A crise leiteira atravessada desde 2017, faz pararmos para pensar sobre como produzir leite no Brasil com sustentabilidade e ser viável financeiramente.
Uma reflexão para os pecuaristas e para o consumidor final, em especial para a sociedade brasileira. O leite, produto originado da glândula mamária das vacas, é uma matéria prima pronta para consumo ou ingrediente para inúmeras receitas.
Entretanto, dizer isso é para muitos dizer o que já é conhecido. Certo? Errado. Para poucos isso é conhecido. Ainda é grande o número de pessoas que pensam que o leite da na “caixinha”. Pasmem, mas é absurdo a quantia de consumidores habituados a pegar a caixinha de leite, leite em pó ou queijo mussarela nas prateleiras dos mercados e, nem ao menos, sabem da procedência do produto.
Então gostaria de colocar um texto, do famoso Mário Sérgio Cortella, para explicar de uma vez por todas que apesar do leite não dar na “caixinha”, a vaca também “não da” leite:
“Cortella, costumava dizer aos filhos quando crianças:
– Quando completarem 12 anos contarei o segredo da vida a vocês.
Quando o mais velho completou 12 anos, acordou o pai todo ansioso para saber o segredo da vida. O pai disse, contarei, mas, você não poderá revelar aos seus irmãos.
Eis o segredo:
– Vaca não dá leite.
-Hã?
– Vaca não dá leite. Você tem de tirar. Você precisa acordar 4h da manhã, ir ao pasto, entrar no curral cheio de fezes, amarrar rabo e pernas da vaca, sentar no banquinho e fazer o movimento certo!
Esse é o segredo da vida. Vaca, búfala,cabra, não dão leite. Ou você tira ou não tem leite.
Existe uma geração que acha que vaca dá leite, ela acha que as coisas são automáticas. Eu quero, eu peço, eu ganho.
A felicidade resulta do esforço. A ausência de esforço gera frustração.”
Diante disso, é de se esperar que a geração do “tudo posso”, iria sim achar que o alimento colocado à mesa, depende exclusivamente da industria, sem saber da importância do setor agropecuário.
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Se for um pouco mais além, mas nem tanto, veremos uma geração que sobrevive do modismo: “intolerância a lactose”, “leite faz mal a saúde”, “carne é prejudicial”, “as coisas do campo só tem agrotóxico”. Enfim, uma sociedade que acredita que o fast-food é mais benéfico que um copo de leite.
Diante disso, companheiros do agronegócio, é hora do campo mostrar para a “cidade” que é o nosso sacrifício da labuta diária que permite a eles usufruir dos alimentos de qualidade colocados a mesa, restaurantes e supermercados.
Quem é Mário Sérgio Cortella
Mario Sergio Cortella (1954) é um filósofo, escritor e professor paranaense. É graduado em Filosofia pela Faculdade Nossa Senhora de Medianeira, mestre e doutor em Educação pela PUC-SP. É o criador da série de livros “O Que a Vida Me Ensinou”. Ex-monge, a espiritualidade está sempre presente em sua ora.