Houve um tempo em que a pecuária brasileira resignou-se ao romantismo, e havia quem afirmasse – “Não vou fazer as contas, porque se fizer eu saio da atividade”.
O Brasil passa por uma fase de transição na pecuária, o romantismo das décadas passadas está sendo deixado de lado e o negócio rural começa a ser tratado com mais profissionalismo, visando a lucratividade. Existem alguns especialistas dizendo que 60% dos pecuaristas vão desaparecer em vinte anos, não é uma previsão apocalíptica, tendo em vista que o mercado seleciona os melhores em qualquer tipo de negócio empresarial.
É comum ouvir falar que a pecuária não é rentável, que ela perde para a agricultura, que o pecuarista está desatualizado, que ele vai perder área para agricultura. O fenômeno é explicado pela possibilidade de um negócio não rentável ser substituído por um lucrativo, ou seja, pequenos produtores de gado poderão abandonar a atividade por não terem lucro. A avaliação é do Consultor em gestão de projetos para a pecuária de corte e diretor da Sociedade Rural Brasileira, Francisco Vila.
“Antigamente a terra era o principal fator para produção rural. Quanto mais terra, mais animal pode colocar. Hoje mudou, os principais fatores são o capital e o conhecimento. Você faz mais com o mesmo. Se você tem 500 hectares, em vez de 500 animais, coloca mil. Para isso, você tem que aplicar um modelo de gestão diferente. É como se você fosse construir um prédio de três ou quatro andares, você precisa de tecnologia diferente da empregada na construção de uma casa, e sem sombra de dúvida, você vai precisar de orientação especializada para isso, aí que entra a consultoria”, afirma Vila.
“Estamos em uma fase de grandes mudanças, nunca houve uma distância tão grande entre os amadores e profissionais, definitivamente a situação de quem trabalha do modo antigo já não tem condição de continuar na atividade, isso está sendo sinalizado há dois anos, mas agora é definitivo”, avalia Antônio Chaker, zootecnista, mestre em Produção Animal pela Universidade Estadual de Maringá (PR) e autor do livro “Como ganhar dinheiro na pecuária. Os segredos da gestão descomplicada”.
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Chaker explica que o pecuarista deve ter dois grandes comportamentos dentro da fazenda. Aqui abrimos um parêntese para explicar os dois grupos de habilidades que o produtor deve ter, “hard skills e soft skills“. Esses dois termos em inglês têm sido usados por vários profissionais brasileiros e estão sendo incorporados no país.
Hard skills que o pecuarista deve ter
São os comportamentos técnicos como, por exemplo, dominar a quinta casa da vírgula, manejo de pastagem, estratégias da entressafra, manejo nutricional e gestão econômica da fazenda para acompanhamento dos resultados. Os hard skills são os conhecimentos técnicos e conhecimentos que vão potencializar todos esses fatores citados, gerando excelência na máxima potência. É incorporar todo esse conhecimento na utilização correta de insumos, níveis de suplementação, fertilização, IATF, dimensionamento de lote entre outros fatores do dia a dia da fazenda que vão sempre sofrer mudanças.
Soft skills desejável ao pecuarista
As soft skills são basicamente as habilidades que vão perdurar ao longo das mudanças. Características como liderança, velocidade na tomada de decisão, resiliência, criatividade, conexão entre as pessoas, capacidade de mudar, aprender e aplicar, fazer testes, sobretudo valores e comportamentos, que no final vão sustentar a manutenção dessa pessoa na atividade pecuária. “Nesse momento de tantas mudanças o pecuarista deve ser “mudarista” ou “evoluarista”, reconhecendo que a exata estratégia do ano passado pode não servir para este ano frente a tantas mudanças e desafios que estamos enfrentando no mundo” finaliza Chaker.
Nesse sentido, ferramentas de pecuária como os troncos de contenção e balanças bovinas, por exemplo, se fazem indispensáveis para que o produtor desenvolva e coloque em prática habilidades tanto do grupo hard skills quanto do soft skills.
Isso porque diante das mudanças e novas demandas do mercado agropecuário, torna-se necessário que o pecuarista compreenda que quando se investe em ferramentas de gestão e de manejo, o animal é melhor tratado e manejado – garantindo seu bem-estar e sustentabilidade econômica. O que quer dizer que o animal passa a ter uma carne de melhor qualidade, com menos lesões e a produção em maior quantidade, o que impacta significativamente na lucratividade do negócio.
Assim o uso do tronco de contenção atua como um agente de profissionalização da pecuária, possibilitando melhores resultados e redução de prejuízos por meio de um manejo eficiente, fácil e seguro. O Megatron, tronco hidráulico da Coimma, por exemplo, é um equipamento que ilustra com perfeição a importância dessa ferramenta, seus detalhes fazem toda a diferença na hora do manejo. Garantindo proteção à carcaça, gerando menos estresse e resultando em rentabilidade para o produtor e eficiência para o operador.
Já as balanças de pesagem de bovinos facilitam a gestão do rebanho e garantem ao pecuarista o acesso a dados exatos de peso, a fim de garantir a lucratividade real da propriedade. Esse é o caso por exemplo, da BalPass, sistema de pesagem inteligente, que possibilita acompanhar a evolução de peso de um rebanho em tempo real, por meio de um smartphone ou computador.
O rebanho é pesado automaticamente e o sistema envia as informações para a nuvem, permitindo que o dono tenha acesso em qualquer lugar e facilitando as tomadas de decisões, sem que o animal passe pelo estresse de ser levado até o curral.
Assim, é possível ter o controle rigoroso da performance e da saúde do gado, da operação, da fazenda e ainda eliminar desperdícios de recursos naturais e comida dos animais.
Todas informações e ferramentas dessa nova forma de conduzir a pecuária precisam estar ajustadas a sua região e forma de trabalho, por isso é muito importante estudar bastante como irá proceder nesta nova etapa. Parafraseando o Chaker “Precisamos intensificar o uso de conhecimento antes de intensificar o uso de insumos“.