O sistema de ILP tem sido uma alternativa para o aumento na eficiência de produção, na recuperação de solos, bem como uma nova fonte de renda.
Você sabia que dá para aumentar a lotação animal do pasto, reduzir a incerteza do seu negócio e ainda produzir grãos, na sua fazenda? O sistema de ILP tem sido uma verdadeira revolução para as fazendas pecuárias. Muita gente já está saindo na frente e aumentando sua produtividade com o ILP.
Cada vez mais em alta nas propriedades rurais, a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) vem trazendo mais lucro para produtores em diversas regiões do Brasil. Com o foco na terra alternada – entre lavoura e a pecuária -, os produtores conseguem, junto ao devido acompanhamento zootécnico, melhorar o rendimento das suas propriedades otimizando o uso da terra.
Se você não quer ficar de fora desta, confira aqui as vantagens e os primeiros passos para implementar um sistema de integração lavoura pecuária.
De acordo com Julio Cesar Salton, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, os benefícios da utilização dessa boa prática agrícola são integrados. Na soja, por exemplo, “a pastagem favorece a lavoura pelo funcionamento do sistema radicular que melhora a estrutura do solo, fornecendo ótima quantidade de palha para realizar o plantio direto. A pastagem, por sua vez, é beneficiada pelo fornecimento de nutrientes residuais da adubação e do nitrogênio fixado pela soja”, esclarece.
O que é um sistema ILP?
O sistema de Integração Lavoura Pecuária tem revolucionado a forma com que muitos gestores de fazendas pecuárias enxergam e tratam a área de terra das fazendas.
O ILP é uma alternativa para aumento na eficiência de produção e ainda ajuda na recuperação de solos com diferentes níveis de degradação. Além de lucrativa, a técnica ainda promove a sustentabilidade tanto ambiental, quanto do próprio negócio.
Primeiramente porque reduz a emissão de poluentes hídricos e aéreos, além de recuperar o solo. Sobre a sustentabilidade do negócio, seu impacto começa com a redução do risco inerente ao seu próprio sistema produtivo.
Você sabia?
Em 2.005, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento adotou o estudo apoiado pela ONG WWF sobre a ILP. Essa iniciativa já levou a técnica para diversas regiões do país, como Mato Grosso do Sul e Bahia.
A Integração Lavoura Pecuária é uma estratégia de produção que permite o cultivo de forrageiras e grãos, simultaneamente, na mesma área de terra.
Ela pode ser utilizada em praticamente todos os perfis de propriedade rural, com exceção daquelas que possuem condições de clima, solo ou relevo com características restritivas.
A pastagem, nesta técnica, pode compartilhar espaço com grãos como milho, sogro, arroz e soja.
Muito embora existam alguns protocolos previstos, a seleção do grão e de alguns detalhes de cultivo devem ser analisados e planejados por especialistas, considerando as características e objetivos individuais da fazenda.
“ O sistema é semelhante ao de rotação de culturas. No verão, planta-se milho ou soja. Pelo sistema de integração lavoura-pecuária, o produtor concilia a pecuária bovina e a produção de grãos na mesma área de terra. No inverno, boi e vacas alimentam-se de forrageiras e pastagens. A rotação de culturas é feita por técnicas de plantio direto, que reduzem o risco dos sistemas tradicionais de produção nas propriedades.” (Fonte: WWF, disponível em link, acesso em 20/01, às 15:36)
Vantagens do sistema ILP
Dentre as muitas vantagens de utilizar a Integração Lavoura-Pecuária, algumas são:
- Diversificação de atividades dentro da propriedade
- Melhor equilíbrio de fluxo de caixa
- Redução do custo de reforma de pastagens
- Formação de palhada de qualidade para plantio direto
- Quebra do ciclo de pragas da lavoura
- Redução de plantas invasoras
- Otimização do uso do maquinário
- Obtenção de duas safras por ano
Dentro da ótica convencional, toda a extensão de terras das fazendas é destinada, exclusivamente, ao cultivo ininterrupto de forrageiras para consumo animal.
Entretanto, a manutenção deste padrão ao longo do tempo pode causar sérios danos à qualidade do solo.
Um solo degradado produz um pasto com menor valor nutricional, menor capacidade de lotação animal e, até mesmo, menor resistência a pragas e possíveis plantas invasoras.
“No dia em que os gerentes pecuários tratarem sua pastagem como uma lavoura, descobrirão o que é produtividade.“
A implementação do ILP possibilita à gestão da fazenda realizar o cultivo de pastagem e de produção de grãos ao mesmo tempo na mesma extensão de terra. Frisando que a inclusão de uma nova cultura não traz impactos negativos no funcionamento da primeira.
O plantio compartilhado favorece a qualidade do solo, ajuda na manutenção e qualidade da pastagem, além de representar uma nova fonte de renda para a fazenda. Com isto, o nível de insegurança e fragilidade do negócio reduz drasticamente.
