O movimento baixista, que se iniciou em maio, continua sendo explicado pelo aumento da disponibilidade interna de lácteos, devido ao avanço da captação nacional, às importações de lácteos ainda elevadas e ao consumo interno muito sensível ao preço
Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que o preço médio mensal do leite cru captado por laticínios registrou a quinta queda consecutiva. De agosto para setembro, a baixa foi de 9,08%, indo para R$ 2,0509/litro na “Média Brasil” líquida. Em um ano (de setembro/22 para setembro/23), o recuo é de expressivos 31,54%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro/23).
Segundo o Cepea, o movimento baixista, que se iniciou em maio, continua sendo explicado pelo aumento da disponibilidade interna de lácteos, devido ao avanço da captação nacional, às importações de lácteos ainda elevadas e ao consumo interno muito sensível ao preço.
Com isso, a pressão dos canais de distribuição nas negociações com os laticínios tem mantido em queda os preços dos derivados lácteos, e esse movimento vem sendo repassado ao produtor.
Em setembro, mesmo diante da retração de 21,8% no volume importado pelo Brasil, as compras externas ainda foram elevadas. De janeiro a setembro de 2023, as importações somam 1,6 bilhão de litros em equivalente leite, quase o dobro (90,4%) do volume registrado no mesmo período do ano passado.
As importações de lácteos somaram 154 milhões de litros em equivalente leite em setembro/23, volume 21,8% menor que o de agosto/23 e 24,3% abaixo do de setembro do ano passado, de acordo com dados da Secex. Esse recuo nas importações está atrelado ao aumento da disponibilidade interna e à queda generalizada dos preços ao longo da cadeia produtiva brasileira.
Em relação à produção nacional, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou alta de 0,36% de agosto para setembro – ressalta-se, contudo, que essa variação evidencia uma desaceleração na captação.
Além do clima adverso no Sul do País, o estreitamento da margem do pecuarista é outro fator que contribui para o crescimento lento da produção, apontou a instituição em seu relatório mensal.
Custo de produção em alta
Pesquisa do Cepea mostra que, de agosto para setembro, houve alta de 0,56% no Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil”. Trata-se da segunda alta consecutiva do COE, puxada sobretudo pela valorização dos insumos produtivos, como adubos, corretivos e diesel.
Além disso, é preciso lembrar que, desde julho, a retração da receita do produtor (preço do leite) supera a desvalorização do milho, diminuindo o poder de compra do produtor frente ao insumo. Em setembro, foram precisos 26,6 litros de leite para a compra de uma saca de milho – 12,3% a mais que em agosto. Esse cenário desperta preocupações ao setor, tendo em vista que a progressiva perda na margem do produtor pode diminuir os investimentos na atividade neste curto prazo.
Relação de troca no leite
Em agosto, o produtor de leite precisou de 23,7 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho, 4,1% a mais do que em julho. A piora na relação de troca se deve ao fato de a desvalorização do leite no período ter superado a do milho.
Apesar da perda do poder de compra do produtor frente ao insumo, é importante destacar que essa relação de troca entre abril e agosto permaneceu abaixo da média dos últimos 12 meses, de 28,1 litros/saca
Com maior oferta de lácteos e consumo doméstico muito sensível ao preço, os estoques de derivados nas indústrias e canais de distribuição cresceram em setembro. Assim, os preços do UHT, da muçarela e do leite em pó fracionado negociados entre laticínios e canais de distribuição no estado de São Paulo caíram 6,3%, 2,3% e 4,2% frente a agosto.
Esse resultado foi repassado ao produtor em setembro – e a expectativa do setor é de que o cenário de queda ainda se mantenha para o preço do leite cru captado em outubro, ainda que em menor intensidade.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.
Chuva intensa e calor nos próximos dias; confira a previsão da Climatempo para todo o Brasil Continue Reading Semana com previsão de temporais em diversas regiões; veja os detalhes do clima Ministro da Agricultura afirma que Brasil pode ir atrás de outros mercados, não aceitará desrespeito com os produtores. Capacidade do Porto de Itaqui será ampliada para 23,5 milhões de toneladas anuais com investimento de R$ 1,1 bilhão, impulsionando o escoamento pelo Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) enquanto prioriza a sustentabilidade e avanços em ações ambientais.
Continue Reading Terminal de Grãos do Maranhão recebe investimento de R$ 1,16 bilhão para expansão Que os fertilizantes, ou adubos são os grandes responsáveis pela nutrição das plantas, disso todo mundo já sabe. Mas será que eles são todos iguais? Existe um fertilizante ideal?
As nações mais vulneráveis às mudanças do clima chamaram o acordo de “ofensa”, alegando que ele não forneceu o volume necessário de recursos.
Continue Reading COP29 fecha acordo climático e chefe da ONU critica resultado O Focus desta semana trouxe a elevação de 3,10% para 3,17% na previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024.
Continue Reading Previsão para Selic em 2024 segue em 11,75%; 2025 avança a 12,25%, aponto FocusSemana com previsão de temporais em diversas regiões; veja os detalhes do clima
Indústria europeia terá benefícios com acordo, e protecionismo da França é desproporcional, diz Fávaro
Terminal de Grãos do Maranhão recebe investimento de R$ 1,16 bilhão para expansão
Existe um fertilizante ideal?
COP29 fecha acordo climático e chefe da ONU critica resultado
Previsão para Selic em 2024 segue em 11,75%; 2025 avança a 12,25%, aponto Focus