Evento da Fundação MS apontou caminhos para melhorias; apresentação de Resultados abordou 16 temas durante 7 horas de divulgação de informações
Com um estudo amplo tendo como objetivo encontrar meios de promover a melhoria da produtividade da soja em Mato Grosso do Sul e no Brasil, a Fundação MS realizou, de maneira on-line no canal do Youtube da instituição, a Apresentação de Resultados Safra 20/21, na última quinta-feira (27). Promovido pela Famasul, Aprosoja-MS e OCB/MS, com apoio de 19 instituições e patrocínio de 21 empresas, o evento teve mais de 900 inscritos e, até o início desta semana, quase 2.372 pessoas visualizaram o vídeo. Os estudos foram realizados pelos pesquisadores, Douglas Gitti, do setor de manejo e fertilidade do solo; André Bezerra, que abordou temas relacionados a cultivares de soja; Luciano Del Bem Júnior, da área de plantas daninhas e pragas; e Ana Claudia Ruschel, que falou sobre manejo da doença na cultura.
Durante as apresentações, foram apontadas questões como a importância dos micro e macronutrientes; as diferentes espécies de capins; coberturas vegetais e os impactos sobre nematoides, que são importantes a longo prazo no sistema de produção; a escolha dos produtos a serem utilizados para se obter melhor resultado; plantas daninhas; pragas e doenças. Para gerar todas essas informações foram conduzidas mais de 18 mil parcelas em 11 municípios do Mato Grosso do Sul, permitindo um amplo conhecimento sobre os diferentes manejos existentes.
O pesquisador de manejo e fertilidade do solo destacou a experiência que tem com relação a falta de calcário no sistema de cultivo, encontrada em grande parte das propriedades pelo país. Para ele, a intensificação das atividades no campo produz ambientes de maior produtividade e geram mais acidez, em função, principalmente, da exportação dos nutrientes e da maior utilização dos fertilizantes. “Nós precisamos atualizar algumas questões de manejo, principalmente nessa área”.
Com o avanço das tecnologias, os produtores têm relatado alguns problemas de acamamento. Nesse aspecto, Bezerra ressalta que há estratégias que podem ser utilizadas, como aumentar o espaçamento; usar reguladores de crescimento, mesmo que ainda seja necessário entender melhor essa prática, já que pode ter variação ambiental e climática; e a mudança do perfil genético das cultivares. “Com relação a mudança de espaçamento, identificamos que não há ganho de rendimento, mas há diversos benefícios já relatados pelos produtores. O uso de reguladores, nós fizemos testes na safra 18/19, 19/20 e 20/21, porém ainda carece de muitos avanços. Alguns funcionam bem e outros podem ser deletérios”, disse o pesquisador do setor de Fitotecnia Soja.
Ele também comentou sobre a mudança do perfil genético das cultivares e ressaltou a utilização de variedades com porte mais baixo para melhor resistência, com algumas sendo testadas há um tempo na instituição. “Geneticamente as cultivares tiveram um porte menor e baixo índice de acamamento”, explicou Bezerra.
A evolução das variedades tem garantido boa produtividade, entretanto, o produtor ainda tenta encontrar alternativas para enfrentar pragas e plantas daninhas. O manejo desses organismos possibilita o pleno desenvolvimento da cultura e a garantia de bons resultados na colheita. Entre os insetos que mais causam preocupações aos produtores estão a mosca-branca e o percevejo e para um combate mais eficaz, é necessário entender as ferramentas e identificar o momento certo de aplicação de produtos.
O pesquisador do setor de Herbologia e Entomologia detalhou, ainda, na apresentação, resultados sobre a planta daninha conhecida como Trapoeraba, que possui rápido desenvolvimento e foi bastante encontrada nas lavouras em Maracaju. A pesquisa apresentada por Del Bem Júnior, destacou os principais pontos para evitar a proliferação desse inço.
Ele explicou que o manejo de dessecação pré-semeadura é mais efetivo do que entrar com a aplicação na pós emergência na cultura. Essa aplicação tardia pode ocasionar estresse na planta e resultar em perdas de produtividade. “Feito esse manejo de maneira correta, com bom posicionamento de dose e tecnologia de aplicação bem empregada, tudo isso, com certeza, vai minimizar a ocorrência dessa espécie na cultura da soja”, destacou Del Bem Junior.
A apresentação da pesquisadora Ana Claudia Ruschel trouxe informações sobre o controle de antracnose e cancro, destacando o acompanhamento como uma das melhores práticas de combate, além da escolha dos cultivares. Ela lembrou a necessidade de se cuidar da primeira aplicação de fungicidas, também conhecido como aplicação antecipada, para controlar fungos que têm característica de serem necrotróficos.
Segundo ela, a infecção desses patógenos nas plantas ocorrem nos estágios iniciais e a realização dessa aplicação é para minimizar a questão do inóculo. Além disso, é importante também realizar a proteção do terço inferior da planta. Ana destacou ainda que uma aplicação tardia pode comprometer o baixeiro, responsável de 10% a 15% da produtividade.
“Para as doenças de final de ciclo, que recebem esse nome, mas ocorrem desde as fases iniciais, é interessante ter essa aplicação antecipada. Já há trabalhos demonstrando vários resultados com o aumento de 2 a 6 sc/ha, dependendo da região e da cultivar que está sendo cultivada”, destacou Ana.
O vídeo com os resultados apresentados no evento está disponível no Portal do Associado da Fundação MS. Para o presidente da entidade, Luciano Muzzi Mendes, os trabalhos de pesquisa realizados por todos os envolvidos têm o objetivo de promover melhor resultado das safras, agregando valor ao dia a dia do produtor.
“Agradeço a todos que nos prestigiaram. Essa Apresentação de Resultados faz parte da estratégia da Fundação MS em levar a pesquisa a todos vocês para que ela possa ser aplicada nas nossas atividades de tal forma que nós possamos usar os resultados, melhorar o nosso custo de produção e aumentar a nossa produtividade”, disse.