Ta faltando ovo no mundo! Estados Unidos, Reino Unido, Portugal e Nova Zelândia estão entre os países que enfrentam disparada de preços e falta de ovos neste início de ano. Vai faltar no Brasil também?
Milhões de pessoas estão sofrendo ao redor do mundo com a redução na oferta de ovos de galinha. Pode-se dizer que já há uma escassez global dessa proteína, que é tão consumida no Brasil. Aliás, a população daqui teme que esse cenário eleve ainda mais os preços no país. A saber, há diversos relatos em redes sociais sobre a falta de ovo em supermercados de vários países. Há reclamações sobre a situação nos Estados Unidos, na Nova Zelândia, em Portugal, no Reino Unido e em vários outros países europeus.
Embora esteja havendo, de fato, uma escassez global de ovos de galinha, os motivos que fizeram a situação chegar a esse ponto são específicos a cada região.
Nos EUA hoje existe um limite de duas dúzias por pessoas e o preço chega a quase 10 dólares a dúzia. De acordo com uma reportagem do jornal The Washington Post, que citou dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, mais de 44 milhões de aves poedeiras já morreram nos EUA devido ao surto de influenza. Isso representa cerca de 4% ou 5% do plantel do país.
“A gripe é o fator mais importante afetando o preço dos ovos”, disse disse Maro Ibarburu ao Washington Post. Ele é analista de mercado do Egg Industry Center da Universidade Estadual de Iowa. “Neste surto, em termos de aves poedeiras, nós perdemos 10 milhões de aves a mais do que no último surto, em 2015”, acrescentou Ibarburu.
Em suma, o volume elevado de animais mortos neste surto se deve à sua área de abrangência, uma vez que 47 dos 52 Estados americanos foram atingidos com a epidemia de influenza aviária desde fevereiro de 2022.
Além disso, há legislações locais que proíbem a criação de galinhas em gaiolas para promover o bem-estar animal. Essa decisão retirou alguns produtores do mercado, reduzindo a oferta no país, o que ajudou à agravar a escassez de ovo de galinha em vários locais dos EUA.
Nova Zelândia reduz oferta de ovo
Por sua vez, na Nova Zelândia, o que mais vem reduzindo a oferta de ovos de galinhas é a sua nova legislação. Desde 2012, o país deu início a um processo gradual para eliminar as aves poedeiras criadas em gaiolas. Isso aconteceu com o mesmo objetivo dos EUA, para promover o bem-estar animal.
O plano do país era eliminar toda essa criação até 1º de janeiro de 2023, mas isso não aconteceu. Ainda assim, houve uma redução expressiva no número de animais nessas condições. A saber, 86% das galinhas poedeiras da Nova Zelândia eram criadas em gaiolas em 2012. Já em dezembro de 2022, esse percentual era de apenas 10%, segundo o jornal britânico The Guardian.
Essa mudança também aumentou os custos de produção, mas não houve aumento proporcional da demanda por ovos no país. Isso fez a quantidade de ovo produzido cair, resultando na escassez do item.
Tá, e o Brasil? Vai faltar?
No Brasil, a população não deverá sofre com a escassez de ovos de galinhas. Pelo menos é o que afirma Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e do conselho administrativo de Instituto Ovos Brasil. Contudo, os preços do ovo deverão continuar bastante elevados em 2023. Em síntese, isso acontecerá, principalmente, por causa dos altos preços que o milho atingiu em 2020, e cujas consequências ainda estão sendo sentidas pela população.
“O Brasil não está sofrendo isso [escassez de ovos]. Nós nunca tivemos influenza aviária e sofremos o problema do custo com mais força em 2020, devido à seca”, disse Santin.
“Tivemos uma queda de 5% da produção de ovos em 2022 e estamos projetando recuo de 2% em 2023, fruto da diminuição de matrizes [aves poedeiras] no tempo do pico do milho, quando ele chegou próximo a R$ 100 a saca”, acrescentou.
A ABPA estima a produção brasileira de ovos em 2022 em 52 bilhões de unidades, com consumo per capita (por pessoa) de 241 unidades. Em 2023, a produção deve recuar a 51 bilhões, com consumo per capita de 235 unidades. As exportações, por outro lado, devem ter avanço de 10% entre 2022 e 2023, para 11 mil toneladas, justamente devido à escassez em outras partes do mundo. Mas, como 99% da produção brasileira de ovos é destinada ao mercado interno, a associação avalia que o aumento da exportação terá pouco efeito sobre os preços internos.
Ainda assim, preços elevados este ano serão inevitáveis, prevê a ABPA.
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