Enquanto alguns países veem a carne dos equinos como uma iguaria, no cenário brasileiro, a prática é menos comum e frequentemente suscita curiosidade e até mesmo controvérsia. Mas pode ou não consumir carne equina no Brasil? Veja
A questão sobre se é permitido ou não consumir carne de cavalo no Brasil é uma discussão que permeia não apenas aspectos legais, mas também questões culturais e éticas. Enquanto alguns países veem a carne dos equinos como uma iguaria, no cenário brasileiro, a prática é menos comum e frequentemente suscita curiosidade e até mesmo controvérsia.
Do ponto de vista legal, a resposta é sim, é possível consumir carne de cavalo no país. Essa liberação está respaldada pelo decreto 9.013, de 2017, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que classifica os equinos como “espécies de açougue“, sujeitas às mesmas regulamentações que bovinos, suínos e outras espécies destinadas ao consumo humano. Isso significa que o abate e a comercialização de carne de cavalo devem ocorrer em estabelecimentos que sigam as normas de inspeção e fiscalização sanitária.
Entretanto, apesar da legalidade, o consumo de carne de cavalo no Brasil é relativamente baixo em comparação com outras carnes mais tradicionais, como bovina, suína e de frango. Esse cenário pode ser atribuído, em grande parte, a fatores culturais. No Brasil, os cavalos têm sido historicamente associados a atividades como transporte, trabalho e, em alguns casos, até mesmo como animais de estimação, o que cria uma barreira cultural para o consumo de sua carne.
Em contraste, em outros países, como Hong Kong, China, Rússia, França, Bélgica e Itália, o consumo da proteína equina é mais comum e até mesmo considerado uma iguaria. Por exemplo, os japoneses desenvolveram o “basashi“, um tipo de sashimi feito com carne de cavalo, demonstrando como a aceitação e preparação da carne podem variar significativamente entre culturas.
Além das considerações legais e culturais, a ética também desempenha um papel importante na discussão sobre o consumo de carne de cavalo. Há quem defenda que certas práticas envolvidas na criação e abate de cavalos para consumo humano podem ser cruéis e antiéticas, o que tem levado a propostas legislativas, como o projeto de lei apresentado pelo deputado Ney Leprevost (União Brasil-PR), visando proibir o abate de cavalos no Brasil.
Qual o gosto da carne de cavalo?
Quando se trata de explorar novos horizontes culinários, a carne de cavalo muitas vezes surge como uma opção intrigante e, para muitos, desconhecida. Com uma coloração semelhante à carne bovina, mas com uma textura distinta e uma história cultural complexa, a carne oferece uma experiência gastronômica única para aqueles dispostos a experimentar.
Em termos de sabor, é frequentemente descrita como firme e suculenta, com uma complexidade que a diferencia de outras carnes mais comuns. Sua coloração, embora semelhante à carne bovina, tende a ser ligeiramente mais escura, refletindo talvez uma dieta diferente e as características individuais da espécie.
A firmeza é outra característica distintiva. Ao contrário de algumas carnes mais gordurosas, a carne de cavalo tende a ser mais magra, com uma textura mais densa e firme. Isso a torna uma opção ideal para pratos que exigem uma carne mais robusta, como ensopados, guisados e até mesmo grelhados.
Além do sabor e da textura, a proteína também oferece benefícios nutricionais que podem surpreender muitos paladares. Estudos mostraram que ela é mais magra do que algumas outras carnes comuns, como a carne bovina, e contém níveis mais elevados de proteína. Além disso, ela é uma excelente fonte de ferro e zinco, nutrientes essenciais para uma dieta equilibrada.
Valor da proteína equina e exportações brasileiras
Além de explorar os aspectos sensoriais e nutricionais da carne de cavalo, outro ponto fundamental a ser considerado é o seu preço e sua presença no mercado. Em um contexto em que a carne bovina é a protagonista indiscutível da culinária brasileira, o preço dessa iguaria pode ser um fator determinante para sua aceitação e popularidade entre os consumidores.
Aproximadamente R$ 25 reais por quilo é o valor médio no mercado brasileiro, dependendo, é claro, dos cortes específicos e da região geográfica. Essa faixa de preço a coloca como uma opção viável para aqueles que buscam variedade em suas escolhas alimentares, sem comprometer significativamente o orçamento familiar.
É interessante notar que, apesar de não ser um hábito arraigado na cultura brasileira, o Brasil figura como o terceiro maior exportador de carne equina do mundo. Com quase mil toneladas exportadas anualmente, a carne de cavalo brasileira encontra mercado principalmente em países como França, Bélgica, Itália, Rússia, Suíça e Japão. Nessas nações, ela é valorizada tanto pela sua qualidade quanto pela sua singularidade, sendo utilizada em embutidos ou em pratos especiais oferecidos em restaurantes de luxo.
Assim, enquanto o preço acessível e a crescente demanda internacional destacam o potencial da carne de cavalo como uma commodity de valor no mercado brasileiro e global, as barreiras culturais e legislativas ainda podem representar desafios significativos para sua aceitação generalizada.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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