Peste Suína: Entenda a doença e seus efeitos na economia

Com perdas bilionárias previstas em caso de disseminação descontrolada da peste suína, entender a doença e seu impacto na economia é crucial para proteger o mercado global de carne suína e as economias locais dependentes desse setor.

A peste suína é uma doença altamente contagiosa e mortal que vem preocupando produtores de suínos ao redor do mundo. Embora não represente risco para a saúde humana, seu impacto devastador sobre os rebanhos suínos coloca em risco a produção de carne suína, principalmente em países onde a suinocultura é um setor econômico essencial.

Desde surtos na Europa até crises recentes em países asiáticos, a peste suína, nas suas formas clássica (PSC) e africana (PSA), tem causado enormes prejuízos econômicos e forçado governos a adotar medidas severas de controle, incluindo o abate em massa de animais. Com perdas bilionárias previstas em caso de disseminação descontrolada, entender a doença e seu impacto na economia é crucial para proteger o mercado global de carne suína e as economias locais dependentes desse setor.

O que é a peste suína?

A peste suína, também chamada de febre suína, é uma doença viral que afeta suínos domésticos e selvagens, como os javalis. Ela se manifesta em duas variantes: a Peste Suína Clássica (PSC), causada por um vírus RNA da família Flaviridae, e a Peste Suína Africana (PSA), que é provocada por um vírus de DNA da família Asfarviridae. Embora ambas tenham sintomas semelhantes e não ofereçam riscos aos seres humanos, são altamente contagiosas e mortais para os suínos, o que torna seu controle extremamente difícil.

A PSA, originada no início do século 20 no continente africano, rapidamente se espalhou para outras partes do mundo devido ao transporte de produtos contaminados e ao contato direto entre suínos infectados. Em 1957, a doença chegou à Europa, mais especificamente a Portugal, e desde então se disseminou por diversos países, incluindo a América do Sul. No Brasil, o primeiro caso de PSA foi registrado em 1978, no Rio de Janeiro, e o país conseguiu erradicar a doença em 1984. No entanto, a vigilância e os protocolos de biossegurança continuam rigorosos para evitar novos surtos, uma vez que a doença pode devastar a produção de suínos e gerar grandes perdas econômicas.

Ambas as variantes da peste suína exigem diagnóstico laboratorial preciso para diferenciar uma da outra e permitir a aplicação de medidas de combate específicas.

Sintomas e transmissão da peste suína

Peste Suína: Entenda a doença e seus efeitos na economia

A peste suína, especialmente a variante africana (PSA), é notória por sua alta taxa de contágio e letalidade. Em sua forma aguda, os sintomas são devastadores e podem levar à morte de praticamente 100% dos suínos infectados, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Entre os sinais mais comuns estão vermelhidão e hemorragias na pele, febre alta, anorexia, apatia, cianose (coloração azulada ou acinzentada da pele), falta de coordenação motora, além de diarreia, vômito e secreções oculares. A morte dos animais geralmente ocorre entre 24 e 48 horas após o início dos sintomas mais graves.

Nos casos mais moderados, a peste suína pode se manifestar com sintomas menos evidentes, como febre leve, depressão, problemas respiratórios e abortos. Essa versão mais branda da doença é perigosa, pois os sintomas podem ser confundidos com outras enfermidades suínas, retardando o diagnóstico e facilitando a disseminação do vírus. Animais que sobrevivem à infecção aguda podem se tornar portadores do vírus, representando um risco contínuo de contaminação de outros rebanhos.

A transmissão da peste suína ocorre principalmente por contato direto entre suínos infectados, ingestão de alimentos contaminados e pelo transporte inadequado de produtos de origem suína. O vírus pode sobreviver em carne suína processada ou em restos de alimentos, o que exige cuidados rigorosos com o descarte de resíduos e o controle de fronteiras para evitar a introdução do patógeno em áreas livres da doença. O período de incubação do vírus varia de 4 a 19 dias, e a inativação pode ser realizada expondo o vírus a uma temperatura de 60°C por 30 minutos.

Impactos econômicos da peste suína

A peste suína, especialmente a africana (PSA), tem causado grandes prejuízos econômicos em todo o mundo, afetando gravemente a indústria suinícola e os países que dependem da produção e exportação de carne suína. Com sua alta taxa de mortalidade e rápida disseminação, surtos da doença resultam em medidas drásticas, como o abate em massa de rebanhos, o que diminui a oferta de carne suína no mercado e eleva os preços.

Um exemplo significativo dos danos econômicos da PSA ocorreu na China, maior produtora e consumidora de carne suína do mundo. Desde que o primeiro caso foi detectado em 2018, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que mais de 6,2 milhões de suínos foram abatidos no continente asiático para tentar conter o avanço da doença. A China, que possui o maior rebanho de suínos do mundo, sofreu um impacto severo no setor de carne suína, o que levou a uma escassez de oferta, aumentando os custos para os consumidores e gerando desequilíbrios no mercado global.

O impacto de um surto de peste suína africana nos Estados Unidos também seria devastador. A Embrapa estima que, em apenas um ano, o país poderia perder US$ 16,5 bilhões caso a doença atingisse o rebanho suíno norte-americano. No Brasil, os danos seriam igualmente graves, com um prejuízo estimado em US$ 5,5 bilhões.

Prevenção e controle da peste suína

Peste Suína: Entenda a doença e seus efeitos na economia

Diante da gravidade e da rápida disseminação da peste suína, medidas rigorosas de prevenção e controle são essenciais para evitar surtos devastadores que podem comprometer a produção suinícola de um país. Uma das principais estratégias adotadas globalmente é o controle sanitário nas fronteiras, especialmente em países livres da doença. A vigilância é intensa para evitar a entrada de produtos suínos contaminados, como carnes processadas ou restos de alimentos, que podem carregar o vírus e desencadear um surto local.

No Brasil, que está livre da Peste Suína Africana (PSA) desde 1984, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mantém uma forte vigilância e realiza inspeções regulares em portos, aeroportos e fazendas, além de promover campanhas educativas para os criadores de suínos. O laboratório oficial do país, o Lanagro, localizado em Minas Gerais, é capacitado para realizar o diagnóstico rápido da PSA, garantindo respostas eficazes a qualquer suspeita.

Além disso, o descarte adequado de alimentos e restos contaminados é uma ação fundamental para prevenir a propagação da doença. Em surtos de PSA, o abate sanitário de suínos infectados é inevitável, aliado ao controle rigoroso da movimentação de animais e produtos derivados. O tratamento térmico de produtos contaminados também é uma medida eficaz, pois o vírus pode ser inativado a uma temperatura de 60°C por 30 minutos.

O Brasil segue atento a qualquer possível ameaça, e criadores precisam seguir protocolos de biossegurança rigorosos para proteger seus rebanhos. Entre as práticas mais recomendadas estão a desinfecção de instalações e equipamentos, o controle do trânsito de animais e o monitoramento constante de sintomas entre os suínos. Casos suspeitos devem ser comunicados imediatamente ao Serviço Veterinário Oficial Estadual, que é responsável por investigar e tomar as devidas providências.

Essa combinação de medidas preventivas é fundamental para evitar a reintrodução da peste suína no Brasil e para mitigar seus efeitos devastadores em outros países.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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