Entenda porque da necessidade de mostrar à sociedade um pouco de como é da porteira pra dentro, e como isso pode melhorar a imagem do setor
Você já deve ter ouvido várias frases impactantes sobre o agronegócio brasileiro, dentre elas “O agronegócio é responsável por 25% do PIB brasileiro“, “Produção brasileira alimenta 1/5 do mundo“, recentemente o grande jornalista Alexandre Garcia disse: “Covid-19: A saída para a crise econômica é o agronegócio”. De fato o nosso agronegócio passou a ser cortejado pelo mundo, diante da nossa capacidade de produção, recentemente fomos chamados de “Celeiro do Mundo“.
A boa notícia é que há espaço pra produzir ainda mais! Das áreas cultiváveis do Brasil aproximadamente 44% são ocupadas com pastagens, 46% destas áreas estão sem uso e apenas 10% são utilizadas para integração com agricultura.
Mas nem tudo são flores, por décadas a pecuária e agricultura brasileira, segundo a imprensa e sociedade urbana, foi responsável pelo desmatamento da Amazônia e maus tratos aos animais. A falta de comunicação e distanciamento da realidade sempre gerou um grande desconforto para o setor.
Depois de décadas sofrendo bullying, hoje temos centenas de projetos da porteira pra dentro que são verdadeiros orgulhos de sustentabilidade e bem-estar animal. Produzir em equilíbrio com a Natureza é a forma mais correta de produzir alimentos para a sociedade.
Até mesmo em áreas de preservação ambiental que, estão permanentemente vigiadas pelos ambientalistas, já se encontrou um equilíbrio. É possível produzir carne no Pantanal e Amazônia sem agressão ao meio ambiente. Nessas áreas, começa a ganhar espaço a produção da chamada “carne verde” ou sustentável, agora com o apoio de grandes redes e players do mercado. A “carne verde” vem do gado criado de uma forma diferente do convencional, que envolve proteção ao ambiente e preocupação com o bem-estar do animal, desde o nascimento do bezerro até o abate.
Boas práticas, sociais e ambientais, garantiram a criação do “Protocolo de Carne Sustentável”, chancelado pela WWF-Brasil, ONG dedicada a conservação da biodiversidade brasileira. “Graças à pecuária tradicional do Pantanal, 82% da planície pantaneira ainda está preservada. A parceria com o setor produtivo é de fundamental importância para que nossa missão de produzir em harmonia com a natureza seja alcançada garantindo a sustentabilidade socioambiental e econômica para esta e as futuras gerações”, diz Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil.
Para ser sustentável, a produção precisa seguir três critérios:
- ambiental: garantia de que não haverá mais desmatamentos e que as áreas já devastadas serão reaproveitadas e recuperadas, como na Amazônia e Pantanal;
- social: apresentar oportunidades aos pecuaristas da região, dos pequenos aos grandes;
- econômico: dar a esses produtores a opção de melhorar seu negócio e aumentar sua renda; em vez de precisarem investir e ter novas áreas para produzir mais, eles podem reaproveitar o terreno que já possuem; também conseguem abater o animal em menos tempo.
Comunicação como ferramenta no agro
A Flávia Tonin, jornalista e gestora de rede social para o agro, nos ajudou com algumas dicas essenciais na hora de se posicionar nas redes sociais.
A comunicação é uma ferramenta que está na nossa mão e à disposição de todos, principalmente com as redes sociais. Podemos impactar em nosso grupo de amigos ou de forma muito mais ampla, dependendo da estratégia e do nível de profissionalismo.
Ao optar por uma imagem ou vídeo é preciso ter critério, considerando que o material postado irá atingir pessoas com o mesmo repertório e conhecimento sobre o tema, como também outras que não vivem a mesma realidade. Quem está no agro, especialmente, precisa estar muito atento a esse ponto para que, de post em post, traga esclarecimentos sobre a atividade.
Para ter sucesso e crescer nas redes sociais é preciso ser verdadeiro e ter frequência. Os temas devem mesclar assuntos mais leves, os mais profundos, além de bastidores focando principalmente em oferecer conteúdo importante para as pessoas. E, por fim, aproveitar o local para conversa, fazer negócios e novos amigos.
Importância para o agronegócio
“É interessante que com as mídias sociais a gente se abre para o mundo. Nós compartilhamos o nosso trabalho pelas redes sociais e recebemos muitas mensagens de pessoas que compartilham o que estão fazendo também conosco. A rede social é a única forma de mostrar oque fazemos aqui de uma forma rápida. Ela permite um contato rápido com as pessoas. Nós acreditamos nas boas práticas de produção e aproveitamos para divulgar essas informações” – Carmen Perez, Pecuarista, Orvalho das Flores.
“Minha fazenda deve ter um Instagram da mesma forma como meu avô devia ter um rádio, meu pai uma TV, eu um notebook e agora um Instagram! Comunicação instantânea imediata com parceiros, fornecedores e clientes.”
José Luiz Tejon Megido
Palestrante, Professor e AutorCom toda tecnologia e inovação digital dos últimos anos, nossos consumidores adotaram a conectividade e a mobilidade pedindo uma nova forma de se relacionar com as marcas. “Percebemos a importância de utilizar as redes sociais como forma dinâmica de aproximar, criar engajamento direto e fidelizar clientes e consumidores. Pela facilidade ao acesso a internet, as redes sociais tem papel fundamental em promover de forma bastante significativa a exposição, crescimento e fortalecimento da marca” analisou Amália Sechis, sócia e diretora da Beef Passion.
“O Instagram tornou-se uma ferramenta de marketing e divulgação muito importante nos tempos atuais, inclusive nas propriedades rurais, que contam com uma conexão de internet muito ruim, ele pode ser bem explorado, afinal tanto os “urbanóides” quanto os produtores rurais não desgrudam mais do celular. Com uso do Instagram, os produtores ou empresas rurais podem fortalecer suas marcas, divulgar seus produtos e serviços gratuitamente, além de ter a possibilidade de melhorar o relacionamento com seu público-alvo. Quanto mais próximo estiver dele, mais autoridade e importância terá, o que pode levar a mais vendas ou mais reconhecimento de marca. Claro, não basta publicar qualquer coisa a todo o momento. Como qualquer outra ferramenta de comunicação, necessita estratégia. Nesse ponto há muitas empresas especializadas em Agronegócio que já prestam esse tipo de serviço, para uso mais profissional das redes sociais” nos explicou Adilson Rodrigues da diretor da Pec Press.
Conclusão, preciso mesmo estar online?
Esse questionamento surge pois na maioria das vezes os produtores rurais não tem contato com o consumidor final, isso dá uma sensação de que não há nada a ser feito, e é nesse ponto que discordamos.
“Toda fazenda deveria ter uma rede social, seja ela qual for. Quanto mais produtores compartilharem, e de certa forma, exibir o dia a dia da fazenda, mostrará ao consumidor como é o processo inicial de produção dos alimentos que chegam até a sua casa. A sustentabilidade e bem-estar animal devem ser itens indispensáveis na hora de produzir, pra quem está inserido no setor é fácil, pois vê na prática, entretanto, precisamos que os moradores de grandes cidades, que nunca visitaram uma fazenda tenham a real compreensão de como seu alimento chega até a gôndola do supermercado” ressaltou Marcio Peruchi, CEO da CompreRural.