Pecuaristas estão de greve para obter melhores preços pelo boi gordo pressionam frigoríficos e arroba pode bater R$ 330; Frigorífico ficará sem boi para abate!
O mercado do boi gordo viveu, e ainda irá viver, alguns dias de turbulência no curto prazo, tendo em vista que o mercado foi envolvido por algumas surpresas – casos atípicos de vaca louca, greve dos caminhoneiros e fiscais agropecuários, suspenção das exportações e feriado – que trouxeram uma “oportunidade” de pressão negativa nos preços por parte das indústrias. Mas agora, os pecuaristas estão de greve e pressionam as cotações para cima!
Em pronunciamento na última sexta-feira, 10, os pecuaristas se mostraram descontente com a falta de respeito das indústrias que tentam utilizar uma notícia mal interpretada para poder derrubar os preços, em um momento de margens apertadas dentro da porteira. “A indústria usou a suspensão das exportações para a China em decorrência dos casos registros de “vaca louca”, como artifício para reduzir os preços da arroba”, disseram os pecuaristas.
O movimento da greve dos pecuaristas está sendo encabeçado em diversas frentes e tem ganhado adeptos de todo o país, tendo em vista que os preços da reposição e insumos estão elevados, os pecuaristas reclamam da desconsideração destes fatores por parte da indústria que, segundo eles, só propõe ser parceiro quando é para o bem deles.
Segundo os ruralistas a indústria está querendo se aproveitar de uma situação isolada que é a suspensão das exportações para a China em função dos dois registros de mal da vaca louca atípicos, recentemente confirmados no Mato Grosso e Minas Gerais.
“Queremos conclamar a classe produtora a não fechar negócios abaixo dos R$ 300,00 por arroba do boi gordo. Não podemos ceder à pressão injusta da indústria que vem agindo com extremo oportunismo para especular o mercado”, alertou o presidente da Acrissul.
Para se ter uma ideia, os preços foram derrubados em diversas praças pecuárias, o Indicador do Cepea apresentou uma grande oscilação na média móvel do Indicador, que nos últimos 30 dias chegou a saltar de R$ 319,90 para o patamar de R$ 305,25 e impôs uma redução de quase R$ 15,00/@!
Frigoríficos vão ficar sem boi para abate
A começar pela grande queda nas escalas de abate, o menor volume de negociações faz com que as escalas de abate recuem nas principais praças do país, atingindo a mínima dos últimos 12 meses, a média nacional está em 5 dias úteis.
As indústrias saíram das compras nos últimos dias e acabaram “queimando” as suas escalas, já aquelas que foram as compras acabaram não tendo sucesso por ofertar preços abaixo das referências. Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 6 dias úteis programados, recuando 4 dias úteis desde semana passada.
A espera de definição em relação às exportações para a China, as indústrias voltadas ao mercado externo poderão pagar ainda mais pelo boi gordo, já que apesar das suspensões, em nenhum momento foram encerradas as negociações dos contratos que seguem com os mesmo valores negociados antes da suspensão, deixando a indústria em situação de risco para cumprir os contratos.
Falta carne na prateleira
Segundo os relatos dos últimos dias, principalmente durante esse fim de semana, após a semana conturbada, chegou a ser verificado pela nossa equipe que alguns estabelecimentos ficaram sem carne no estoque e, neste cenário, será difícil da indústria conseguir reabastecer os estoques e cumprir os contratos sem ir as compras de forma efetiva.
Situação pode complicar, tendo em vista o avanço no consumo da carne bovina com o pagamento dos salários e a retomada da economia com o avanço da vacinação da COVID-19 no país.
Mercado futuro em disparada
Na B3, as cotações dos contratos futuros permanecem com alta volatilidade, também no aguardo de definição sobre as vendas à China. Os preços encerraram a semana em leve alta. O ajuste do vencimento para setembro passou de R$ 294,95 para R$ 295,00, do outubro foi de R$ 298,65 para R$ 301,95 e do novembro foi de R$ 306,25 para R$ 308,75 por arroba.
Pecuarista não pode e não vai vender boi barato, pecuaristas estão de greve
O custo elevado dentro da porteira deixa o pecuarista em alerta e esse não deve vender o boi com preço baixo. O avanço da seca e a necessidade de suplementação e ou manutenção destes animais no cocho deixam o custo da arroba produzida ainda mais elevado, trazendo uma pressão para negociação destes animais.
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Jonatan Pereira Barbosa ressalta que o momento exige cautela. “Agora o momento é de aguardar e segurar. Não há estoque disponível nos pastos para frigorífico querer ditar regras e a situação com a China é meramente passageira e pontual”, finalizou o presidente.
Vamos compartilhar, vamos nos unir, vamos pressionar e colocar os preços certos na mesa das negociações. Agora não é momento de ser “bonzinho”, é momento de planejar e adotar medidas estratégicas para garantir a margem de lucro ou, em alguns casos, conseguir empatar os custos.