo e de como estão sendo adotadas pelos pecuaristas estão na publicação organizada pela Embrapa Pecuária Sudeste, Embrapa Gado de Corte e Embrapa Pantanal.
Pastagens no Brasil
No país, as pastagens constituem o principal uso da terra, ocupando cerca de 163,9 milhões de hectares, segundo informações do MapBiomas, em 2022.
A capacidade produtiva da pastagem pode ser comprometida pela incidência de pragas e doenças, por condições climáticas extremas, pelo superpastejo e por outros fatores que favorecem a perda de vigor das forrageiras e, como consequência o aparecimento de áreas de solo descoberto (sem vegetação) ou a proliferação de plantas daninhas.
Já existem tecnologias disponíveis para o pecuarista melhorar a produtividade do pasto e a maior eficiência do pastejo. A Embrapa desenvolve soluções em todos os biomas brasileiros, contribui para aprimorar os métodos de diagnóstico de degradação, disponibiliza boas práticas para manejo sustentável e recuperação de pastagem e oferece alternativas de capins mais produtivos e adequados a diferentes condições. Além disso, promove capacitações para técnicos e produtores rurais.
Fonte: Embrapa
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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