Pé de couve gigante assusta família no interior de Minas Gerais; Planta cultivada há pouco mais de um ano atingiu mais de 3 metros de altura.
Quem passa ao lado da casa de Maria Odet Milagre, 67 anos, na pequena cidade de Piraúba, em Minas Gerais, fica surpreso com o tamanho do pé de couve plantado no quintal próximo à rua. A muda, plantada pela própria Maria Odet há cerca de 14 meses, cresceu tanto que chega a atingir 3,15m de altura e chama atenção tanto da família quanto dos vizinhos ao redor.
O sobrinho de dona Maria, Jocimar Caiafa Milagre, de 29 anos, recorda que os pés de couve plantados naquele local são grandes desde a infância, mas surpreendeu-se quando viu o tamanho que este, em específico, atingiu. “Dessa vez, realmente cresceu muito. Das outras vezes, crescia até 2,5 e 3 metros de altura, bem maior do que eu’’, diz. Atuando como engenheiro florestal no Espírito Santo, Jocimar conta que só tinha visto um pé de couve grande pela televisão, mas que mesmo assim era muito menor do que a tia costumava ter no quintal.
De acordo com Maria Odet e seu sobrinho, nenhuma técnica extraordinária foi utilizada na hora de plantar, mas a senhora acaba tendo alguns cuidados extras: plantada desde pequenininha, ela coloca bambus ao seu lado conforme o crescimento, amarrando para que não caia nem quebre.
Jocimar aposta que a insistência da tia no crescimento da planta deve ser um dos motivos do desenvolvimento deste pé de couve gigante. Amante de hortas caseiras, Maria Odet colhe a as folhas para consumo próprio e acaba dando para vizinhos e amigos. Ela usa um bambu enorme para conseguir alcançar as folhas da planta.
Causa suspeita
Raphael Augusto de Castro e Melo, pesquisador de fitotecnia e olericultura da Embrapa Hortaliças de Brasília, DF, aponta que o ambiente favorável e o isolamento em relação a outras plantas e indivíduos são alguns condicionantes para que o pé atinja tal tamanho.
O pesquisador explica que o fenômeno não é anormal, e, geralmente, ocorre em áreas de fundo de quintal, de produção em pequeno espaço na área urbana ou em cidades de menor porte que não são próximas a produção de hortaliças. “O fato de não estar próximo a uma área de produção comercial não isenta, mas diminui a quantidade de pragas e doenças que podem vir a incidir sobre o cultivo de couve’’, relata.
Maria Odet, a dona do pé de couve, alega que o solo em seu quintal é preparado com uso de esterco bovino e adubo inorgânico, o que, de acordo com Raphael, acaba deixando-o bastante rico e fértil. “E a condição da planta estar isolada, em que ela não tem competição por água e nutrientes com outras plantas, permite com que ela tenha esse desenvolvimento e que cresça bastante como mostrado nas fotos’’, elucida o pesquisador.
Genética: fator complementar
Além do ambiente e da não competição com outras plantas em um mesmo espaço, Raphael conta que a genética é outro fator complementar no crescimento exacerbado do pé. Entre as diferentes variedades botânicas da espécie Brassica oleracea – que abrange repolho, couve, couve-flor e brócolis, por exemplo -, há um tipo denominado Brassica oleracea longata, que apresenta caule comprido.
Com auxílio da História, Raphael ensina que esse tipo da espécie foi selecionado na ilha de Jersey, situada no canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, e era utilizada principalmente como alimentação animal. Historicamente, a planta foi perdendo esse uso, mas acabou rodando o mundo e foi parar em Portugal. “Provavelmente, com a migração dos portugueses para o Brasil, eles trouxeram esse tipo e parte dele é o que a gente consome hoje como couve de folha”, aponta o pesquisador da Embrapa.
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Tempo
Mas e o rápido crescimento do pé de couve de Maria Odet, de apenas 14 meses? O pesquisador Raphael, da Embrapa Hortaliças, lembra que é complicado estabelecer parâmetros de tempo de crescimento para a planta, já que é uma situação distinta das informações para as couves que formam maços e são comercializadas.
“Essas couves para consumo próprio, de produção de quintal, têm um ciclo perene, então a duração vai durar conforme o ambiente, a quantidade de luz recebida e a fertilidade do solo”, diz. O número de colheitas também é levado em consideração: o pesquisador explica que, à medida que vai sendo retirada, a tendência é que as folhas e a planta se estiquem, alongando o caule.
A maioria dos casos que se tem relato do pé de couve gigante vem de fora do Brasil, em regiões com climas diferentes do nosso e com pouca disponibilidade de luz. ”Aqui, uma planta com um ano pode chegar aos três metros ou mais, mas tem de haver uma condição bem favorável”, sugere Raphael.
Fonte: Globo Rural