Piauí desponta como novo gigante da Agricultura

Estado nordestino teve sua produção agrícola incrementada em mais de 380% nos últimos oito anos; agronegócio é o principal colaborador para posicionar o Piauí em segundo lugar no Nordeste

A evolução do agronegócio no estado do Piauí tem sido comemorada, principalmente após a constatação do novos recordes registrados no setor. No acumulado dos últimos oito anos, o valor da produção agrícola no Piauí cresceu 384%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo revela ainda que a produção agrícola no estado saltou de R$ 2,6 bilhões, em 2015, para quase R$ 13 bilhões, no ano passado. O agronegócio é o principal colaborador para posicionar o Piauí em segundo lugar no Nordeste com maior participação nos R$ 814 bilhões da produção agrícola nacional.

O Estado do Piauí possuí uma região que engloba o Matopiba, também composta por Tocantins (38%), Maranhão (33%) e Bahia (18%), onde ocorreu forte expansão agrícola a partir da segunda metade dos anos 1980, especialmente no cultivo de grãos. A topografia plana e o baixo custo das terras comparado às áreas consolidadas do Centro-Sul levaram alguns produtores rurais empreendedores a investir na então nova fronteira agrícola.

Os quatro estados devem atingir uma produção de grãos de 48 milhões de toneladas nos próximos dez anos, alta de 37%, em uma área plantada de 11 milhões de hectares, em 2032/33.

A expansão aconteceu sobre áreas de cerrado, especialmente pastagens subutilizadas, e só foi possível pela disponibilidade de tecnologias para viabilizar os plantios nas condições locais. Os sistemas de produção são intensivos desde a implantação e buscam alta produtividade. A produção agropecuária do Matopiba é marcada pelas grandes colheitas de grãos, especialmente soja, milho e algodão.

Entre as variáveis consideradas pela Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do IBGE, divulgada recentemente, estão área plantada/colhida, produção obtida e rendimento da colheita, das lavouras temporárias e permanentes. Por meio desses dados, o órgão apontou os principais produtos agrícolas do Piauí, tais como soja, milho, mandioca, cana-de-açúcar, feijão, arroz, algodão herbáceo, banana, melão e melancia.

O levantamento apontou também que o Piauí ocupa a 13º colocação entre as unidades da federação ao considerar o valor total da produção agrícola em 2023, com 1,59%. Seis municípios piauienses respondem por 72% desse cenário. São eles: Baixa Grande do Ribeiro, Uruçuí, Ribeiro Gonçalves, Bom Jesus, Santa Filomena e Currais.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Piauí produziu 3,8 milhões de toneladas de soja na safra 2023/24, um aumento de 88% em relação à safra anterior, ficando na 11ª posição nacional. Para o ciclo 2024/25, a expectativa é que a produção supere esse número. Em relação ao milho, o Piauí teve uma produção de 2.591.483 toneladas, o que lhe alçou à 8ª posição no país.

Expectativas para a próxima safra

O plantio de soja 2024/25 iniciou em algumas áreas do sul e do sudoeste do Piauí nessa semana, após o registro das primeiras chuvas na região em meses entre terça-feira e quarta-feira. Quem informa é o diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Piauí), Rafael Maschio, que concedeu entrevista à Safras News.

A Aprosoja prevê que a área de soja cresça entre 2% e 4% em relação aos 1,087 milhão de hectares plantados na temporada 2023/24, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento.

Na última safra, os produtores do estado colheram em média 3.848 quilos por hectare de soja. Neste ano, há uma possibilidade de que os produtores possam vir a reduzir os investimentos voltados à soja. Mas, se as condições climáticas ajudarem, será possível colher ao redor de 3.600 quilos por hectare de soja.

Municípios em destaque

Os municípios de Baixa Grande do Ribeiro e Uruçuí estão entre os 50 maiores produtores de soja e milho do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) de 2022, que fez um balanço referente à produção de grãos do ano passado em todo o país.

Uruçuí, com uma área plantada de cerca de 350 mil hectares, é o segundo maior produtor de soja do estado, com uma produtividade média entre 55 e 60 sacas por hectare. Em relação à produção de milho, no mesmo período, Uruçuí se destacou na 36ª posição em maior volume de produção do Brasil, com 571.207 toneladas de grãos. Na 40ª posição, com 520.653 toneladas, aparece Baixa Grande do Ribeiro. A cidade de Sorriso, no Mato Grosso, foi destaque novamente na primeira posição.

De acordo com a pesquisa, em 2022, Baixa Grande do Ribeiro atingiu a 20ª posição com o maior volume de produção de soja do Brasil, com 812.354 toneladas de grãos. Logo abaixo, na 39ª posição, aparece Uruçuí, com 588.747 toneladas. No Brasil, a cidade com a maior produção de soja foi Sorriso, no Mato Grosso, com mais de 2 milhões de toneladas.

Um dos motivos para o crescimento da produção de grãos da região foi a vinda de agricultores do Rio Grande do Sul que se instalaram na área. O produtor rural Tarcísio Balsan foi um dos primeiros.

“Decidimos mudar para cá buscando um futuro melhor, uma área maior, visto que no Rio Grande do Sul eram áreas menores e o preço das terras estava ficando bastante alto. Aqui [região de Uruçuí], por ser uma região nova, se tinha acesso a uma área maior e se conseguia aumentar a produção”, conta.

Assim, a soja teve um papel fundamental no crescimento do município. De acordo com a Associação dos Produtores Rurais de Nova Santa Rosa, região de Uruçuí, a cultura é responsável por cerca de 90% da economia local. O desenvolvimento econômico e social trouxe à região comércios e até um centro de tradições gaúchas. Com o crescimento do município, moradores de outras cidades do Piauí se mudaram para lá em busca de crescimento profissional.

maior fazendeiro
Foto: Divulgação

Conheça um dos gigantes do Piauí

Em todos os estados do Brasil, encontramos grandes fazendeiros, e o Piauí não foge a essa realidade. Mesmo não figurando entre os 10 maiores estados em território, há um produtor impressionante na região, cultivando mais de 90 mil hectares, conhecido como o maior fazedeiro do Piauí.

Alguns veículos de notícias chegam a chamá-lo de “o dono do Piauí” devido à extensão de suas terras. O que torna essa história ainda mais notável é que ela não remonta a 50 ou 80 anos atrás, como muitas outras famílias de fazendeiros em diferentes estados. Surpreendentemente, a trajetória teve início de maneira mais recente.

Cornélio Adriano Sanders, um descendente holandês, chegou ao Piauí em 2001. Identificando nas terras férteis de Uruçuí uma oportunidade para expandir suas atividades agropecuárias, ele fundou o Grupo Progresso, hoje um dos principais produtores de soja, milho e algodão na região.

Com base nas terras adquiridas pelo pai e com o apoio experiente de Cornélio, a família Sanders estabeleceu a Fazenda Progresso, tornando-se uma das maiores empresas agrícolas da região. Inicialmente, a fazenda abrangia aproximadamente 32 mil hectares de plantações de grãos em uma área total de 54.000 hectares, que incluía uma parte dedicada à preservação da vegetação.

Embora os primeiros passos tenham sido desafiadores, a família Sanders, munida de determinação, conhecimento técnico e árduo trabalho, transformou as terras brutas do Piauí em uma operação agrícola de sucesso. Com o tempo, a empresa expandiu, adquirindo novas propriedades e totalizando 91 mil hectares destinados ao cultivo de soja, milho, algodão e sementes de soja.

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Preocupação com o bioma Cerrado

O estado do Piauí foi o único da região do Matopiba que apresentou diminuição nos índices de desmatamento no bioma Cerrado. Já em um cenário nacional, dos 13 estados que possuem vegetação do tipo Cerrado, o Piauí foi um dos cinco que apresentaram redução na supressão da vegetação. Os dados foram apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Os dados fazem parte do mapeamento realizado pelo INPE, através do projeto Prodes Cerrado, que busca acompanhar a evolução do desmatamento deste bioma. Segundo os resultados do mapeamento referente a 2023, no Piauí houve uma variação de -5,5% da área suprimida, compreendendo uma área total de 61,27 km². Os únicos estados que possuem vegetação Cerrado e apresentaram diminuição na supressão do bioma foram Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí e São Paulo. Esses números colocam o Piauí como o único da região do Matopiba que apresentou redução na área desmatada.

Com informações de Codevasf, Expedição do Soja Brasil e Canal Rural

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