A estimativa foi calculada pela unidade Territorial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Um estudo inédito quantificou quanto seria o preço de uma tonelada de carbono retirado ou não emitido pela citricultura no Brasil. A estimativa foi calculada pela unidade Territorial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). De acordo com o levantamento, cada tonelada do gás pode valer US$ 7,72.
Essa é a primeira vez que um trabalho do tipo é feito para a produção de laranjas, como esclarece a analista da Embrapa, Daniela Tatiane de Souza. “O que estamos fazendo é um trabalho pró-ativo para traçar perspectivas e estabelecer referências com base em metodologias adotadas internacionalmente”, afirmou. A intenção é de que os valores sirvam de base para produtores venderem os créditos de carbono no mercado voluntário de carbono.
O Brasil é o maior produtor e exportador de laranja e do suco da fruta. Na última safra, o país colheu cerca de 307 milhões de caixas de laranja, sendo São Paulo o principal produtor – 10,6 milhões de toneladas. Já as exportações de suco ultrapassaram os 2,8 milhões de toneladas. É um setor que movimenta aproximadamente US$ 14 bilhões por ano e tem potencial para também entrar na rota do mercado de carbono.
Isso porque o estudo mostrou que cada hectare de citros chega a estocar duas toneladas de carbono por ano, o que pode ampliar a renda desses produtores com a venda dos créditos gerados.
Valor é próximo ao que se pratica no mercado internacional
Um levantamento da Eurosystem Marketplace mapeou o crédito de carbono gerado pela agricultura de forma geral. O valor no mercado voluntário internacional desses créditos variou entre US$ 6,61 e US$ 11,02 por tonelada do gás.
A cifra também fica próxima do que é a média para o preço do carbono da agricultura e pecuária nacionais. Outro estudo conduzido pela Embrapa aponta que esse valor médio estaria em aproximadamente US$ 7 por tonelada de CO² (dióxido de carbono).
“A precificação de carbono serve de referência para quem vai receber e para quem vai pagar por isso. É claro que ela é só uma referência, pois quando já se tem o certificado de emissão reduzida (CER), pode-se negociar valores maiores do que quem ainda vai iniciar um projeto”, pontuou o pesquisador Lauro Rodrigues Nogueira Júnior.
Como foi feito o cálculo do crédito de carbono na citricultura?
O trabalho de referência do carbono levou em consideração 297 cidades entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. Foram observados dados socioeconômicos e ambientais para estipular os valores, pois há um gasto para haver a redução ou mesmo remoção do carbono da atmosfera, como explica Júnior. Por exemplo, a melhoria nas práticas de adubação mitigam o uso de nitrogênio e, consequentemente, reduzem as emissões de óxido nitroso, um dos gases do efeito estufa (GEE). Porém, para fazer essas trocas, há um custo ao produtor.
“Como a redução das emissões de GEE e a remoção de CO2 da atmosfera têm um custo (social, econômico e ambiental), a precificação é necessária para saber quanto se deve pagar por uma tonelada de CO2 equivalente que deixou de ser emitida ou que foi removida da atmosfera por uma atividade ou projeto”, esclarece Júnior.
Nesse sentido, foram medidos o custo social do carbono e o custo marginal de abatimento. O primeiro precifica os efeitos ambientais e sociais das emissões. Já o custo marginal trata do gasto com tecnologia e inovação adotados dentro do pomar para reduzir as emissões.
Para isso foram observados indicadores já existentes como o Produto Interno Bruto (PIB) de cada cidade, além da representatividade da agricultura dentro do PIB. Economias municipais mais pujantes tendem a emitir mais carbono, por isso quanto maior foi o PIB maior também maior é o valor do crédito de carbono.
O estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla desenvolvida pela Embrapa em parceria com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Essa pesquisa analisa os estoques de carbono e a biodiversidade da fauna na região conhecida como Cinturão Citrícola. Os dados estimados apontam que nos 463 mil hectares que compõem a região há um estoque de carbono de 36 milhões de toneladas. Esse volume estaria armazenado no solo, nas árvores frutíferas e também na vegetação nativa dentro das propriedades rurais.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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