A pergunta “vaca tem chifre?” pode parecer trivial, mas envolve aspectos científicos e práticos que vão muito além da curiosidade
Para os pecuaristas, a presença ou ausência de chifres não é apenas uma questão de aparência: trata-se de um fator que impacta o manejo, a segurança dos animais e até os custos de produção. A pergunta “vaca tem chifre?” pode parecer trivial, mas envolve aspectos científicos e práticos que vão muito além da curiosidade.
Com o Brasil liderando o cenário global da pecuária, tendo um rebanho bovino estimado em 225,4 milhões de cabeças em 2023 , segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), questões como essas são fundamentais para a eficiência do setor. A produção de carne bovina no país alcançou um recorde de 8,91 milhões de toneladas no mesmo ano, consolidando sua importância na economia nacional e internacional.
Vacas têm chifres? Depende da genética
A presença de chifres em bovinos é determinada geneticamente . A herança que define essa característica segue os princípios mendelianos da genética, com o chamado caráter “mocho” – ausência de chifres – sendo controlado por um gene recessivo.
- BB (dominante em dose dupla): Animal com chifres.
- Bb (dominante em dose simples): Animal com chifres, mas portador do gene recessivo.
- bb (recessivo em dose dupla): Animal mocho (sem chifres).
O avanço da biotecnologia no setor peculiar permitiu que os criadores utilizassem ferramentas de seleção genética para obter animais com características específicas, como a ausência de chifres. Essa prática reduz custos e melhora a segurança no manejo .
Raças com e sem chifres: uma diversidade funcional
A peculiaridade brasileira é caracterizada pela ampla diversidade de raças , cada uma adaptada a diferentes sistemas produtivos e condições climáticas. Algumas delas, tradicionais, apresentam chifres, enquanto outras possuem linhas desenvolvidas para serem mochas.
Raças com chifres mais comuns no Brasil:
- Menina
- Guzerá
- Holandês tradicional
- Pardo-Suíço
Raças mochas ou com linhagens mochas:
- Nelore Mocho
- Angus Polled
- Hereford sondado
- Senepol
A seleção de raças sem chifres tem ganhado destaque nos últimos anos, impulsionada pelo crescimento de sistemas intensivos de produção. Dados do setor indicam que, em 2022, cerca de 30% dos criadores no Brasil já priorizavam animais mochos para facilitar o manejo.
Para que servem os chifres?
Na natureza, os chifres têm papéis importantes . Eles são usados para defesa contra previsões e para estabelecer diretrizes dentro do grupo, garantindo o acesso a recursos como água e alimento. Em sistemas produtivos, no entanto, essas características podem representar um desafio, aumentando o risco de danos e conflitos entre os animais.
Estudos apontam que bovinos com chifres têm 40% mais chances de se prejudicarem em disputas por território ou alimento. Além disso, em ambientes confinados, a presença de chifres exige adaptações estruturais, como currais e bretes mais robustos, elevando os custos operacionais .
Por que escolher animais mochos?
A criação de bovinos sem chifres oferece diversas vantagens econômicas e práticas . Entre os principais benefícios, destaque-se:
- Redução de custos operacionais: A ausência de chifres elimina a necessidade de procedimentos de descorna, que podem custar de R$ 10 a R$ 25 por animal , dependendo do método utilizado.
- Menos riscos no manejo: Dados da Embrapa mostram que o risco de acidentes envolvidos em tratadores diminui em até 60% com animais mochos .
- Carne de melhor qualidade: Estudos indicam que lesões e hematomas, comuns em animais com chifres, podem reduzir em até 3% a qualidade das carcaças , afetando o valor comercial.
- Maior densidade no transporte: Sem chifres, é possível transportar até 15% mais animais no mesmo espaço , otimizando os custos logísticos.
A descoberta ainda é necessária?
Mesmo com o avanço da genética, a descoberta – remoção dos chifres – ainda é uma prática comum em muitas propriedades. Em sistemas intensivos, onde os animais convivem em espaços restritos, a escolha se torna essencial para evitar acidentes e melhorar a segurança dos rebanhos.
Os métodos mais utilizados incluem:
- Descorna química: Aplicação de pasta cáustica em bezerros com poucos dias de vida. É simples e econômico, mas requer cuidados para evitar queimaduras indesejadas.
- Descorna térmica: Realizada com ferro quente em animais jovens. É rápido e eficaz, mas exige habilidade do operador.
- Descorna cirúrgica: Indicada para animais adultos, é feita por veterinários e envolve maior custo e cuidados pós-operatórios.
O pós-procedimento exige atenção especial , incluindo o uso de medicamentos para prevenir infecções e aliviar a dor. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária, a recuperação adequada pode levar de 7 a 15 dias .
O futuro da pecuária e dos bovinos mochos
A escolha por animais sem chifres não é apenas uma tendência, mas uma estratégia controlada aos objetivos de sustentabilidade e eficiência da pecuária moderna. Com a crescente demanda por carne de qualidade e práticas mais seguras e econômicas, uma seleção de raças de mochas tem uma solução prática e rentável.
No Brasil, onde a pecuária representa cerca de 8,5% do PIB agropecuário , decisões como essas são cruciais para manter a competitividade no mercado global. O manejo inteligente de rebanhos, aliado à tecnologia genética, pode contribuir ainda mais para o setor, contribuindo para um futuro mais produtivo e sustentável.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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