Parlamentares e setor agropecuário sulamericano se unem contra a lei antidesmatamento 

“Colocam como barreira ecológica, mas é econômica”, diz senador argentino; presidente do Instituto Pensar Agro afirma que UE precisa de mais “humildade”.

Parlamentares e representantes do setor agropecuário do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile se reuniram nesta terça-feira, 15, na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em Brasília (DF), para a 1º Cúpula Sul-Americana AgroGlobal. Um dos pontos em comum entre os países é a crítica à lei europeia antidesmatamento. 

“A União Europeia vai ter que ter um pouco mais de humildade para sentar e entender que o Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai não são colônias. Estamos em pleno desenvolvimento e ajudando a dar segurança alimentar para o mundo”, afirmou Nilson Leitão, presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), entidade que organizou o evento. 

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O presidente da Comisón de Agricultura y Ganadería del Senado de Argentina, senador Alfredo de Angeli, vê a lei antidesmatamento como uma forma de barreira econômica. “Os países do Mercosul são os que menos contaminam no mundo. Mas creio que eles têm umas exigências que são também econômicas. Colocam como uma barreira ecológica, mas penso que é também uma barreira econômica”, afirmou ao Agro Estadão. 

Durante os discursos, o ex-ministro de Agricultura y Ganadería de Paraguay, Santiago Bertoni, resumiu o clima atual como duvidoso. “Incertezas definem os tempos que estamos vivendo agora”. Ele ainda afirmou que “regiões que não só não conhecem nossa região mas também as nossas legislações” tentam colocar imposições. 

Nessa discussão, o ex-ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Roberto Rodrigues, fez uma leitura mais ampla dos acontecimentos internacionais. “O que há hoje é uma erosão do multilateralismo. […] Cada um faz o que quer, não há uma liderança e tem um risco para a democracia”, pontuou Rodrigues em um dos painéis.

Cúpula entrega carta de intenções 

Segundo o presidente do IPA, a ideia é elaborar uma carta com intenções com os entendimentos dos setores produtivos dos países participantes da Cúpula. “A intenção principal é a unificação de uma pauta para discutir a agropecuária da América do Sul com o mundo”, indicou Leitão.

Ele também explicou como está sendo a construção da carta. “Nesse sentido de organizar as demandas de cada país, priorizar aquelas demandas únicas, essa carta de intenções será entregue para os parlamentos de cada país e para que eles se juntem numa governança única da América do Sul, entre os parlamentos. Não é uma concorrência com o Parlasul (Parlamento do Mercosul) e nem com o Mercosul, mas é uma organização a partir da agropecuária da América do Sul”, disse o presidente do IPA. 

Inicialmente, o documento não tem a finalidade de oferecer propostas para os países, mas manifestar os pedidos do setor Agro das nações. No entanto, durante a Cúpula, algumas propostas de ações foram ventiladas. Uma delas é a formação de uma espécie de Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para a área de proteínas.

“Estamos tentando fortalecer o Mercosul não em termos políticos, mas sim em termos produtivos. Nesses termos, nós poderíamos ser o supermercado do mundo e poderíamos ser também a Organização de Países Produtores de Proteína”, comentou o senador da Argentina, Alfredo de Angeli.

Fonte: Agro Estadão

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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