A iniciativa contou com o apoio da Associação Brasileira de Hereford e Braford e permite a identificar população de animais resistentes ao carrapato.
Desenvolver ferramentas com base na informação de marcadores genéticos, pedigree e fenótipos para selecionar animais mais resistentes ao carrapato, à tristeza parasitária, à ceratoconjuntivite (inflamação simultânea da córnea e da conjuntiva) e ao carcinoma ocular, mas também adaptados ao calor e altamente produtivos em ambientes tropicais e subtropicais.
Estes foram os objetivos do projeto da Embrapa Pecuária Sul, em parceria com a central Delta G.
A iniciativa contou com o apoio da Associação Brasileira de Hereford e Braford e permite a identificar população de animais resistentes ao carrapato, através do estudo do genoma dos bovinos dessas raças.
“O projeto atendeu à demanda dos criadores que participam da Conexão Delta G, grupo que seleciona Hereford e Braford, através de um programa conjunto de melhoramento genético”, explica o chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Pecuária Sul Fernando Flores Cardoso.
De acordo com o pesquisador, o trabalho aliou o máximo potencial genético dos animais para desempenho, carcaça e qualidade de carne com características de adaptação ao meio ambiente de uma maneira sustentável.
“O projeto, que já se tornou referência mundial, desenvolveu uma nova tecnologia para a seleção de animais com maior resistência ao carrapato e a outras características de adaptação, por meio de marcadores genéticos”, diz.
MARCADORES GENÉTICOS
Segundo o chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Pecuária Sul Fernando Flores Cardoso, o uso dos marcadores genéticos é considerado fundamental para se obter a maior produtividade do rebanho. Foto: divulgação
O uso dos marcadores genéticos é considerado fundamental para se obter a maior produtividade do rebanho. “O marcador genético é uma variação na sequência de letras (A,C,T,G) que compõe o genoma de um animal em relação à população a qual ele pertence e que está associada ao seu desempenho em características de importância econômica, resistência a doenças, qualidade de produto, entre outros”, explica Cardoso.
Segundo ele, o segredo é descobrir aonde se encontram as marcas associadas a uma determinada característica e o seu efeito no desempenho. “Uma vez feito isso, podemos selecionar os animais somente pelo marcador sem precisar medir seu desempenho.”
Em sua opinião, isso é muito importante para características de difícil mensuração, como o carrapato, por exemplo. “Na maioria dos casos, inclusive o do carrapato, são muitos genes envolvidos, então precisamos de muitos marcadores e selecionamos pela soma dos efeitos de todos os marcadores associados”, acrescenta.
Cardoso afirma que o grande diferencial da genômica é o fato de não ser necessário expor o animal ao carrapato para ver o seu valor genético. “Uma vez desenvolvida a população de referência e feita a combinação das diferenças da sequência de letras do código genético, que é o marcador genético, e associá-lo com a resistência ao carrapato, podemos obter a informação do DNA e realizar uma predição do valor genético do animal sem ter que expô-lo ao carrapato”, esclarece.
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RESULTADOS
Segundo Cardoso, foram publicados três sumários de touros para as raças Hereford e Braford, em que mais de 250 dos principais touros usados em inseminação artificial nessas raças estão avaliados com informação genômica para resistência ao carrapato e outras características de adaptação, como comprimento do pelo e pigmentação.
“Foi desenvolvido um painel de marcadores que permite fazer a seleção aprimorada pela genômica de animais jovens sem filhos e sem a necessidade de os expor aos carrapatos”, conta. Essas informações já estão no mercado, inclusive disponíveis nos leilões para os touros ofertados pelos criadores participantes do projeto.
Também foram publicados 13 artigos científicos em periódicos internacionais descrevendo a estrutura e as funções do genoma das raças Hereford e Braford e parâmetros que associam do ponto de vista genético as variações no DNA com o desempenho dos animais, resistência a parasitas e outras características econômicas, bem como propondo formas de usar essas informações na prática para selecionar animais mais adaptados e produtivos dessas raças. “O sucesso obtido em sete anos de trabalho, nos permitiu expandir os estudos para o Angus e o Brangus também”, arremata Cardoso.
Equipe SNA/SP