Pecuária proporciona o maior golpe financeiro da história do Uruguai

Golpe do boi: investidores têm prejuízo de US$ 300 milhões em caso de fraude no Uruguai; golpe acontece em um dos setores mais tradicionais do país

Os brasileiros, infelizmente, desenvolveram uma familiaridade indesejada com golpistas e estelionatários devido à alta incidência de fraudes no país, que vão desde golpes financeiros (como investimentos pirâmides e falsos empréstimos) até crimes virtuais (phishing e falsas vendas online).

Essa exposição constante fez com que muitas pessoas aprendessem a desconfiar de propostas milagrosas e a buscar informações antes de fechar negócios, além de impulsionar campanhas de conscientização e mecanismos de proteção, como registros no Reclame Aqui ou consultas ao Procon.

No setor da pecuária não é diferente, quem não se lembra do grupo Fazendas Reunidas Boi Gordo foi fundada por Paulo Roberto de Andrade, e é considerado até hoje um dos maiores golpes financeiros do agronegócio brasileiro. O grupo foi fundado por Paulo Roberto de Andrade, e é considerado até hoje um dos maiores golpes financeiros do agronegócio, estima-se que os prejuízos deixados pela arquitetura da empresa superem a casa de R$ 6 bilhões, lesando mais de 30 mil investidores brasileiros.

Pois é, o raio caiu novamente, só que não em solo brasileiro. Nosso vizinho, emparelhado ao Rio Grande do Sul, o Uruguai, uma nação conhecida por seu amor por carne vermelha, está enfrentando um dos maiores casos de fraude a investidores de varejo da história, com empresas oferecendo aplicações financeiras em gado acusadas de enganar investidores em centenas de milhões de dólares, informou nesta quinta-feira (20/3) a agência Bloomberg.

A pecuária é um dos pilares fundamentais da economia do Uruguai, representando cerca de 30% das exportações totais do país e sustentando sua reputação como produtor de carne bovina de alta qualidade.

Com um rebanho de aproximadamente 12 milhões de cabeças em um território de apenas 3,5 milhões de hectares dedicados à pecuária, o Uruguai se destaca pela eficiência e sustentabilidade de seu sistema pastoril, baseado em pastagens naturais e certificações internacionais que garantem rastreabilidade e bem-estar animal.

A carne uruguaia, reconhecida por seu sabor e maciez, é exportada para mercados exigentes como China, União Europeia e Estados Unidos, gerando receitas superiores a US$ 2 bilhões anuais.

Por 25 anos, diz a reportagem, um punhado de empresas arrecadou quase US$ 500 milhões de clientes em troca de participações em empreendimentos com gado.

Agora, continua o texto, cerca de US$ 300 milhões pertencentes a quase 6.000 investidores estão desaparecidos depois que um trio de empresas entrou em recuperação judicial ou tentou se reestruturar em meio a um enorme déficit de ativos.

“Muitos investidores que pensavam ter comprado bovinos descobriram que possuíam poucos ou nenhum animal em seu nome”, relata a reportagem.

A Conexión Ganadera, a maior prejudicada, “provavelmente começou como um projeto viável, mas, em algum momento, começou a perder dinheiro; a liquidez se tornou seu principal problema”, disse o contador externo Ricardo Giovio em uma declaração para investidores. “Acabou se tornando um esquema de pirâmide”, afirmou ele, de acordo com a Bloomberg.

Os advogados que representam os sócios fundadores da Conexión Ganadera e das outras duas empresas – República Ganadera e Grupo Larrarte – disseram esta semana que seus clientes não comentariam as acusações de fraude neste momento, observou a reportagem.

“A maioria dos investidores são uruguaios urbanos de classe média, para quem o campo era sinônimo de prosperidade e estabilidade”, relatou o texto da Bloomberg, citando palavras de María Laura Capalbo, sócia do escritório de advocacia Bragard e presidente da ordem nacional dos advogados. “Isto é uma crise social. Há pessoas que investiram todo o seu dinheiro nessas empresas”, afirmou ela, cujo escritório representa alguns dos investidores.

A reportagem diz que os retornos em dólares, que em certos momentos superavam 10% ao ano, combinados com a imagem de respeitabilidade e competência empresarial cultivada pelos fundadores das empresas, atraíram famílias inteiras e círculos de amigos em um país onde as recomendações boca a boca ainda têm grande influência.

“O resultado é um duro golpe para um setor que administra quase 12 milhões de cabeças de gado, levando a pedidos por maior regulamentação para proteger os investidores”, relata o texto.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM