Petrobras fecha fábricas de ureia e preocupa agronegócio

Petrobras fecha fábricas de ureia na Bahia e Sergipe no último mês, que poderá causar sérios problemas de abastecimento no setor agrícola e pecuário.

A Petrobras confirmou o fechamento das duas fábricas de ureia, como parte do esforço da companhia para focar os investimentos em ativos que tenham menor risco e tragam mais retorno financeiro. A estatal informou que essa decisão já foi prorrogada uma vez, mas não disse se há possibilidade da data ser adiada novamente.

“170 milhões de reses bovinas estão sob risco iminente pelo desabastecimento de ureia pecuária. A Petrobras resolveu intempestivamente fechar as fábricas de uréia, deixando o sistema de produção pecuário brasileiro sob risco. Não há garantias de quantidade, preço e qualidade da uréia importada utilizada como suplemento animal. Há sérios riscos de contaminação, colocando em risco todo o rebanho nacional” comentou Maurício Velloso, presidente da Associação do Novilho Precoce do Estado de Goiás.

Confira nota da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais

A Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), defendeu nesta terça-feira, dia 10, em audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, a manutenção das atividades das unidades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) da Petrobras na Bahia e em Sergipe. A fábrica também tem unidades em Mato Grosso do Sul e no Paraná. Para as duas entidades, o fechamento das unidades provocaria prejuízos à economia da região, com o desemprego de 1,4 mil pessoas, e poderia aumentar os custos de produção com a importação do insumo. A Fafen produz fertilizantes como amônia e ureia, que são importantes para a produção agropecuária, usados na adubação de culturas e pastagens e na alimentação de ruminantes

Para o senador Eduardo Amorim (PSDB/SE), autor do requerimento para a realização da audiência pública, o fechamento da Fafen na Bahia e em Sergipe vai desabastecer o mercado agrícola e tornar o País vulnerável e dependente do mercado externo. As fábricas deveriam encerrar as atividades em junho deste ano, mas uma decisão do presidente Michel Temer de criar um grupo de trabalho para tratar do assunto estendeu as atividades da Fafen nos dois estados até o mês de outubro.

Preço do sal mineral pode subir em mais de 15% com fechamento de fábricas de ureia

Importação

Com o encerramento das atividades da Fafen-BA, o abastecimento do mercado de ureia fertilizante será feito por importação – o que impacta na forma produtiva das companhias misturadoras de adubo. A Petrobras informou que realizará investimentos no Porto de Aratu de forma a viabilizar a importação de amônia e o atendimento ao Polo Petroquímico de Camaçari. Para gás carbônico, há alternativas de suprimento no próprio Polo Petroquímico de Camaçari que serão discutidas com os clientes, segundo a companhia.

Sobre a Ureia

A ureia é a principal fonte de nitrogênio para a agricultura brasileira, sendo responsável por cerca de 57% do consumo no Brasil. Sintetizada a partir da amônia e do gás carbônico, sob condição de temperatura e pressão elevadas, a ureia é utilizada como matéria-prima na indústria e agropecuária no Brasil.

Entrevista veiculada pela UOL:

TABELAMENTO DO FRETE

Em depoimento ao apresentador Mauro Sérgio Ortega, o presidente da Asbram comentou ainda  uma possível repercussão do tabelamento do frete sobre a suplementação de bovinos no Brasil. Leal foi categórico ao afirmar que a alteração, que foi implementada pelo governo federal após a greve dos caminhoneiros, inviabilizaria o setor. Ele exemplificou que hoje, o frete de uma tonelada de sal branco saída da região de Mossoró-RN para o estado de Goiás custa entre R$ 200 e R$ 220. Pela nova política de preços, o valor subiria para R$ 500.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM