Mato Grosso é o estado de maior potência no agronegócio brasileiro e ainda mantém mais de 60% da sua cobertura vegetal intacta.
Breno Molina*
Mato Grosso é um exemplo para o mundo porque consegue ser um dos grandes produtores de alimentos e ainda manter mais de 60% da sua cobertura vegetal intacta. Com um rebanho de 30 milhões de animais, o maior do país, a pecuária estadual oferece carne de qualidade a partir de um sistema ecologicamente correto.
Ao contrário de outros países, nosso boi – em sua maioria – é criado a pasto, recebendo no máximo 120 dias de suplementação no cocho pouco antes do abate no frigorífico. Isso significa que entregamos para o mercado internacional uma ‘carne verde’ e com sabor característico do campo.
Mesmo produzindo a pasto, o Brasil é o país que mais conserva áreas verdes, sendo o produtor aquele que mais ajuda na conservação ambiental por meio das suas reservas. Também temos um Código Florestal rigoroso, que pune civil e criminalmente qualquer dano à propriedade, seja a partir de fogo, caça, pesca ou desmate ilegal.
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A fiscalização dos órgãos ambientais está muito mais rigorosa e inclui imagens de satélite em tempo real. Então, se não estivermos com nossas atividades totalmente regularizadas e o Cadastro Ambiental Rural (CAR) validado não conseguimos nem abater nossos animais.
Se por um lado o respeito ao meio ambiente é uma obrigação, por outro, há uma cobrança do mercado externo e interno por uma carne sustentável. Para fazer frente a essas demandas, o setor da pecuária de corte vem investindo significativamente na melhoria do manejo e na genética dos seus animais.
Um exemplo disso é a ampliação do Protocolo Nelore Natural (PQNN) pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), que em 2019 firmou parceria com a marca Friboi. O programa recompensa financeiramente produtores rurais que adotam a criação de animais dentro de padrões estabelecidos. No Estado, 11 plantas frigoríficas estão habilitadas a receber esses animais.
Ganha o pecuarista, que é valorizado pela produção de carne saudável, dentro de normas de sustentabilidade ambiental, bem-estar animal e social. Ganha ainda o consumidor final, que pode comprar uma fonte de proteína animal rica, saborosa, macia e certificada, com total transparência do processo produtivo.
Entre as recomendações do programa estão, por exemplo, que o rebanho tenha acesso a um ambiente amplo, arejado e sombreado, água limpa e fresca, manejo feito por profissionais capacitados e exposição ao menor estresse possível, além de uma dieta natural, a base de forrageiras.
Paralelamente, estamos participando do Circuito Nelore de Qualidade, que em uma parceria com a Nelore Mato Grosso, avaliou no mês de abril 1.087 animais, de 14 produtores estaduais. Foram verificados quesitos como precocidade e peso, que são sinônimos de maior eficiência, pois quanto mais cedo consegue abater, e com qualidade, melhor o valor apurado por cabeça ao produtor.
Outro ponto fundamental é a base genética de melhoramento da raça, que é o alicerce da evolução do rebanho. A meta da associação nacional é aumentar o número de animais avaliados de 8,8 mil para 20 mil, até o final do ano. Para isso, deve haver 26 etapas do Circuito Nelore, em 10 estados, sendo quatro delas em Mato Grosso, onde a expectativa é vistoriar 5 mil animais.
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Nosso papel, enquanto uma entidade associativa, é criar ferramentas que auxiliem o produtor a observar os seus principais pontos de melhorias. Algo que vem dando resultado, já que temos saído de uma produção média de 5 arrobas por hectare para até 80 arrobas/ha, em algumas propriedades. Tudo isso, sem a necessidade de desmatar.
Portanto, a reflexão que deixamos na Semana de Meio Ambiente é sobre a necessidade de um novo olhar para a pecuária e, principalmente, para o produtor rural, que é taxado de vilão quando na verdade vem travando uma saga heróica para vencer todos os desafios e produzir alimento ecologicamente correto e com a máxima qualidade ao mundo.
*Breno Molina é presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT).