Um grupo de cerca de 100 pecuaristas alega que confinamento está com pagamento atrasado; empresa pediu recuperação judicial na justiça, dívidas estão na casa de R$ 113 milhões
O mercado do boi gordo passa por uma das piores crises da história. Em 12 meses, o preço da arroba do animal pago ao pecuarista já acumula uma queda superior a 25%. Se não bastasse os baixos valores pagos pelo boi gordo, vários pecuaristas da região de São José do Rio Preto alegam que confinamento em Ipiguá (SP), está com pagamento dos seus credores atrasado. A denúncia nos foi enviada pelo pecuarista Rodrigo Ribeiro Mendonça, de Tanabi.
Rodrigo conta que muitos dos pecuaristas são da região de São José do Rio Preto, Tanabi e também da região de Frutal, região do Triangulo Mineiro. O pecuarista revela que há diversos valores que são requeridos pelos produtores, alguns com valores de R$ 14 mil a receber, outros com mais de R$ 3 milhões. Eles criaram um grupo na tentativa de se organizar para receber os valores devidos.
“Nós vendíamos gado ao Bruno, que tinha o confinamento na cidade de Ipiguá [próximo a São José do Rio Preto], e desde o começo de janeiro nós começamos a ter problemas com cheques devolvidos, mas quando questionados sempre diziam que iriam acertar os valores, no final parou e não acertou com mais ninguém. Eles não nos atendem mais por telefone, vamos até a distribuidora de carnes e também não conseguimos nenhuma informação de quando iremos receber os valores devidos” – lamenta Rodrigo.
Gustavo Pedreira de Menezes, de Frutal (MG), conta que deixou a profissão de Engenheiro Mecânico para trabalhar com pecuária, mas que ultimamente não anda fácil, e cita o problema com os empresários como a gota d’água. “Eu tenho para receber em torno de R$ 50 mil, mesmo não sendo um valor muito alto, me descapitalizou. É uma experiência traumática que frusta o horizonte das pessoas” – lamentou o pecuarista.
Alguns dos cheques são da empresa Costa Gestão Administrativa Ltda, em nome de Bruno José Valêncio Costa, que era usada para aquisição de bovinos. As folhas de cheques devolvidas pelo banco foram assinadas por João Carlos Teixeira da Costa, pai de Bruno. Os dois são apontados pelos pecuaristas de serem os responsáveis pela empresa.
As tentativas dos pecuaristas receber os valores referentes as negociações de gado com o confinamento são inúmeras, inclusive eles já fizeram vários protestos pacíficos em frente a distribuidora de carnes chamada Frigorífico Eldorado, da família de Bruno, mas ainda não obtiveram nenhuma resposta positiva dos proprietários.
Pedido de recuperação judicial não aceito
Bruno solicitou através de advogados uma tentativa – sem sucesso – de recuperação judicial de quase R$ 113 milhões de reais em maio de 2024, alegando a crise econômica que tem assolado o setor agrícola nos últimos anos, com a conhecida popularmente “crise hidríca” que vem assolando parte do estado de São Paulo, das regiões centro-oeste e sul do Brasil com a seca e em outras regiões de todo o nosso país, como por exemplo Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás com o excesso de chuvas, fator desolador para o setor de agronegócios.
O juiz de direito, Paulo Roberto Zaidan Maluf, responsável pelo pedido de recuperação judicial solicitado pelos empresários foi indeferido. “Ante o exposto, indefiro a petição inicial e JULGO EXTINTO o processo, com fundamento no artigo 485, inciso I c/c artigo 330, inciso IV, ambos do Código de Processo Civil e artigo 51-A, §4º, da Lei nº 11.101/05.” – sentença publicada dia 13 de maio de 2024.
Ainda na decisão o juiz itera. “Repita-se que poderão os interessados, a qualquer tempo e de forma adequada, pleitear novamente o benefício da recuperação de suas empresas, com a documentação necessária, em ordem, corretamente juntada nos autos, qualificando cada parte de forma correta, justificando o pedido de consolidação substancial e processual, enfim, sem tumulto processual” – diz a sentença.
Em contato com o advogado que representa Bruno José Valêncio Costa e algumas empresas do mesmo, Bruno Vargas da Advocacia Delbem, nos disse que tanto o Bruno como as empresas, estão buscando incansavelmente soluções para quitar as dívidas com os pecuaristas o mais breve possível.
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