Em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula foi questionado sobre o movimento SOS Agro RS, que exige mais ações do governo federal. “Duvido que houve algum momento da história política desse país em que o agronegócio tivesse tanto recurso como nos governos Dilma e Lula”, enfatizou.
Nesta sexta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no Rio Grande do Sul para uma série de compromissos oficiais, incluindo a entrega de moradias em Porto Alegre e atividades em São Leopoldo, na região metropolitana. Esta visita, a quinta ao estado desde as enchentes de maio, ocorre em um momento de crescente insatisfação entre os produtores rurais gaúchos. “Pessoas ligadas ao agronegócio sempre foram antigoverno”, afirmou Lula em entrevista a Rádio Gaúcha.
A insatisfação dos produtores é motivada pela percepção de falta de apoio do governo federal após as enchentes. Na tentativa de obter respostas concretas, eles se organizaram para tentar um encontro com o presidente em São Leopoldo.
Durante a manhã, Lula participou de uma entrevista na Rádio Gaúcha, onde foi questionado sobre o movimento SOS Agro RS, que tem pressionado o governo por medidas mais eficazes. Lula respondeu: “Pessoas ligadas ao agronegócio sempre foram antigoverno. Pode ser que alguns tenham razão, mas a verdade é que nós já atendemos muita gente do agronegócio.” A declaração gerou reações diversas no setor, com alguns produtores expressando descontentamento e sugerindo ações de protesto mais intensas, como o bloqueio de rodovias.
Desde quinta-feira (15), importantes rodovias, como a BR-116, têm sido bloqueadas por manifestantes contrários às ações governamentais. Os bloqueios continuam nesta sexta-feira (16), demonstrando a crescente tensão entre os produtores rurais e o governo.
O SOS Agro RS relatou que cerca de 300 dos 497 municípios gaúchos tiveram mobilizações de produtores rurais nesta sexta-feira, evidenciando a pressão sobre o governo para encontrar soluções para o endividamento do setor. Mesmo diante da tensão, os líderes do movimento têm insistido que as manifestações sejam pacíficas, sem prejudicar a população, especialmente no trânsito. “Essas entrevistas agradam seus eleitores (de Lula), não servem para ninguém. Não vamos cair nessa pilha de fazer bagunça,” afirmou Scheffer, um dos líderes do movimento, em matéria divulgada pelo Correio do Povo.
Visando manter o diálogo com o governo, o SOS Agro RS está organizando uma caravana de ônibus que se dirigirá a Brasília na próxima semana. O plano é acampar em frente ao Congresso Nacional até que uma medida provisória seja assinada. “Vamos levar barraquinhas e ficar acampados na frente do Congresso. Só vamos sair de lá só com medida provisória assinada,” destacou Scheffer.
Durante a entrevista, Lula ressaltou os esforços do governo federal em apoiar o setor rural: “Duvido que houve algum momento da história política desse país em que o agronegócio tivesse tanto recurso como nos governos Dilma e Lula.”
Ele também enfatizou a abertura de novos mercados internacionais para produtos brasileiros: “Em 18 meses, nós abrimos 170 novos mercados para os produtos brasileiros, porque o Brasil voltou à civilidade, o Brasil voltou a ser protagonista internacional, porque o mundo gosta de receber o mundo e o mundo gosta de receber o Brasil.”
Por outro lado, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), João Martins, destacou que a abertura de mercados internacionais é um processo gradual, resultado de esforços contínuos ao longo de várias gestões: “Isso foi uma conversa que já vem de governos anteriores e até mesmo antes do governo Bolsonaro. Louvo a atitude dele de continuar com essa política, que é super acertada e não vem do governo anterior, mas de alguns governos.”
Esse cenário revela a complexidade das relações entre o governo e o setor agropecuário, em um momento em que a pressão por soluções concretas só tende a aumentar.
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