Pomares paulistas aumentam espaço para novas variedades de citros

A citricultura é o sexto maior negócio em valor de produção agrícola entre os produtos agrícolas brasileiros

O Brasil é maior produtor de laranja e exportador do suco da fruta no mundo, são cultivadas menos de 20 variedades de laranja, comercialmente, e apenas seis delas representam 92% dos pomares no cinturão citrícola.

Cinco variedades, recomendadas ou lançadas pela Embrapa, de porta-enxerto estão sendo usadas em mudas multiplicadas por agricultores paulistas e adotadas pelos produtores do cinturão citrícola. A região composta pelo planalto paulista e Triângulo Mineiro e Sudoeste de Minas Gerais apresentam boa produtividade, boa qualidade de frutos, resistência a doenças importantes da citricultura e tolerância à seca, uma realidade hoje na região.

O citros é formada por dois indivíduos distintos: o porta-enxerto, que corresponde às raízes e parte do tronco da planta, e a copa, parte aérea responsável pelas características dos frutos. “É o porta-enxerto que dá sustentação e adaptação ao ambiente no qual a planta se encontra. Então, se ele for resistente a uma doença, por exemplo, vai passar essa característica à combinação copa/porta-enxerto”, explica o pesquisador Walter dos Santos Soares Filho, coordenador do Programa de Melhoramento Genético de Citros (PMG Citros) da Embrapa, iniciado em 1988.

A participação de algumas espécies, como a tangerineira Sunki BRS Tropical, o trifoliata Flying Dragon e os citrandarins Indio, Riverside e San Diego entre os mais utilizados no cinturão citrícola é comemorada pelos pesquisadores. “É uma conquista importante porque, em décadas anteriores, praticamente não se usavam porta-enxertos da Embrapa extensivamente no estado. É um indicador de que as pesquisas foram assertivas e de que esses materiais têm valor, já que os produtores vêm adotando”, salienta Eduardo Augusto Girardi, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) e coordenador da Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) Cinturão Citrícola, sediada em Araraquara (SP).

Com a baixa diversificação de variedades de copas e porta-enxertos de citros a cadeia produtiva no Brasil acaba por torna frágil e vulnerável a atividade. O mais grave é a elevada concentração dos pomares em uma só variedade, especialmente no que diz respeito ao surgimento de novas doenças.

“É uma péssima decisão para o produtor manter o seu pomar somente com um porta-enxerto e a Embrapa vem alertando os produtores há muitos anos sobre isso”, diz o pesquisador Orlando Sampaio Passos. “Primeiro, foi a laranjeira azeda que era usada exclusivamente. Veio a tristeza dos citros nos anos 1930 [causada por um vírus que circula na seiva da planta e tem a sua disseminação pelas mudas e pelo pulgão-preto] e foram dizimados os pomares de São Paulo e da Bahia. Depois, o limoeiro Cravo também passou a ser de uso praticamente exclusivo até 2000 e, como foi mostrado pela doença morte súbita dos citros [que causa a morte em poucos meses e ainda não tem causa confirmada], toda planta que estava enxertada sobre ele no norte de São Paulo morreu devido a essa doença. Forçado pela morte súbita, o produtor paulista começou há alguns anos a diversificação com o citrumelo Swingle, resistente à doença, mas mais intolerante à seca, e agora tem a participação dos porta-enxertos da Embrapa e de outros citrandarins desenvolvidos pelo Instituto Agronômico, o IAC”, afirma.

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