Um pasto de qualidade superior traz ganho de produtividade e qualidade para toda a operação. Desde a produção de carnes com mais qualidade, até no aumento da capacidade de lotação do pasto.
Os retornos financeiros se tornam consequência de uma gestão eficiente. Todos os insumos e infraestrutura estão sendo utilizados de forma mais eficiente.
O aumento na capacidade produtiva da fazenda com o uso da ILP é previsto como consequência à boa utilização dos recursos. E esse novo resultado precisa ser acompanhado e controlado pela gestão. Principalmente em seu primeiro ciclo, onde as variáveis precisam ser ajustadas da forma mais rápida possível.
Como implementar o sistema de integração lavoura pecuária?
1- REQUISITOS
Os dois pontos a serem analisados antes de começar o seu próprio sistema ILP são: ferramentas e mão de obra disponível. Para fazendas originalmente pecuárias, é necessário garantir equipe e possivelmente investir em maquinários agrícolas.
Já para as fazendas agrícolas, o investimento é um pouco mais alto. Neste caso a necessidade é o desenvolvimento de toda a estrutura pecuária para a fazenda. Por isso, sugerimos que o primeiro passo pode ser organizar os cercados e os futuros pastos, além dos embarcadouros e troncos.
2- Em qual safra consorciar?
O ideal é que o consórcio aconteça na primeira safra, pois assim conseguimos um pasto com maior teor de matéria seca e de formação acelerada. Isso acontece porque neste caso ele crescerá com muita luz e calor, além de sofrer pouco estresse hídrico.
A segunda safra também pode ser utilizada como ponto de virada, mas pesquisas indicam que a geração de forragem pode ser um pouco menor, se comparada com a da primeira safra.
Ainda assim, essa é uma alternativa interessante, já que a produção já alcançou uma segunda leva de produção, podendo otimizar lucros e oferta de pasto efetiva.
Importante!
Antes de iniciar a técnica ILP, garanta que o restante da propriedade tem capacidade de suprir a demanda de pasto do seu rebanho, por todo o tempo de crescimento da safra de virada.
3- Quando semear a forrageira?
A semeadura das forrageiras pode acontecer junto da semeadura dos grãos ou um período após.
Para garantir sucesso no processo de plantio simultâneo, o indicado é utilizar culturas que possuam velocidade de crescimento. Assim rapidamente começarão a prover sombra e a limitar o crescimento da forragem. O limite de crescimento da forragem deve ser observado para evitar que exista competição entre as culturas.
Para reduzir a competição por risco climático ou para compensar o crescimento mais lento da cultura (Soja e Sorgo forrageiro, por exemplo), é indicado que a semeadura da forrageira aconteça um período depois.
4- Como semear a forrageira
As forrageiras podem ser semeadas tanto a lanço quanto em linha. A forma mais utilizada é a semeadura a lanço, com inclusão de distribuição anterior ao trator.
Uma dica importante é aumentar a quantidade de sementes, entre 20 e 30% de incremento, para garantir a mesma eficácia na semeadura a lanço.
A semeadura em linha pode ser realizada colocando o capim junto do adubo de plantio. Para esta opção é importante utilizar exclusivamente adubagem fosfatada para controlar a competição entre cultura.
5- Dica extra
Se você chegou até aqui, imagino que você realmente se interesse pelo sistema de Integração Lavoura Pecuária. Sabemos o quão difícil é se manter atualizado sobre as novas técnicas de gestão pecuária e, mais que isso, manter a propriedade inovando constantemente e em franca expansão.
Sabemos ainda que existem valores de investimento consideráveis envolvidos no processo de implementação da ILP. Por isso, nossa maior dica é:
Testar e acompanhar os resultados, comprovando o lucro gerado pela inovação!
Ou seja, antes de gastar rios de dinheiro implementando um novo sistema, aumentando assim o seu risco e insegurança. Sugerimos que seu investimento seja progressivo.
Seccione sua área útil, mantendo a maior parte em funcionamento padrão. Na menor parte, coloque para girar o novo sistema.
O pulo do gado está em controlar e comprovar os resultados alcançados. Depois de testar em uma área menor a eficácia da técnica, bem como suas variáveis de sucesso, seu investimento posterior rende mais, com risco muito reduzido.
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Com o rastreio individualizado de animais, visualização por satélite da propriedade, aplicativo para coleta de informações e ainda controle financeiro, certamente seu processo ficará mais prático, produtivo e sobretudo seguro. Todo processo de inovação e mudança traz consigo riscos. Mas você só fica à mercê de todos eles se quiser.
Além de beneficiar os produtores em relação ao aumento de renda, lucro e produtividade, o sistema Integração Lavoura-Pecuária também é eficiente para a recuperação de áreas degradadas!