Pecuária brasileira sempre lembrará de 2017

Todas as bengalas que tinhamos no setor foram tiradas e pra quem estabeleceu uma gestão pecuária não sentiu o ano de 2017

Recentemente houve em Campo Grande o Encontro de Gestores, e autoridades do setor discutiram o ano durante o evento. Um ano completamente atípico, onde todas as bengalas foram retiradas e o produtor rural teve que tomar as rédeas de sua propriedade, sujar a bota no curral e fazer uma gestão melhor do seu negócio.

“Em 2017 tivemos um cenário diferente, pois viemos de 2 anos muitos bons e de maneira geral, o setor baixou a guarda. O baixo valor pago pela arroba pegou a maioria dos empresários no contra pé, entretanto os que tinham fluxo de caixa em dia, reservas, orçamento e planejamento passaram muito mais tranquilas por essas turbulências” destacou Luciano Araújo da Terra Desenvolvimento Agropecuário.

Retrospectiva dos destaques negativos para o setor pecuário em 2017

Foram vários os fatores que fizeram de 2017 um ano extremamente desafiador, carne fraca, delação da JBS, preço do bezerro, baixas na arroba do boi gordo que em algumas regiões chegou a pagar R$ 118,00 em alguns estados, principalmente no Mato Grosso onde está o maior rebanho do país.

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Fase de cria foi um dos mais afetados

“O Ano de 2017 foi desafiador e o maior desafio foi manter-se resiliente a todos os impactos negativos que o setor recebeu, principalmente para quem trabalha com cria na pecuária, tivemos uma perda de faturamento de 20%, mantendo os mesmos custos. Mas saliento que esses anos são sempre os melhores para se aprender e enxergamos um ano bem melhor em 2018” comentou Giulian Rios jovem pecuarista em Rochedo, MS.

E em 2017 o preço do bezerro inicia abaixo do patamar observado no mesmo período de 2016 e 2015. Bezerros que vinham sendo comercializados em 2016 em torno de R$ 1.500, R$ 1.600 começaram a ser arrematados em leilões por menos de R$ 1.300,00 e chegou até R$ 1.100,00. O preço do bezerro caiu 21,8% em relação ao valor praticado no mesmo período do ano passado.

2017: o ano pra ser lembrado

Rodrigo Albuquerque da Notícias do Front fez um resumo bem acertado do setor, confira na integra aqui.

2017 vai ser lembrado, sim, mas, mais do que isto, ele deve ser lembrado!

Perda da liquidez: sempre escutei que “a pecuária tem liquidez, rentabilidade e segurança”. Muito embora as duas últimas têm presença questionável há tempos, a liquidez, raramente se perde na pecuária. Mas este ano se perdeu, justamente após os dois principais eventos “extra cadeia” (carne fraca e delação).

Ausência de gestão de risco: combinar uma curva de preços ruim, com comprometimento de liquidez já seria desafiador o bastante, mas na ausência de gestão de risco, isto sim, faz o aspecto financeiro (e o ânimo) ficar abaixo do nível crítico;

Comprometimento do brio do pecuarista: fomos alçados para o olho do furacão da crise política, econômica e de valores do nosso País. Isto “baqueia o caboclo”. É fato;

Cuidado com as verdades populares do mercado, do tipo: ano de milho barato, é ano de muito confinamento. Ceticismo é o principal remédio no mercado. Desconfie de todo mundo. Especialmente dos que dizem saber sobre o destino do mercado. Desconfie de mim e de você!

Concluo dizendo que o ano de 2017 vai ser lembrado, sim, mas, mais do que isto, ele deve ser lembrado! Não pela sua dor em si, mas porque ele nos proporcionou (através desta mesma dor) a oportunidade do aprendizado. Este, por sua vez, deve ser convertido em atitude diferente, para que se obtenha o tão esperado resultado melhorada, ou seja, a evolução!

São poucos os anos que te fazem evoluir… 2017 foi um deles. Agradeça cada minuto dele! Ninguém pode ter a pachorra de sair de 2017 do mesmo jeito que entrou… Já que somos herdeiros de nós mesmos, que a nossa herança seja a mudança que este ano nos proporcionará e não a dor que ele nos causou!

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