Pastejo rotacionado com gado de corte durante a seca: Será que compensa? Essa prática desafiadora é avaliada neste artigo, analisando se os benefícios potenciais superam os desafios enfrentados; confira agora a análise
A gestão eficiente da pecuária é essencial para a sustentabilidade e rentabilidade das fazendas de gado de corte, especialmente em regiões onde a seca é um desafio recorrente. Nesse contexto, o pastejo rotacionado emerge como uma prática que pode oferecer uma série de benefícios, mas será que é realmente vantajoso durante períodos de estiagem? Vamos explorar essa questão mais detalhadamente.
O pastejo rotacionado é uma técnica de manejo de pastagens que envolve a divisão do pasto em piquetes menores, permitindo que o gado seja movido regularmente entre esses piquetes. O objetivo principal é controlar o tempo de ocupação e descanso do pasto, promovendo uma regeneração mais eficiente da vegetação e maximizando a produção de forragem.
Durante períodos de seca, os desafios enfrentados pelos pecuaristas são significativos. A escassez de água e forragem pode levar à redução na qualidade e quantidade dos alimentos disponíveis para o gado, resultando em perda de peso, queda na produtividade e até mesmo mortalidade em casos extremos. Além disso, a degradação das pastagens devido à falta de chuva e ao pisoteio constante do gado agrava ainda mais a situação.
Benefícios potenciais do pastejo rotacionado durante a seca
O pastejo rotacionado com gado de corte durante a seca oferece uma abordagem promissora para enfrentar os desafios da escassez de água e forragem na pecuária. Veja os principais benefícios:
Melhoria na utilização dos recursos hídricos: Com o pastejo rotacionado, é possível direcionar o gado para áreas específicas da propriedade onde a água está mais acessível, otimizando o uso desse recurso essencial durante a seca.
Manutenção da qualidade da pastagem: Ao permitir períodos de descanso para as áreas de pastagem, o pastejo rotacionado ajuda a preservar a vegetação e a garantir que haja forragem de melhor qualidade disponível para o gado, mesmo em condições de seca.
Controle da erosão do solo: A distribuição controlada do gado reduz o pisoteio excessivo e a compactação do solo, ajudando a prevenir a erosão em períodos de seca, quando o solo está mais suscetível à degradação.
Manejo da carga animal: Com o pastejo rotacionado, os pecuaristas têm mais controle sobre a quantidade de gado em cada área de pastagem, permitindo ajustes conforme as condições de seca se intensificam.
Como implementar o pastejo rotacionado
A implementação do pastejo rotacionado envolve várias etapas importantes para garantir sua eficácia. Aqui estão algumas diretrizes para sua implementação:
Avaliação da propriedade: Avalie a topografia, o tipo de solo, a disponibilidade de água e a qualidade da vegetação existente em sua propriedade. Isso ajudará a determinar a melhor abordagem para a implementação do pastejo rotacionado.
Planejamento dos piquetes: Divida a área de pastagem em piquetes menores, levando em consideração fatores como a capacidade de carga do pasto, a taxa de crescimento da vegetação e a necessidade de descanso para regeneração.
Instalação de infraestrutura: Construa cercas adequadas para delimitar os piquetes e facilitar o movimento do gado entre eles. Certifique-se de que haja acesso adequado à água em cada piquete.
Rotina de manejo: Estabeleça um plano de rotação para o movimento do gado entre os piquetes, levando em consideração o tamanho do rebanho, a capacidade de cada piquete e as condições climáticas.
Monitoramento e ajustes: Monitore regularmente a condição das pastagens, a qualidade da forragem e o peso do gado. Faça ajustes no plano de rotação conforme necessário para garantir uma distribuição equilibrada do pasto e evitar a degradação excessiva.
Manejo integrado: Considere práticas complementares, como adubação, controle de pragas e manejo do solo, para maximizar os benefícios do pastejo rotacionado e melhorar a saúde geral da propriedade.
Avaliação contínua: Avalie regularmente os resultados do pastejo rotacionado em termos de produtividade, saúde do rebanho e condição das pastagens. Faça ajustes conforme necessário para otimizar o desempenho do sistema ao longo do tempo.
Qual é o número ideal de animais nos piquetes de confinamento?
Para determinar o número ideal de animais nos piquetes de confinamento, é crucial considerar dois fatores principais: o sexo dos animais e sua idade. Quando se trata de machos, devido à hierarquia social, é recomendado trabalhar com lotes menores, geralmente entre 160 e 180 cabeças por piquete. Isso ajuda a evitar conflitos e competições excessivas por recursos. No entanto, para fêmeas, que tendem a ser menos dominantes, é possível trabalhar com lotes maiores, variando de 200 a 230 animais, sem comprometer o consumo ou desempenho do lote.
Além disso, a idade dos animais também desempenha um papel importante. Animais mais velhos tendem a formar grupos mais definidos dentro do lote, o que pode aumentar a competição por recursos. Portanto, para animais mais velhos, é recomendado trabalhar com lotes menores, mantendo o número máximo de cerca de 180 cabeças por piquete. Por outro lado, animais mais jovens, que ainda não estabeleceram completamente sua hierarquia social, podem ser manejados em lotes um pouco maiores, especialmente durante a recria ou desmama, sem comprometer o bem-estar ou o desempenho do grupo.
Desafios que podem surgir
O pastejo rotacionado com gado de corte durante a seca pode apresentar alguns desafios específicos que os pecuaristas precisariam enfrentar:
Escassez de forragem: Durante a seca, a disponibilidade de forragem pode ser severamente reduzida, o que torna desafiador garantir uma quantidade adequada de alimento para o gado em cada piquete rotacionado. Isso exige um planejamento cuidadoso para garantir que haja forragem suficiente para suprir as necessidades do rebanho.
Gerenciamento da água: A escassez de água durante a seca pode limitar o acesso dos animais a fontes de água adequadas nos diferentes piquetes. É crucial garantir que haja acesso constante a água limpa e suficiente para hidratação adequada do gado em cada área de pastejo.
Manutenção da qualidade da pastagem: As pastagens podem sofrer estresse adicional durante a seca, o que pode levar à diminuição da qualidade da forragem e à degradação do solo. O manejo adequado, incluindo o tempo de descanso das áreas de pastagem e a implementação de práticas de conservação do solo, é essencial para minimizar esses efeitos negativos.
Monitoramento da nutrição animal: Durante a seca, é importante monitorar de perto a condição corporal do gado e ajustar a suplementação alimentar conforme necessário para garantir que suas necessidades nutricionais sejam atendidas. Isso pode incluir a oferta de suplementos minerais e energéticos para compensar a baixa qualidade da forragem disponível.
Gestão da carga animal: Em períodos de seca, a capacidade de suporte das pastagens pode ser significativamente reduzida, o que requer uma redução na carga animal ou uma rotação mais rápida entre os piquetes para evitar a sobrepastagem e a degradação das pastagens.
Mas e aí, vale a pena?
Apesar dos desafios enfrentados, o pastejo rotacionado com gado de corte durante a seca pode ser uma estratégia valiosa para os pecuaristas. Ao distribuir o gado de forma controlada entre os piquetes, essa prática permite uma melhor utilização dos recursos disponíveis, como água e forragem, mesmo em condições de escassez. Além disso, a técnica ajuda a preservar a qualidade da pastagem, promovendo uma regeneração mais eficiente da vegetação e reduzindo a degradação do solo, o que contribui para a sustentabilidade a longo prazo do sistema de produção de gado de corte.
Embora seja necessário um planejamento cuidadoso e monitoramento constante, os benefícios potenciais em termos de gestão eficiente da carga animal, resiliência do sistema e sustentabilidade da fazenda tornam o pastejo rotacionado uma estratégia que vale a pena considerar. Ao adotar práticas de manejo adaptativas e diversificar as áreas de pastagem, os pecuaristas podem aumentar a resiliência de suas fazendas à variabilidade climática, tornando o sistema mais robusto e capaz de enfrentar os desafios da seca de forma mais eficaz.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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