Prática conservacionista traz inúmeros benefícios, entre eles a diminuição dos custos da lavoura e otimização do maquinário
Na fazenda Dois Irmãos de Naviraí (MS), que pertence à empresa Colpar Participações, a colheita foi bem mais farta. A propriedade registrou produtividade de cerca de 65 sacas por hectare. “Ficamos muito satisfeitos com o resultado desta safra, tivemos uma colheita bem acima da realidade da nossa região”, diz Alexandre Maschietto, agrônomo e gerente.
Na fazenda de 10 mil hectares, onde também é cultivado milho e há integração Lavoura-Pecuária com criação de bovinos, o Sistema Plantio Direto (SPD) foi adotado há pouco mais de um ano e já há resultados para comemorar. “Utilizamos a braquiária para fazer a forragem, que é ideal para a nossa região, pois ela mantém a água no solo para os momentos de maior necessidade”, afirma Maschietto.
De acordo com o agrônomo, os ganhos obtidos nesta safra provam que, mesmo em uma região onde tradicionalmente não era propícia para a soja, a cultura apresenta boas perspectivas com o SPD. “Onde há braquiária, boi, soja e milho, com um manejo feito de forma correta, as coisas vão fluir e gerar mais rendimentos.
Nossos resultados têm comprovado isso”, diz ele. Metas de longo prazo O agricultor Benedito Hélio Orlandi, que simpaticamente atende pelo apelido de “Bertola”, também é um grande defensor do SPD.
No seu Sítio São João, de pouco mais de 200 hectares, localizado em Palmital (SP), Orlandi tem uma meta definida para 2018: produzir 100 toneladas de cana por hectare. Para alcançar este objetivo, o produtor terá como principal ferramenta o plantio direto e explica exatamente qual será a sua estratégia.
“Vou semear duas plantas de cobertura na lavoura, o nabo forrageiro e o milheto. Ambas têm sementes semelhantes e vão facilitar o plantio”, diz Orlandi.
Após 75 dias do cultivo da cultura de cobertura, o agricultor explica que vai roçá-la, avaliar a compactação do solo e fará a análise laboratorial para medir as necessidades nutricionais. Após essa primeira fase, ele deixará essa cultura forrageira brotar novamente, e depois de 45 dias vai dessecá-la.
“Em outubro, terei a terra pronta para entrar com o plantio direto da soja nessa área e na safra 2018/2019 volto com a cana-de-açúcar, finalizando minha estratégia”, afirma Orlandi.
O agricultor que tem sua rotina dividida entre sua propriedade e a vice-presidência da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação, do Estado de São Paulo, é adepto ao sistema desde 1984.
Para ele, o método traz inúmeros benefícios, entre eles, a diminuição dos custos, otimização do maquinário, melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e ainda a redução dos gases do efeito estufa. “Esta é a melhor prática conservacionista que existe para trabalhar em sistema de produção principalmente em clima tropical”, diz.
Fonte: SFAGRO