Dentro de cada cadeia produtiva temos organizações que se encontram em diferentes patamares de adequação às questões sustentáveis.
A sociedade global colocou em pauta o tema de sustentabilidade, o que é muito vantajoso para nós e principalmente para as futuras gerações.
Entretanto, temos visto diversos PRÉ CONCEITOS sendo colocados sob algumas cadeias produtivas, sendo taxadas como vilãs por parte da mídia e da sociedade.
Neste contexto de pressão crescente, dentro de cada cadeia produtiva temos organizações que se encontram em diferentes patamares de adequação às questões sustentáveis.
Por isso, é preciso avaliar individualmente o que cada empresa ou organização está fazendo, pois alguns trabalham muito bem em prol da sustentabilidade, enquanto outros ainda não se atentaram para importância deste tema.
A pecuária de corte brasileira tem sido um destes setores pressionados e que a generalização da comunicação coloca todos os pecuaristas dentro do mesmo balaio, ou seja, de desmatamento, degradação ambiental e alta taxa de emissão de metano.
Entenda, realmente, qual é o impacto da pecuária no meio ambiente e os mitos sobre esse assunto.
Desmatamento ilegal
O Brasil tem ocupação de 30,2% do território destinado ao uso agropecuário e 66,3% do território ocupado por áreas destinadas à vegetação protegida e preservada.
Do total desta área preservada, cerca de 1/3 está dentro de propriedades rurais particulares.
A pecuária ocupa 21,2% do território brasileiro com pastagens.
Cerca de 65% destas estão em algum estágio de degradação segundo dados da Embrapa.
Os dados mostram que o desmatamento ilegal não faz o sentido para atividade pecuária, que já tem área mais que suficiente para alojar o rebanho brasileiro.
Outro dado interessante que não demonstra necessidade de novas áreas ilegais para pecuária é que o rebanho brasileiro e as pastagens têm reduzido, ou seja, não há necessidade de ampliar área para o rebanho.
Com isso, vemos que não há necessidade de desmatar áreas ilegais para a atividade pecuária.
A evolução da produtividade da pecuária de corte tem contribuído muito com o efeito poupa terra, ou seja, tivemos incremento de produtividade que poupou o uso de novas aberturas de áreas.
Emissões de metano
Os ruminantes, dentre eles os bovinos, são seres que tem a habilidade de aproveitar a celulose (fibra) e convertê-la em carne e leite, utilizados para alimentação humana, de aves, peixes, suínos, pets e outros.
O aproveitamento da celulose é um grande diferencial para cadeia global de alimentos, pois grande parte dos bovinos no Brasil são mantidos em áreas com aptidão exclusiva para pastagens, minimizando a competição de uso da terra por áreas agricultáveis, que são usadas para produção de alimentos para o homem e outros animais.
O processo de digestão da fibra se dá por fermentação, que ocorre em um dos estômagos do boi, o rúmen.
Este processo converte o alimento ingerido pelo ruminante em energia e proteína, mas resulta também na emissão de alguns subprodutos, dentre eles, o metano
Redução da emissão de metano
Não há como fazer com o que o bovino cesse as emissões. Mas tem muito trabalho já sendo feito na redução desta emissão.
A principal alavanca para reduzir a emissão está em melhorar a qualidade do alimento ingerido.
Para isso, é importante ofertar aos animais fibra de maior digestibilidade e também alimentos ricos em carboidratos não estruturais, como os grãos.
Sendo assim, o confinamento de animais já é uma prática que contribui muito para redução de emissão, pois a maior parte da dieta é composta por grãos e seus subprodutos.
Entretanto, a grande maioria dos bovinos (cerca de 95%) estão em regime de pasto, com sua dieta baseada quase que exclusivamente em forragens.
A boa notícia, é que o bom manejo das pastagens propicia um alimento de melhor qualidade quando comparado ao alimento ofertado por pastagens mal manejadas.
Existem também substâncias que são ofertadas aos animais que reduzem a proporção de microrganismos produtores de metano.
Essas substâncias podem reduzir em cerca de 30% a emissão. Dentre elas temos os taninos, óleos e ionóforos, que são administradas geralmente via suplementos minerais.
Outro fator extremamente relevante para ser avaliado quanto ao efeito de mitigação, é mensurar qual a emissão gerada por kg de carcaça produzida.
Quanto menor a idade ao abate, menor será a emissão total do bovino. Logo, ele terá uma relação de kg de CO2-e/kg de carcaça melhor.
O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) trabalha com uma emissão média de 56 kg de metano por animal.
O aumento da produtividade da pecuária brasileira vem reduzindo a idade ao abate, e contribuindo fortemente com mitigação das emissões por kg de carne produzida.
Sequestro de carbono
Como dito anteriormente, cerca de 95% dos bovinos tem o pasto como sua principal fonte de alimento.
Este acaba sendo outro grande diferencial para pecuária brasileira no quesito sustentabilidade.
Isso se deve ao fato de que o bom manejo das pastagens, além de fornecer uma dieta de melhor qualidade que promove menor emissão de metano pelos bovinos, também pode promover o aumento de matéria orgânica no solo.
Ou seja, as pastagens tem grande potencial de sequestrar carbono.
Isso ocorre pois um pasto bem manejado gera sempre um resíduo da forragem que irá cobrir o solo (similar ao que é feito no plantio direto), melhorando a biodinâmica do solo.
Tem-se maior microbiota decompositora, que irá fixar este carbono na forma de matéria orgânica do solo.
Além disso, esse melhor ambiente do solo irá propiciar o surgimento de mais plantas forrageiras por metro quadrado.
Aumentando a matéria orgânica do solo e o numero de plantas forrageiras por hectare, tem-se maior oferta de comida aos animais, que gera uma maior produtividade para a fazenda.
Dependendo do nível do sequestro de carbono pelas pastagens, consegue-se até neutralizar toda emissão dos bovinos sob a pastagem.
Já se tem tecnologia disponível para uma pecuária sustentável.
Muitas fazendas já adotam essas tecnologias e contribuem com o planeta, mas temos como desafio o crescimento do número de propriedades que realmente atuem de forma sustentável.
Esse processo envolverá disseminação de conhecimento, melhoramento genético, técnicas e softwares de gestão da produção e programas adequados de nutrição animal.
A pecuária brasileira tem um grande potencial de se tornar um forte aliado global na luta para redução dos impactos ambientais que a sociedade mundial está gerando.
Temos a maior área de pastagens do planeta com enorme potencial de sequestro de carbono.
Conjuntamente, com o incremento de produtividade nos rebanhos, teremos ainda menores índices de emissão por kg de carne produzido.
Fonte: Blog pecuária de precisão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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