As pastagens apresentam baixa concentração de minerais em sua composição, tornando obrigatório, independente do período do ano, a suplementação com minerais ao rebanho
Por Angel Seixas* – O período das águas é caracterizado como a época do ano em que ocorre o retorno e a constância das condições climáticas favoráveis para o crescimento do capim, como chuvas, temperatura e luminosidade, induzindo assim o crescimento acelerado do pasto. Portanto, durante essa estação do ano, desde que bem manejada, o pasto pode proporcionar bom ganho de peso aos animais, diferente do período seco do ano. A sua duração pode variar conforme a região ao qual a fazenda está inserida, contudo, na maioria do país dura cerca de 5 a 6 meses, com médias mensais de precipitação acima dos 100 mm.
Nesse período do ano, o aproveitamento do pasto deve ser a principal meta de manejo na fazenda, principalmente pelo fato de que somente as condições climáticas ideais para o crescimento do pasto não garante eficiência de utilização e conversão. Portanto, o manejo do pastejo é ferramenta essencial para o equilíbrio entre crescimento, consumo e produção animal. Desse modo, a utilização das áreas de pastagem deve ser realizada com respeito as alturas de manejo indicado para cada espécie forrageira, maximizando assim o desempenho individual e por área (Figura 1).
Na estação das águas, o rebanho obtém a maioria dos nutrientes necessários para a produção animal das gramíneas forrageiras. Contudo, as pastagens apresentam baixa concentração de minerais em sua composição, tornando obrigatório, independente do período do ano, a suplementação com minerais ao rebanho. Além disso, a associação desses suplementos com aditivos possibilita melhorias no ambiente ruminal, resultando em melhoria na eficiência alimentar.
Em grande parte das fazendas do país, as pastagens tropicais são manejadas de forma mais extensiva sem qualquer tipo de adubação. Nessa condição, as pastagens apresentam entre 90 a 100 g de PB/kg de MS. Esse teor acaba limitando o potencial de ganho de peso dos animais, mesmo na estação favorável do ponto de vista quantitativo. Sousa et al. (2022) observaram resposta positiva da suplementação proteica no desempenho animal mesmo com forragens de média a alta qualidade. No entanto, essa resposta diminui à medida que a proteína bruta da forragem aumenta e torna-se nula a partir de 150 g de PB/kg de MS. Nesse sentido, observa-se que em pastos não adubados nas águas, há um potencial de ganho adicional de cerca de 200 a 300 g/animal/dia com o uso da suplementação proteica (Figura 2).
Em sistemas mais intensivos e adubados, desde que bem manejados, a concentração de proteína bruta do pasto se encontra acima de 120 g de PB/kg de MS, limitando assim o potencial de ganho adicional com a suplementação proteica. Nesse caso, a suplementação energética pode ser uma boa alternativa, melhorando o balanceando de nutrientes no rúmen e promovendo ganhos adicionais. Essa resposta foi verificada por Correia (2006), que ao avaliar o efeito da suplementação energética em bovinos de corte nas águas, observou resposta positiva sobre o ganho de peso adicional de animais em pastos com teores de proteína bruta superiores a 110 g de PB/kg de MS (Figura 3).
Além disso, a suplementação durante o período das águas pode ser utilizada como ferramenta de intensificação. Isso porque, dependendo do nível de consumo, o suplemento provoca efeito substitutivo, ou seja, parte do consumo de pasto será substituído pelo concentrado, o que resultaria em sobra de forragem, podendo ser aproveitado com o aumento da taxa de lotação. Essa resposta é observada em suplementos proteico-energético e energético, sendo mais significativo com aqueles de alto consumo (>0,5% do peso vivo) (Figura 4).
Além do mais, a suplementação no período das águas também pode ser utilizada como estratégia de manejo das pastagens. Nesse contexto, podemos observar que a suplementação evita o impacto negativo do aumento da lotação (menores alturas) sobre o ganho individual (Figura 5). Portanto, a suplementação aumenta a capacidade de suporte pela possibilidade de manejar o pasto em menores alturas em relação aqueles com fornecimento de sal mineral, aumentando a produção por área.
Contudo, a decisão de suplementar e a escolha do melhor plano nutricional durante essa época do ano exige uma análise detalhada de todos os recursos da fazenda, como quantidade e qualidade dos pastos, aguada, cocho, cercas, infraestrutura, capacidade de investimento, categoria animal, preço da terra, mercado e mão de obra, podendo assim estabelecer metas e objetivos, definindo o melhor plano nutricional. A suplementação nas águas é uma ferramenta importante no aumento da produtividade, mas requer um alto investimento, sendo importante avaliar a viabilidade econômica, operacional e logística de sua adoção.
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O artigo é de autoria de Angel Seixas, Zootecnista e Consultor em Forragicultura e Pastagens.
Referência Bibliográfica
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Sousa, L.C.; Palma, M.N.N.; Franco, M.O. Detmann, E. Does frequency of protein supplementation affect performance of cattle under grazing in tropical pastures? Animal Feed Science and Technology, Vol. 289, 2022.
Correia, P.S. Estratégias de suplementação de bovinos de corte em pastagens durante o período das águas. Tese (Doutorado em Ciência Animal e Pastagens). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.
Dórea, J.R.R. Níveis de suplemento energético para bovinos em pastagens tropicais e seus efeitos no consumo de forragem e fermentação ruminal. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e Pastagens). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2010.
CASAGRANDE, D.R.; REIS, R.A.; AZENHA, M.V. et al. Desempenho animal em função de diferentes tipos de suplementos e de altura crescentes dos pastos de capim-marandu durante o período das águas. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 46., 2009, Maringá. Anais… Maringá: UEM, 2009.