Mesmo com chuva abaixo do normal, precipitações caíram no momento certo e, somado ao investimento em tecnologias no campo; estiagem castigou o estado
Nunca se produziu tanta soja no Paraná como na safra 2019/20. Com a colheita praticamente terminada já é possível afirmar que os agricultores paranaenses vão conseguir a façanha de colocar 20,7 milhões de toneladas da oleaginosa no mercado, segundo estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). Até então, a marca recorde tinha sido alcançada no ano safra 2016/17, com 19,9 milhões de toneladas.
O chefe do Deral, Salitiel Turra, salienta que o bom resultado nos 5,4 milhões de hectares dedicados à soja nesta temporada se deve principalmente pelo investimento em tecnologias, por parte do produtor rural, e também a um pouco de sorte. “Estamos passando por um período de chuvas abaixo da média. Mas no decorrer do desenvolvimento da cultura fomos agraciados de ter chuva no momento correto, nas fases de floração e frutificação. E claro, os produtores rurais, cada vez, estão tecnificados, investindo em insumos, sementes mais apropriadas, adubação melhor”, avalia.
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Outro aspecto que chama a atenção é o preço. Conforme levantamento do Deral, a saca estava custando em torno de R$ 66 nessa mesma época de 2019. Nesse ano, está beirando os R$ 90, alta de quase 30%. “Um dos fatores que mais contribuem para esses preços atrativos no Brasil é a cotação do dólar, em patamar acima dos R$ 5 desde meados de março. Com isso, mesmo com os preços em Chicago estando em patamares mais baixos, o câmbio acaba compensando e proporcionando valores atrativos aos produtores rurais”, reflete Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da FAEP.
Soja 2ª safra
Uma mudança nas regras do prazo máximo de plantio da soja (Portaria 342/2019) permite que produtores semeiem as lavouras depois do dia 31 de dezembro. A soja que é plantada após essa data é contabilizada, pelo Deral, como “soja segunda safra”.
Turra enfatiza, porém, que não houve qualquer mudança sobre o vazio sanitário. É preciso seguir a regra de ter apenas uma safra de soja e extinguir qualquer planta por um determinado período para reduzir a incidência da ferrugem asiática. “A segunda safra de soja está próxima a 100 mil toneladas numa área de 39 mil hectares”, revela Turra.
Outras culturas
No total, o Paraná deve colher 41,6 milhões de toneladas de grãos na safra 2019/20. O volume é 16% maior em relação à anterior, quando houve quebra significativa por conta de condições climáticas desfavoráveis.
No milho verão, a colheita está praticamente encerrada, com incremento de 100 mil toneladas sobre a estimativa inicial, impulsionado pela produção acima do esperado em núcleos regionais como Ponta Grossa, Curitiba e Guarapuava. A produção está estimada em 3,5 milhões de toneladas em uma área de aproximadamente 353 mil hectares.
O milho segunda safra, por sua vez, principal safra do cereal no Estado, deve sofrer com a falta de chuvas, na previsão do Deral. A produção está estimada em 12,2 milhões de toneladas em 2,3 milhões de hectares. Apesar do incremento de área, Paraná registrou perda de 5% na estimativa de produção – em torno de 600 mil toneladas, principalmente nos núcleos regionais de Cascavel e Toledo.
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O feijão primeira safra teve uma boa produção, com cerca de 323,3 mil toneladas em 152,3 mil hectares. O que preocupa nessa cultura é a segunda safra. A colheita iniciou entre o final de março e início de abril. Neste período, os produtores colheram 14% do total cultivado. Devido à estiagem, as estimativas iniciais mostram perdas de 24% na produção, o que representa 104 mil toneladas de feijão a menos disponíveis no mercado. Espera-se agora uma produção de 334 mil toneladas, uma redução de 7% em relação à safra 18/19, e a área estimada é de 222 mil hectares, 11% menor.