A primeira cultivar de soja com tolerância ao ataque de percevejos foi registrada pela Embrapa e estará disponível no mercado nas próximas safras.
A nova cultivar, desenvolvida por meio de melhoramento genético tradicional, tem elevado potencial produtivo e suporta o dobro do ataque de percevejos, sem reduzir o rendimento.Os percevejos são atualmente uma das pragas mais importantes para a cultura da soja, porque interferem na produtividade e na qualidade dos grãos e das sementes. De acordo com o pesquisador Carlos Arrabal Arias, líder do programa de melhoramento genético de soja da Embrapa, o dano é potencializado pela ocorrência de elevadas populações de percevejo, especialmente o marrom (Euschistus heros), e pela resistência desta praga a alguns inseticidas.
“Introduzimos características de resistência ou tolerância a insetos nas cultivares de soja para facilitar o manejo das pragas no campo”, conta Arias que também é o responsável pelo desenvolvimento de genótipos resistentes a insetos. “A resistência genética é o método mais econômico para o manejo de pragas e doenças”, frisa o cientista.
Cultivar suporta o dobro de percevejos
A busca por cultivares de soja com maior tolerância ao ataque de insetos sugadores foi intensificada, desde 2016, quando foram avaliadas no campo experimental, da Embrapa Soja, em Londrina (PR), 30 linhagens convencionais e 20 com a tecnologia RR e Intacta. O trabalho de pesquisa envolveu especialmente as equipes que atuam com melhoramento genético e entomologia. Os resultados mostraram que as plantas desenvolvidas apresentaram alta produtividade, mesmo quando atacadas por percevejos.
Arias relata que, enquanto o nível de dano definido pela pesquisa atualmente é de dois percevejos por pano de batida, a nova cultivar consegue suportar, pelo menos, o dobro de percevejos, sem afetar a sua produtividade. “Algumas plantas, mesmo na presença de alta população de percevejos, mantiveram a produtividade alta, enquanto que as cultivares suscetíveis ao ataque desses insetos apresentaram perdas importantes”, revela.
A pesquisadora Clara Beatriz Hoffmann Campo, da Embrapa Soja, conta como foram realizadas as pesquisas para desenvolver cultivares de soja com tolerância ao percevejo:
Menor custo e mais manejo integrado de pragas
Na Embrapa, as melhores plantas oriundas de cruzamentos genéticos específicos para resistência percevejos foram testadas em gaiolas fechadas, instaladas no campo experimental. Nessa condição, o objetivo era avaliar o nível de dano causado pelos percevejos à soja, a partir da presença de zero, quatro, oito e 16 percevejos;
“Esses ensaios também comprovaram os resultados obtidos anteriormente”, afirma a pesquisadora da Embrapa Soja Clara Beatriz Hoffmann Campo. “A vantagem dessa tolerância é que o produtor pode aguardar mais tempo para entrar com inseticidas, o que além de reduzir custos ainda mantém a presença dos inimigos naturais no campo, favorecendo o controle natural da praga, pela integração de táticas do Manejo Integrado de Pragas”, explica a pesquisadora.
Pesquisador Carlos Arrabal Arias fala sobre nova soja resistente a percevejo
Via Embrapa