Empresas frigoríficas brasileiras se instalaram também nos mais exigentes países produtores demonstrando o nosso profissionalismo também do lado de fora da porteira.
Em 1939, época em que o Brasil importava alimentos, Dorival Caymmi compunha a musica “O que é que a baiana tem?” consagrada na voz de Carmem Miranda a partir do filme “Banana da Terra”. Hoje, 81 anos depois, em pleno Carnaval de 2020, a nossa atuante Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Teresa Cristina da Costa Dias, anunciou que os Estados Unidos da América liberaram a importação de carne bovina brasileira, suspensão imposta em 22 de junho de 2017.
A reabertura desse exigente mercado, não só engrossa a lista dos mais de 140 países que consomem nosso nobre produto nos cinco continentes, mas carimba o passaporte brasileiro para atingir a mesa de qualquer mercado do planeta.
Mas o que é que a nossa carne bovina tem? Por que será que vem conquistando cada vez mais mercados? Por todos os prismas que o consumidor analisar, fica fácil entender porque este produto caiu no gosto do mundo todo.
Com mais de 60% de cobertura vegetal nativa, o Zebu trazido da Índia – assim como as gramíneas da África – encontraram no clima tropical brasileiro substrato para perfeita adaptação. Foi um casamento perfeito.
A comida farta a campo garantiu a multiplicação dos animais a ponto de atingirmos mais de 220 milhões de cabeças de gado, criados em sua esmagadora maioria a pasto, mostrando que o tripé da sustentabilidade é igualmente forte na carne brasileira: Economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta.
O desmatamento evitado atingiu proporções tão expressivas que – somente tomando como exemplo o estado de Mato Grosso – se utilizássemos as técnicas de 1990 para a exploração pecuária teríamos desflorestado 20 milhões de hectares a mais para termos o plantel que atual: cerca de 30 milhões de cabeças.
O produtor brasileiro vem em uma inegável ascendência profissional. Os pioneiros, com suas famílias, ocuparam o território sob as ordens do “integrar para não entregar”.
Hoje, técnicas modernas levam um número cada vez maior de produtores a adotar sistemas integrados (com lavoura e florestas, por exemplo), modelos de intensificação produtiva que recuperam pastagem através de correções, rotações e adubações, sem falar em melhoramento genético e nas estratégias de suplementação, que elevaram exponencialmente a quantidade e a qualidade da carne.
Os cruzamentos industriais com raças britânicas, (sobretudo a Angus) e o melhoramento do nosso Nelore são realidades inquestionáveis.
Através da ultrassonografia descobrimos que o número de zebuínos possuidor de gordura entremeada, o famoso marmoreio, era muito maior do que imaginávamos. Atualmente, esses indivíduos estão sendo multiplicados geometricamente através da inseminação artificial e da fecundação in vitro. Dessa forma já começamos a atender grifes de carne marmorizada também com o nosso Nelore, cujo sangue está presente em mais de 80% do nosso rebanho.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), criado em 1860 (na época batizado como Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas), conta hoje com mais de 11 mil funcionários e os serviços de defesa sanitária animal e vegetal estaduais estão presentes em praticamente todos os municípios da Federação, certificando a qualidade de todos os nossos produtos agrícolas.
Perto de completar uma década e meia sem nenhuma ocorrência de febre aftosa no País, estamos seguindo o plano de erradicação da doença que tem a retirada da vacinação em todo o Brasil prevista já para o ano que vem.
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As empresas frigoríficas brasileiras se instalaram também nos mais exigentes países produtores demonstrando o nosso profissionalismo também do lado de fora da porteira. Portanto, quantidade, qualidade, sanidade, sustentabilidade, sabor inigualável, maciez e suculência. É isso que a carne brasileira tem.
Por Francisco de Sales Manzi, médico veterinário e diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).