Vídeo nas redes sociais de “boiada” de 13 a 14 meses em confinamento deixa alguns descrentes de cabelo em pé; Fazenda Cachoeirão consolidou-se como referência na produção do superprecoce; confira a receita
Um vídeo publicado pela Fazenda Cachoeirão, do município de Bandeirantes no Mato Grosso do Sul, já alcançou mais de 200 mil visualizações. São animais em regime de confinamento com uma carcaça de dar inveja, na legenda diz que é uma boiada superprecoce de 13 a 14 meses de idade. Muitos incrédulos colocaram em xeque a veracidade da idade informada dos animais, por isso, nós da equipe do Compre Rural, fomos em busca da verdade.
A Fazenda Cachoeirão integra sistemas de produção em Bandeirantes, localizado no centro-norte sul-mato-grossense. Encabeçado pelo pecuarista Nedson Rodrigues, a fazenda trabalha com sistemas integrados de produção e lucra não só com o gado, mas também com a Agricultura. Nedson cria animais de alta qualidade que da desmama vão praticamente direto para o cocho. O cruzamento do Nelore com raças como Angus, Limousin, Blonde d’Aquitaine e Simental gera o superprecoce.
A fazenda realiza ciclo completo na Pecuária (cria, recria e engorda), mas também trabalha com Melhoramento Genético Animal da raça Nelore, usando animais PO. O trabalho vem obtendo ótimos resultados, tendo em vista que há animais da fazenda que foram contratados por centrais de inseminação, onde terá sua genética propagada para todo o Brasil. Os touros produzidos pela fazenda também são utilizados na estação de monta do gado comercial e leilão de touros.
A equipe do Compre Rural conversou com o pecuarista que revelou os segredos do sucesso. “A produção do superprecoce é resumido em duas etapas: iniciamos com a cria, desmamamos os bezerros em média com oito meses, em seguida é realizada desmama de vários lotes, quando finalizado já começa o processo de engorda através do confinamento. Por conta de serem vários lotes, os mais velhos vão ter 10 meses e os mais novos cerca de 7,5 meses”, disse.
Nedson também explica que devido a estação de monta estabelecida na fazenda, o processo de desmame acontece entre os meses de abril e maio, já no mês de junho eles fecham os animais e estabelecem o regime de confinamento. “O abate acontece entre outubro e novembro quando estão com uma média de 14 meses“. Segundo Nedson os machos alcançam 20@, enquanto as fêmeas chegam a bater 15,5@ com um ganho médio diário de 1,5 kg.
Confira o vídeo em questão:
O processo de cria passa pela seleção de animais que desempenham a melhor genética e melhor desempenho. “Nós temos uma vacada Nelore muito boa, onde entre essas matrizes nós escolhemos a dedo o sêmen de Angus, produzindo machos com bom desempenho, acabamento de gordura e produtor de bastante carne. Entretanto, como eu fico também com essas fêmeas meio sangue Angus [F1] para matriz, nós escolhemos, além de desempenho, animais com o frame moderado, pois não desejamos fêmeas grandes demais no rebanho”, ressalta o pecuarista.
“Nestas fêmeas usamos sempre sêmen de touros europeus, durante muitos anos utilizei o Limousin, Blonde d’Aquitaine e Simental. Esse ano nós estamos voltando para o Charolês, pois não conseguimos encontrar sangue de Limousin para continuar com os ganhos, já fazem três safras que não estamos conseguindo ter avanço nesse tricross com Limousin. Por isso a escolha do Charolês, uma raça um pouco maior, para fazer o tricross“, explica.
Nedson detalha o regime alimentar dos animais. “Nós temos Integração Lavoura-Pecuária (ILP), até por isso nossas pastagens são de boa qualidade, bem manejadas, tudo em pasto rotacionado. Essas matrizes ficam nesses pastos, não fazemos o uso de creep-feeding, até por conta do ótimo escore corporal das vacas, produzindo muito leite aos bezerros”. Nedson conta que a base de tudo é a genética, vacas produtivas, que produzem bezerros conseguindo desmamar os animais tricross com cerca de 300 kg aos 8 meses.
Desmama com 8 meses e 300 kg
Logo após a desmama, os animais passam alguns dias em pastagem e, entre 9 a 10 meses, são fechados para o início do confinamento, normalmente eles permanecem confinados em torno de 150 dias com um ganho médio diário (GMD) de 1,5 kg por animal. O pecuarista confessa que não é um GMD espetacular, pois esses animais não sofreram durante sua juventude, logo, já entraram no confinamento gordos, por isso não há ganho compensatório. “Alguns fatores como: tempo de confinamento e animais extremamente jovens não produzem GMDs tão elevados como vemos em outras categorias onde normalmente o animal chega a ganhar 2 kg por dia, no superprecoce isso não acontece”, confessa.
Os animais durante o confinamento vão ganhar entre 200 e 230 quilos, alcançando cerca de 530 quilos no dia de abate, podendo chegar até 540 quilos. “Aqui na fazenda alcançamos um rendimento em torno de 56% na média o que vai produzir um animal de 20 arrobas“, finaliza o pecuarista.
Pecuarista recebe bonificação por precocidade
O pecuarista diz que esse nicho de animais, além de receber uma bonificação do precoce do Estado, também recebem uma bonificação da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce (ASPNP), sediada na capital Campo Grande. Nedson revela que a bonificação média dos machos gira em torno de R$ 8 a R$ 9 por arroba, mesmo valor obtido pelas fêmeas comuns. Já as fêmeas que conseguem alcançar a classificação 1953 da JBS alcançam entre R$ 15 a R$ 20 de bonificação por arroba.
Carne com atestado de qualidade
A prova da qualidade da carne produzida pela Fazenda Cachoeirão é os animais se enquadrarem na marca 1953 da JBS. A marca possui cortes com matérias-primas provenientes de raças europeias como Angus, Hereford, Devon e Charolês. Toda a linha é composta por animais com, no mínimo, 50% de sangue taurino de corte, abrangendo raças britânicas, continentais ou adaptadas, cuidadosamente escolhidas para compor nossa linha de produtos premium.
A JBS seleciona as fazendas de acordo com critérios de desenvolvimento de genética, criação, nutrição e seleção dos animais. A qualidade dos produtos é resultado de tecnologia, protocolos de alto padrão e processos de ponta, que garantem uma carne com alto nível de marmoreio, maciez e suculência.
Prova social
Ainda nas postagens das redes sociais algumas pessoas que já visitaram Cachoeirão, e comprovaram os números, deixaram o seu depoimento. Um dos casos foi o do médico veterinário, Gabriel Perucchi, que fez estágio na fazenda e comprovou os resultados.
“Aos “descrentes” de plantão, que não acreditam nas informações acima citadas. Fiz estágio na Fazenda Cachoeirão em 2019, fiquei aproximadamente seis meses acompanhando manejos, planilhas, os donos e colaboradores. Posso afirmar com vivência e certeza que é a mais pura verdade! A eficiência da fazenda é incrível! Os resultados… estão descritos acima! E posso provar! A fazenda recebe visitantes do Brasil e do mundo todo (inclusive no período em que estive lá, vi australianos e argentinos). E vive de portas abertas para quem queira conhecer essa realidade que muitos acreditam não ser verdade!”, afirmou o veterinário.
Em outro comentário o engenheiro agrônomo César Buranello disse acreditar nos resultados. “Acredito que tudo começa com uma boa base genética, que não se faz do dia pra noite. E não é qualquer vaca que dá um bezerro que desmama com 300 kg e que tem caixa para fazer chegar nesse ponto aí. Não é só colocar o Angus em qualquer vaca e comer qualquer coisa não. Sem uma boa base genética, nutrição, sanidade e gestão realmente fica inacreditável chegar nesse resultado. Temos apenas que parabenizar a Fazenda Cachoeirão por dominar todos esses quesitos e alcançar tal resultado”, ressaltou o engenheiro agrônomo.
Confira Nedson falando sobre a produção de novilhos superprecoces:
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